“E não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos do Espírito” (Ef 5.18).
Paulo, o apóstolo da gentilidade, ensina no versículo em epígrafe,
uma verdade magna do Cristianismo, a plenitude do Espírito Santo. Há no
texto bíblico duas ordens: uma negativa, outra positiva. A negativa é:
“não vos embriagueis com vinho”; a positiva é: “enchei-vos do Espírito”.
Entre as duas ordens há uma adversativa: “mas…”. Logo, em vez de
embriagar-se com vinho, o cristão deve ser cheio do Espírito. A
sobriedade não é necessariamente plenitude do Espírito. Além de ser
sóbrio, o cristão precisa, também, ser cheio do Espírito. Se a
embriaguez desemboca numa vida desregrada, a plenitude do Espírito
conduz à comunhão, adoração, gratidão e serviço (Ef 5.19-21).
Doravante, deter-nos-emos apenas na segunda ordem do texto: “enchei-vos do Espírito”. Essa ordem ensina-nos quatro verdades:
Em primeiro lugar, o verbo está no imperativo. A ordem é clara:
“Enchei-vos”. Isso significa que não ser cheio do Espírito é um pecado
de desobediência à uma ordem expressa de Deus, assim como o é a
embriaguez. Um cristão sem a plenitude do Espírito deveria ser um
escândalo para nós, assim como é um escândalo um cristão embriagado. A
plenitude do Espírito não é uma opção, mas um mandamento; não é uma
sugestão, é uma ordem categórica. A expressa vontade de Deus para sua
igreja é a plenitude do Espírito Santo. Você está cheio do Espírito?
Em segundo lugar, o verbo está no plural. A ordem divina é
insofismável: “Enchei-vos…”. Isso significa que a plenitude do Espírito
não é apenas uma ordenança para um grupo seleto na igreja, mas para
todos os membros da igreja. A plenitude do Espírito não deve ser uma
exceção, mas a regra. Não deve ser apenas uma experiência sobrenatural,
mas também a dinâmica natural da igreja. A plenitude do Espírito não
apenas está à disposição de todos os salvos, mas é, também, uma
ordenança a todos eles, sem exceção e sem acepção.
Em terceiro lugar, o verbo está no presente contínuo. Na língua
grega o verbo “enchei-vos”, está no presente contínuo. Isso significa
que a plenitude do Espírito não é uma experiência que acontece uma única
vez na vida e nunca mais se repete, mas uma ordem que deve ser
obedecida continuamente. Quando Jesus ordenou aos serventes, nas bodas
de Caná: “enchei d’água as talhas” tratava-se de uma ordem dada só a
eles, para nunca mais ser repetida por eles; porém, quando a palavra de
Deus nos ordena: “enchei-vos do Espírito” está nos orientando que a
plenitude de ontem não serve para hoje. Todo dia é tempo oportuno e
necessário para sermos cheios do Espírito.
Em quarto lugar, o verbo está na voz passiva. Isso significa que
nenhum cristão pode produzir essa plenitude para si mesmo ou
transferi-la para outrem. Muito embora a plenitude do Espírito seja uma
ordem divina, somente o próprio Deus pode nos encher do seu Espírito.
Para sermos cheios do Espírito é preciso primeiro esvaziar-nos do pecado
que tenazmente nos assedia. Não dá para ser cheio de vinho e do
Espírito ao mesmo tempo. Não dá para abrigarmos no coração avareza,
mágoa, impureza, lascívia e porfia e sermos cheios do Espírito. Somente
vasos vazios podem ser cheios e enquanto nosso coração for como vasilhas
vazias, o Espírito jamais deixará de jorrar para nos encher até à
plenitude.
Você está cheio do Espírito? Essa não é apenas uma ordem divina, mas
também a nossa maior necessidade. Sem a plenitude do Espírito Santo nós
caminharemos trôpegos, em vez de fazermos uma jornada segura. Sem a
plenitude do Espírito nós faremos muito esforço, mas teremos resultados
pífios. Sem a plenitude do Espírito nós viveremos agarrados às coisas da
terra, mas não nos deleitaremos nas glórias do céu. Sem a plenitude do
Espírito nós perderemos a alegria da comunhão, da adoração, da gratidão e
do serviço, mas viveremos em aberto conflito uns com os outros. Você
está cheio do Espírito Santo?
Rev. Hernandes Dias Lopes
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