Suponhamos
que você precise realizar uma viagem para um local desconhecido e lhe
fosse apresentado dois caminhos, um longo e outro curto, qual você
escolheria escolheria?
Não sei qual foi a sua resposta, mas sempre que realizo essa pergunta me dizem que certamente tomariam o caminho mais curto.
Isso acontece, por conta da tendência natural que temos de escolher o que é aparentemente mais comodo.
Zé, por exemplo,
era uma dessas pessoas que vivia escolhendo o caminho curto. Até mesmo
depois de sua morte perguntou para o porteiro do Céu se existia um
atalho para chegar no Paraíso. Para o seu desespero, o porteiro lhe
disse que havia somente uma estrada. Além disso o informou que seria
necessário carregar uma cruz de cinco metros durante todo o trajeto.
Após caminhar um
quilômetro, Zé viu um serrote esquecido no chão. Olhou ao redor, não viu
ninguém e não resistindo a tentação, cortou três metros da Cruz e
continuou a caminhada. Foi então que aconteceu o inesperado. Para chegar
até o Céu, seria necessário atravessar um precipício.
Ele desanimado,
sentou. Foi então que apareceu um ajo e disse para Zé utilizar a ponte.
“Que ponte?”, perguntou o Zé. O Anjo respondeu: “Aquela na forma de uma
cruz que lhe entregaram na entrada. Ninguém entra no Paraíso sem a cruz
de Cristo”.
É triste perceber
que as pessoas ao invés de tomarem o caminho longo e certo, preferem
escolher o mais curto ainda que errado. O pior é saber que várias
pessoas tomam o atalho, não por terem assim escolhido, mas por este foi o
único caminho apresentado.
Vários
evangelistas pregam o evangelho fazendo o uso de atalhos, por ser mais
rápido e comodo. O problema é que o caminho mais curto, ainda que seja
uma alternativa mais fácil, pode conduzir a pessoa que está sendo
evangelizada a um caminho que você não gostaria de vê-la chegar. O
resultado disso é que elas chegam bem perto do Céu, mas não entram nele.
Mas como ganhar almas de forma bíblica?
Primeiro, nós ganhamos almas quando oramos a Deus em total dependência
Um dos maiores
erros existentes nos métodos de evangelismo é o de achar que podemos
converter um pecador por meio de técnicas humanas.
O “evangelismo da
oração rapidinha” é um bom exemplo disso. Nesse método o evangelista
pede para que o ímpio repita uma oração vazia, chamada de “oração do
pecador”, a fim de que ele receba a salvação. Esse tipo de oração nada
mais é do que a incorporação de técnicas de vendas e de manipulação
psicológica, que jamais poderia garantir a conversão de uma pessoa.
É o Espírito Santo quem convence o ímpio de seus pecados e não nossas habilidades humanas.
Se não somos nós,
mas Deus, devemos então nos colocar a Sua disposição para sermos usados
como instrumentos, demonstrando total dependência e submissão. Mas como
fazemos isso?
De nada adianta,
para o impio, repetir a “oração do pecador” a fim de ser salvo, já que
somos nós quem devemos orar a Deus, suplicando pela salvação do pecador.
Em 1
Tessalonicenses 5.17 Paulo diz para orarmos sem cessar. Isso não quer
dizer que devemos passar o dia todo com os olhos fechados nos
comunicando com Deus. O que ele quer dizer é que devemos ter uma atitude
de dependência total, ao ponto de, não só interceder pelas pessoas que
serão evangelizadas, mas nos rendermos a vontade exclusiva de Deus.
Um bom exemplo
disso foi o pregador inglês Charles Spurgeon. Ele acima de qualquer
atividade que tenha desempenhado, foi um ganhador de almas. Quando
alguém perguntava a Spurgeon a explicação do poder na sua pregação, o
Príncipe de Joelhos apontava para a loja que ficava sob o salão do
Metropolitan Tabernacle e dizia: “Na sala que está embaixo, há trezentos
crentes que sabem orar. Todas as vezes que prego, eles se reúnem ali
para sustentar-me as mãos, orando e suplicando ininterruptamente. Na
sala que está sob os nossos pés é que se encontra a explicação do
mistério dessas bênçãos”.
Se quisermos ganhar almas precisamos orar a Deus a fim de depender, não em nós mesmo, mas em Seu Santo Espírito.
Segundo, nós ganhamos almas quando comunicamos o evangelho de Cristo
Um segundo erro sobre os métodos de evangelização é o de se achar que podemos converter um pecador de forma mecânica.
Alguns
evangelistas, por exemplo, ao invés de pregar o evangelho preferem
entregar algum tipo de literatura evangelística, já que essa é uma ação
mais ágil. Além disso não exige um conhecimento profundo do evangelho.
O problema é que
esse tipo de evangelização, por mais positivo que pareça, é falho e
enganoso. De que adianta entregar uma literatura para um analfabeto ou
cego? E se a pessoa souber ler, mas não conseguir entender o que leu?
É por meio da
comunicação, daquilo que cremos como verdade, que o ímpio toma
conhecimento de seus pecados. Paulo pontua isso em Romanos 10.12-17.
Primeiro ele diz que, todos podem ser salvos. Segundo, todos podem ser
salvos se invocarem o nome de Cristo. Terceiro, só invocarão o nome de
Cristo se conhecerem a Bíblia, pois “…a fé vem por ouvir a mensagem, e a
mensagem é ouvida mediante a palavra de Cristo”.
Em Atos 8.26-40
observamos isso claramente já que o eunuco da Etiópia estava lendo o
livro do profeta Isaías, mas sem entender o que lia. Deus então envia
Filipe para explicar que as profecias apontavam para Jesus, o salvador.
Como consequência, ele não só compreendeu como reconheceu que Jesus é o
Filho de Deus e logo foi batizado.
Quando o
evangelista possui a certeza de que o evangelho é poder de Deus para a
salvação ela não anuncia o evangelho pela metade ou de forma confusa.
Pelo contrário, os ensinos da Bíblia são claramente explicados a fim de
serem compreendidos.
Como evangelistas
não pregamos o evangelho para torná-lo pertinente, mas para mostrar a
pertinência do evangelho. Ou seja, devemos facilitar ao máximo a
compreensão do evangelho sem comprometer a verdade da crença cristã.
Terceiro, nós ganhamos almas quando testemunhamos com as nossas ações
Um terceiro erro
comum, entre os evangelistas, é o de se achar que a evangelização pode
ser terceirizada a um evento de evangelização.
Você
provavelmente já chamou alguém para ir a um culto de domingo em sua
igreja, certo? Não há nada de errado nisso, porém não podemos
terceirizar a nossa responsabilidade de anunciar o evangelho a um pastor
ou missionário que pregarão durante um evento.
O evangelista não
precisa esperar que os eventos convertam as pessoas, basta apenas viver
o evangelho para que o seu próprio testemunho fala por si só.
Jonathan Dodson
sabiamente disse o seguinte sobre isso: “Ser missional não é adicionar
eventos a nossa vida corrida, mas entender que nossas vidas são eventos
evangelísticos”.
O seu viver é uma
forma de evangelizar. Digo que o bom evangelista é aquele que prega de
boca fechada. Ou seja, é aquele que um dia ouviu o evangelho, acreditou
que Jesus é o salvador e aplica os ensinos de cristo em sua vida.
Isso é melhor
compreendido quando entendemos que fomos criados a imagem de Deus com o
propósito de glorificá-Lo. Claro Deus é espírito, ou seja, não estamos
tratando de uma imagem física, mas espiritual. Nosso proposito então é o
de refletir os atributos de Deus, a isso damos o nome de glorificação.
Deus é amor e
espera que nos evangelizemos com amor. Deus é misericórdia e quer que
tenhamos a mesma misericórdia para com o pecador. Deus é santo é exige
de nós santidade.
O cristão é um espelho de Cristo nesse mundo e é justamente o reflexo de nosso Senhor Jesus Cristo que atraia as pessoas a Ele.
Um dia eu estava
na porta da igreja recebendo conselhos de como fazer a igreja crescer.
Aprendi em 20 minutos um número de técnicas de evangelização tão alto,
que que provavelmente eu levaria uns dez anos para aplicá-las em nossa
igreja.
No final de nossa
conversa eu disse a para o irmão conselheiro que não estávamos ali para
crescer, mas para glorificar a Deus. O crescimento seria só uma
consequência de nosso missão primária. Comecei a explicar para ele que
ainda que o nosso número de membros fosse pequeno, tínhamos a missão de
fazer Deus conhecido por meio de nossas ações.
Nesse momento
algo inusitado aconteceu. Um senhor veio em nossa direção e disse que
estava em um bar, mas algo o fez levantar e sair em busca de um destino.
Nos contou que quando nos viu percebeu que aquele era o local que
deveria estar. Então nos disse que mudaria naquele mesmo dia para uma
outra cidade, mas não só isso mudaria de vida também. Seria um servo de
Cristo. Oramos juntos e depois disso nunca mais o vi, assim como também
nunca mais vi o irmão estrategista em nossa igreja. Mas creio que todos
nós entendemos naquele dia que é Deus quem envia o pecador até a igreja.
Uma igreja só
deve crescer se o objetivo for ter mais pessoas que queiram glorificar a
Deus. Se essa não for a motivação é melhor ficar pequena ou até mesmo
fechar.
Conclusão
Nossa sociedade,
ainda que cristã, busca cada vez mais e mais o fácil e comodo ao ponto
de cometer atos ilícitos como se fossem algo natural.
Em uma recente
pesquisa do Ibope, foi constatado uma alta tolerância do cidadão
brasileiro a corrupção dos políticos. Boa parte dos entrevistados, por
exemplo, disseram que fariam o mesmo se tivessem a oportunidade. Além
disso 69% dos eleitores, que tanto condenam os políticos brasileiros,
admitiram ter cometido pelo menos um tipo de ato ilícito na vida, como
furar a fila ou sinal de transito, colar na prova, falar ao celular
enquanto dirige, mentir para o patrão, etc.
Essa é a nossa
pátria. Local onde o número de evangélicos cresce, assim como cresce a
iniquidade. Se queremos evangelizar as pessoas de nosso país de verdade
devemos tomar o caminho que realmente leve o pecador a Cristo. Então lhe
exorto a orar, pregar e testemunhar sobre Cristo.