NOSSA MISSÃO: “Anunciar o Evangelho do Senhor Jesus à todos, transformando-os em soldados de Cristo, através de Sua Palavra.”

Versículo do Dia

Versículo do Dia Por Gospel+ - Biblia Online

quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Como lidar com quem fez ou pensa em fazer um aborto

“Por isso, te digo: perdoados lhe são os seus muitos pecados…” (Lucas 7.47)
Recentemente, senti necessidade de ler um dos meus livros favoritos de Francine Rivers, “Atonement Child” [A Criança da Reparação]. É uma obra de ficção que conta a dramática história de uma jovem mulher cristã que descobre que está grávida depois de ter sido horrivelmente estuprada. Conta sobre sua luta com a pressão para interromper sua gravidez. No desenrolar da história, revela-se que tanto sua mãe quanto sua avó, por razões muito diferentes, fizeram abortos. O que nós temos são três mulheres através de gerações lidando com a questão do aborto e os efeitos trágicos em suas vidas e fé cristã. Eu li esse livro várias vezes porque me lembra da minha vida antes de Cristo e da sua maravilhosa misericórdia.
Uma coisa que realmente me impressiona é a forma como Rivers se concentra no trauma que essas mulheres sofrem. Elas foram devastadas pela escolha que fizeram. Ela pinta um quadro que me é muito familiar de mulheres que foram traumatizadas pela vida e atormentadas pelo remorso por suas escolhas. Infelizmente, há mulheres em nossas congregações que fizeram abortos e que podem estar aterrorizadas para falar a respeito por causa da vergonha, culpa e medo da recriminação. Nós podemos descobrir muitos fatos a respeito do número de mulheres fazendo abortos no Reino Unido e nos Estados Unidos, mas isso não é verdade quando se trata das mulheres em nossas igrejas. Eu suspeito que o número seja maior do que imaginamos ou que queremos admitir.
Nós sabemos que a Escócia tem a segunda maior porcentagem de abortos na adolescência do mundo (Cuba tendo a mais alta). As estatísticas estão começando a mostrar uma tendência perturbadora para o aborto no schemes. Um estudo em 2012 mostrou que na Escócia a taxa de abortos está, claramente, vinculada a altos níveis de pobreza, onde, de fato, a taxa pode ser o dobro de outras áreas. Mais uma vez, tragicamente, quase um terço das mulheres que fazem um aborto na Escócia afirma ter feito outro anteriormente.
Para as mulheres que querem trabalhar no schemes escocês, esta é uma questão muito delicada e difícil. Muitas mulheres com as quais estamos trabalhando fizeram ou estão considerando fazer um aborto. Eu acredito, absolutamente, que a partir do momento da concepção, o bebê é uma criança, tem vida, tem sido entrelaçado no ventre da sua mãe pelo Senhor – eu sou firmemente pró-vida. No entanto, mesmo quando não concordamos com a escolha delas, essas mulheres precisam de cuidado e graça para serem capazes de lidar com o trauma, a culpa, o medo e a dor com que muitas se deparam.
A mentira do mundo é que o aborto é a interrupção indolor de tecido. No entanto, não há nada indolor sobre esse procedimento, nem de longe. De fato, há muitas evidências que sugerem que existe uma clara correlação entre abortos e os efeitos negativos na saúde mental das mulheres. Não há facilidade alguma relacionada a tirar uma vida. Para muitas, isso corrói as suas próprias almas. Como podemos ajudar tais mulheres que vivem e adoram entre nós, como povo de Deus?
Onde começamos com aquelas que fizeram ou estão considerando um aborto?
Para as mulheres que não são salvas, eu acredito que precisamos falar, com compaixão e sem medo, a verdade bíblica e a esperança do evangelho de Jesus para as suas vidas. Há muitas razões que fazem uma mulher considerar o aborto como a única opção: medo, abuso, dinheiro e até mesmo como contracepção. Ela pode esperar que nós a condenemos instantaneamente, chamando- a de assassina e batendo com alguns versículos bíblicos bem escolhidos. Na verdade, pode haver um ponto onde ela sinta o peso da palavra de Deus. Mas a verdade bíblica falada com sabedoria e gentileza irá, espera-se, garantir que tenhamos mais do que uma discussão de 20 segundos. Nós devemos estar constantemente procurando trazer o evangelho para o centro do nosso aconselhamento quando lidamos com um assunto tão doloroso.
 Eu muito raramente falo sobre esse assunto por muitas razões. Principalmente, por ter sido uma dessas mulheres que tem vivido com medo, aterrorizada que as pessoas (os cristãos) descobrirão a verdade. Infelizmente, houve observações maldosas, comentários cruéis e absurdos inúteis e anti-bíblicos despejados sobre mim. Mesmo agora, quando eu compartilho o meu testemunho eu encontro maneiras de contá-lo sem realmente dizer as palavras. No entanto, apesar da seriedade do meu pecado, eu compreendi a imensa misericórdia e amor de Cristo e sou tão grata por Romanos 8.1: “Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus.”
Como podemos ajudar os cristãos na dor, como igreja?
 1. Precisamos reconhecer que esse pode ser um problema para algumas das nossas mulheres. Há muitas mulheres que não estão vivendo na graça libertadora que nos foi dada e estão ouvindo a mentira de que seus pecados não foram apagados ou nunca poderão ser perdoados. Devemos ajudar a entender as boas novas de que há perdão vindo de Deus, mesmo para esse pecado.
 2. Uma boa prestação de contas vai, com o tempo, proporcionar-lhes uma pessoa segura, alguém em que elas realmente confiem para dar o salto e dizer a verdade. Quando esse momento acontecer, por favor, lembre-se de aconselhar gentilmente com compaixão e graça. Contudo, fale a verdade bíblica claramente. Provérbios 27.6: “Leais são as feridas feitas pelo que ama, porém os beijos de quem odeia são enganosos”.
 3. Lembre as mulheres sobre o evangelho e a graça maravilhosa que lhes foi dada, a liberdade que há em Cristo. Nós todos carecemos da glória de Deus e felizmente, através de Cristo, podemos ser restaurados. Lembre-as que isso é um processo que levará tempo. Não há respostas fáceis ou atalhos. Duras verdades terão de ser enfrentadas, mas crescimento e libertação pode e irá acontecer em Jesus.
 4. Nós precisamos ajudar as mulheres a chorar por seus filhos (eu sei que isso pode soar estranho, porque elas fizeram uma escolha ativa, mas acredite em mim, há muitas mulheres em luto por esses bebês secretos em terrível silêncio). Isso faz parte do processo de cura.
Eu não estou dizendo que nós devemos deixar de lado, em qualquer momento, nossas convicções pró-vida, tolerar o pecado ou abafar a verdade bíblica. Porém, estou sugerindo que deveríamos considerar todas as vidas que o aborto pode afetar. Eu reconheço que isso tudo foi a respeito das mulheres (eu tenho uma leve inclinação a isto). No entanto, para todos os milhares de mulheres que lidam com a questão do aborto, há também milhares de homens. Eu ouço o tempo todo que é “direito das mulheres escolher”, mas e o pai? Ele pode nem saber até que tenha sido feito. Não há escolha para ele. Como ele lamenta? Como ele pode perdoar e lidar com sua dor? Será que ele se importa? É uma questão tão complicada. Por isso que essa não é a palavra final, mas só o começo da caminhada com as nossas ovelhas feridas.
É por isso que a única esperança é, finalmente, a esperança do evangelho.
“… o Senhor ungiu-me para levar boas notícias… Enviou-me para cuidar dos que estão com o coração quebrantado anunciar liberdade aos cativos e libertação das trevas aos prisioneiros para proclamar o ano da bondade do Senhor e o dia da vingança do nosso Deus; para consolar todos os que andam tristes…” (Isaías 61.1-2).
Que o Senhor nos ajude a ajudar o seu povo, especialmente, nessa questão.

Por: Sharon Dickens. © 2015 20Schemes. Original: How Should Our Churches Deal With The After Effects Of Abortion?

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

A Origem do Mal

1. A ORIGEM DO MAL (TEODICÉIA)

“Procurei o que era a maldade [o mal] e não encontrei uma substância, mas sim uma perversão da vontade desviada da substância suprema – de Vós, ò Deus – e tendendo para as coisas baixas: vontade que derrama as suas entranhas e se levanta com intumescência. (Agostinho, Aurélio. Confissões. São Paulo: Nova Cultural, 1999. p. 190).

1.1 INTRODUÇÃO
O tema do presente estudo, apesar de receber um nome pouco conhecido, traz à tona uma questão notória e que inquieta a todos: o problema do mal, de onde ele se originou e, principalmente, o que Deus tem a ver com ele.
Por que o mal existe? Qual a razão de Deus tolerá-lo? Tais perguntas fizeram parte da vida e dos pensamentos de todos os homens que creram e dos que crêem em um “Deus soberanamente bom e justo”. A própria Bíblia traz exemplos de homens de Deus que O questionaram sobre esse tema:
“Tu [Deus] és tão puro de olhos, que não podes ver o mal, e a opressão não podes contemplar. Por que olhas para os que procedem aleivosamente, e te calas quando o ímpio devora aquele que é mais justo do que ele?” (Habacuque 1.13)
“Mas Gideão lhe respondeu: Ai, Senhor meu, se o SENHOR é conosco, por que tudo isto [mal, adversidade] nos sobreveio? E que é feito de todas as suas maravilhas que nossos pais nos contaram, dizendo: Não nos fez o SENHOR subir do Egito? Porém agora o SENHOR nos desamparou, e nos deu nas mãos dos midianitas.” (Juízes 6.13)

1.2 A ABORDAGEM FILOSÓFICO-CIENTÍFICA

Teodicéia foi uma palavra criada nos meados do sec. XVI, pelo filósofo e jurista alemão Gottfried Wilhelm Leibniz.
Essa palavra deriva do grego Théos = Deus + Diké = Justiça, que por aglutinação formaram o vocábulo “teodicéia”, cujo significado literal é “Justiça de Deus”, ou como foi utilizado pelo filósofo alemão Leibniz: “estudo da justificação de Deus frente à existência do mal”.
Na obra desse filósofo, que aborda o assunto da existência do mal, chamada Escritos de uma Teodicéia, ele apresenta sua visão de Deus, muito parecida com a visão moral (que viria a ser formulada por Kant, um século depois), conforme abaixo:
“As perfeições de Deus são aquelas de nossas almas, mas, Ele as possui em ilimitada medida; Ele é um Oceano, do qual apenas gotas nos são concedidas; há, em nós, algum poder, algum conhecimento, alguma bondade, mas, em Deus estão em sua inteireza. Ordem, proporções, harmonia nos encantam; (…) Deus é todo ordem; Ele sempre mantém a verdade das proporções, Ele torna a harmonia universal; toda beleza é uma efusão de Seus raios.”
Diante de tal posicionamento, nota-se claramente que Leibniz “não colocava o problema do mal em Deus”, mas apenas fazia referência que seria impossível determinar, de uma maneira completa e lógica como e por quê o mal existe, assim como é impossível à uma única estrela determinar a imensidão do universo do qual ela faz parte.
Ou seja, a estrela (exemplo) faz parte do universo, contudo não expressa a completude do universo, logo, a explicação do mal e sua relação com Deus é possível de ser efetuada satisfatoriamente, e é verdadeira, porém incompleta, da mesma forma que a estrela é apenas uma parte de um infinito universo, que no caso são os mistérios de Deus.
Continuando suas explicações sobre a teodicéia, Leibniz afirma:
“Ora, essa suprema sabedoria [de Deus], aliada a uma bondade que é infinita, não pode escolher exceto o melhor. Pois, tal como um mal menos é um tipo de bem, também um bem menos é um tipo de mal se é um obstáculo a um bem superior; e haveria algo a corrigir nas ações de Deus se fosse possível fazer melhor. Como nas matemáticas, quando não há máximo nem mínimo, em resumo, nada haveria a distinguir, tudo é feito de modo igual; ou quando aquilo não é possível, nada é feito: então, pode-se afirmar o mesmo com respeito à sabedoria divina (que não é menos ordenada que as matemáticas) que se não houvesse o melhor (optimum) entre todos os mundos possíveis, Deus não teria produzido.”
Em resumo, para Leibniz, Deus criou o mundo da forma como ele é, porque este é “o melhor dos mundos”. Entretanto essa é uma visão racionalista, isto é, que parte apenas dos pressupostos lógicos para a formulação do conceito de “melhor possível”, levando-se em conta que como Deus é o “melhor moral”, Ele criou o mundo tal como é por ser ele (o mundo) o melhor possível, ou seja, que Deus não poderia ter feito outro mundo melhor que não fosse esse (vinculação).
Contudo, a visão de Leibniz está invertida, como disse o Dr. W. Gary Crampton:
“Leibniz tem uma visão invertida. Deus não escolheu este mundo porque ele é o melhor; ao invés, ele é o melhor porque Deus o escolheu.”
Logo, apenas a visão filosófica e racional não é capaz de explicar e aquietar o homem acerca da questão da existência do mal, portanto é necessária uma teodicéia com bases bíblicas para responder plenamente sobre a existência do mal.

1.3 TEORIAS A RESPEITO DO MAL
Muitas teorias têm apontado que o mal no mundo é fruto da concorrência de dois deuses finitos (maniqueísmo), outros negam totalmente a existência do mal e ainda outros propõe a existência de um deus finito.
Entretanto, citando mais uma vez o Dr. W. Gary Crampton:
“Estas teorias, é claro, estão longe de ser uma teodicéia bíblica. A Bíblia deixa muito claro que o mal não é ilusório. O pecado é real; provocou a queda do homem e a maldição de Deus sobre todo o cosmos (Gn. 3). Também Deus não deve ser visto como menos que uma divindade onipotente e onisciente. Ele é o Criador ex nihilo do universo (Gn. 1:1 e Hb. 1.1-3). Mais ainda, o fato de Deus ser o Criador e Sustentador de todas as coisas vai de encontro a qualquer forma de dualismo. Deus não sofre nenhuma concorrência (Jó. 33.13).”
Explicação:
  1. ex nihilodo latim, que significa do inexistente, do nada.
Portanto, se não há possibilidade da existência de dois deuses (um bom e outro mal, que duelam em nível de igualdade), nem de Deus ser finito, e se o mal realmente existe, deve haver uma explicação para o mal existir, e de que Deus não é seu autor, nem com ele concorda.

1.4 A TEODICÉIA CRISTÃ
1.4.1 A VISÃO DO MAL COMO ELEMENTO DE CONSTRUÇÃO DO CARÁTER

Um dos Pais da Igreja, chamado Ireneu de Lion (130 – 202), ao tratar da existência do mal, apontou que este era necessário para o aperfeiçoamento de todos os homens. Assim, o mal seria algo que contribuiria para o crescimento, fortalecimento e amadurecimento do homem no mundo, sendo este um “vale onde as almas são forjadas”.
Essa idéia é bastante interessante, principalmente para aqueles cristãos que descobriram a graça e o amor de Deus em maior profundidade, justamente nos momentos de aflição ou de sofrimento pelos quais passaram.
Contudo, essa visão não concilia a existência do mal com a também existência de um Deus de amor, que é onipotente e poderia perfeitamente amadurecer o homem sem que este necessitasse ser submetido a um contato com o mal.
E ainda, conforme ensina o Dr. Alister E. McGrath “essa abordagem parece apenas encorajar uma aquiescência [aceitação] em relação à presença do mal no mundo, sem apresentar nenhum direcionamento ou estímulo moral para que o homem resista ao mal ou o supere”, o que é ensinado em Romanos 12.21.

1.4.2 O MAL ORIGINADO DA CRIATURA E NÃO DO CRIADOR
Outra abordagem sobre o assunto trouxe Aurélio Agostinho (354 – 430), que ele formulou através de suas lutas contra o sistema gnóstico e sua evolução: o maniqueísmo. Esse cristão fervoroso cria convictamente que tanto a criação, quanto a redenção eram obras do mesmo Deus, desta maneira, seria loucura pensar que o mal teria sido criado junto com as demais obras de Deus, pois isso colocaria em Deus a raiz do mal.
Conforme Agostinho o mundo fora criado por Deus em uma condição de perfeição absoluta, entretanto, o homem, por fazer mal uso de sua liberdade, condenou a si mesmo e ao mundo à corrupção pelo mal.
È o que ele diz em sua obra Confissões, nas seguintes passagens:
“Quem há mais inocente que Vós [Deus], pois são as próprias obras que prejudicam os pecadores? (…) mas que repouso seguro há fora do Senhor?”
“Assim que a alma peca, quando se aparta e busca fora de Vós o que não pode encontrar puro e transparente, a não ser regressando a Vós de novo.”
Contudo, para que o homem pudesse fazer mal uso de sua liberdade e escolher o mal, este “mal” deveria existir precipuamente [anteriormente] à humanidade. Agostinho apontou que o “mal anterior”, foi a tentação realizada por Satanás sobre Eva e Adão, logo, Deus não poderia ser considerado o responsável pelo mal.
De onde, então, veio Satanás, posto que é uma criatura de Deus, e se Deus cria todas as coisas boas, por indução não poderia ter criado um Diabo?
Agostinho aponta que Deus criou Satanás como um anjo perfeito e sem traço de maldade, mas esse anjo quis se tornar semelhante a Deus, e dele veio a rebelião na qual hoje se encontra o mundo.
A pergunta que viria em seguida seria: Como um anjo, criado bom e perfeito, poderia ter se tornado mal? Segundo o Dr. Alister E. McGrath “Agostinho parece ter se calado em relação a esse ponto”.

1.4.3 O MAL ORIGINADO PELO PECADO

João Calvino (1509 – 1564), o reformador europeu, em sua obra Institutas ou Tratado da Religião Cristã, também aborda a existência do mal, e o expõe de maneira clara, como sendo ele gerado totalmente pelo pecado, primeiro de Lúcifer, depois do homem.
Segundo Calvino, nenhuma ligação pode ser engendrada [realizada] entre a existência do mal na natureza, e Deus como criador dessa natureza, ser também o “criador do mal”, conforme expõe nas Institutas:
“Portanto, lembremo-nos de que nossa ruína deve ser imputada à depravação de nossa natureza, não à natureza em si, em sua condição original, para que não lancemos a acusação contra o próprio Deus, como sendo o autor dessa natureza.”
“Portanto, afirmamos que o homem está corrompido por depravação natural, contudo ela não se originou da própria naturezaque foi criada perfeita por Deus. Negamos que essa depravação tenha se originado da própria natureza como tal, para que deixemos claro que ela é antes uma qualidade adventícia que sobreveio ao homem, e não uma propriedade substancial que tenha sido congênita desde o princípio.(..) Nem o fazemos sem um patrono, porque, pela mesma causa, o Apóstolo ensina que somos todos por natureza filhos da ira [Ef. 2.3].”
Explicação:
  1. depravação natural isto é, que veio de sua escolha pelo mal.
  2. da própria naturezaque foi criada perfeita por Deus.
  3. propriedade substancialaquilo que constitui a base de algo, a origem.
  4. congênitagerado simultaneamente com a Criação.
Por não ser Deus o criador do mal, concluiu Calvino que:
“Como poderia Deus, a quem uma a uma comprazem suas mínimas obras, ser inimigo da mais nobre de todas as criaturas [o homem]? Deus, porém, é antes inimigo da corrupção de sua obra, e não da própria obra.”
Desta maneira, é ensinado que o problema do mal não reside em Deus, mas na corrupção que sofreu a natureza, sendo que esta corrupção foi efetuada, primeiramente por Satanás e, posteriormente, através da sedução de Satanás, pelo homem, que foi criado perfeito.

1.4.3.1 A ORIGEM DO MAL EM SATANÁS

Como havia pensado anteriormente Agostinho, Calvino localizou a origem do mal no mundo como proveniente de Lúcifer que, pecando, tornou-se Satanás, segundo o próprio Calvino ensina:
“Como, porém, o Diabo foi criado por Deus, lembremo-nos de que esta malignificência que atribuímos à sua natureza não procede da criação, mas da depravação. Tudo quanto, pois, tem ele de condenável, sobre si evocou por sua defecção e queda. Pois visto que a Escritura nos adverte, para que não venhamos, crendo que ele recebeu de Deus exatamente o que é agora, a atribuir ao próprio Deus o que lhe é absolutamente estranho. Por esta razão, Cristo declara [Jo. 8.44] que Satanás, quando profere a mentira, fala do que é próprio à sua natureza, e apresenta a causa: ‘porque não permaneceu na verdade’.
De fato, quando estatui que Satanás não persistiu na verdade, implica em que outrora ele estivera nela; e quando o faz pai da mentira, lhe exime isto: que não se impute a Deus a falta da qual ele mesmo foi a causa.”
Explicação:
  1. não procede da criação, mas da depravaçãoDeus criou a Lúcifer, que em grego significa “portador da luz”, contudo este se degenerou, ao querer ser semelhante a Deus, pecando, e se tornando Satanás, que em hebraico significa “adversário”.
  2. De fato, quando estatui que Satanás não persistiu na verdade, implica em que outrora ele estivera nelaou seja, em princípio ele fora um ser bom e perfeito, que por decisão própria se afastou de Deus.
Assim, o mal possui uma origem, não em Deus, mas em uma de suas criaturas perfeitas, que intentou tornar-se maior que seu criador, o que Deus não admite (Is. 42.8).

1.4.3.2 A ORIGEM DO MAL NO HOMEM E SUA EXTENSÃO A TODA CRIAÇÃO

Satanás havia pecado e, consequentemente, foi expulso da presença de Deus e de suas santas atribuições (Is. 14). Um novo mundo havia sido recriado, e nele um novo ser fora feito: o homem, sendo que o primeiro foi chamado por Deus de Adão.
Adão fora criado em perfeição material e espiritual, possuindo em estado completo o livre-arbítrio, e ainda mais: possuindo a inclinação natural para o bem. Deus lhe colocou no Éden e, para tornar válido seu livre-arbítrio, lhe impôs que da “árvore do conhecimento do bem e do mal” não comesse, pois quando o fizesse, “certamente morreria” (Gn. 2.9, 16-17).
Nesse ponto Calvino diz:
“Deve-se, portanto, mirar mais alto, visto que a proibição da árvore do conhecimento do bem e do mal foi um teste de obediência; de modo que, ao obedecer, Adão podia provar que se sujeitava à autoridade de Deus, de livre e deliberada vontade. Com efeito, o próprio nome da árvore evidencia que o propósito do preceito não era outro senão que, contente com sua sorte, o homem não se alçasse mais alto, movido de ímpia cobiça.”
“Portanto, Adão podia manter-se [o livre-arbítrio], se o quisesse, visto que não caiu senão de sua própria vontade. Entretanto, já que sua perseverança era flexível, por isso veio tão facilmente a cair. Contudo, a escolha do bem e do mal lhe era livre. Não só isso, mas ainda suma retidão havia em sua mente e em sua vontade, e todas as partes orgânicas estavam adequadamente ajustadas à sua obediência, até que, perdendo-se a si próprio, corrompeu todo o bem que nele havia.”
Já conhecemos a história, Eva e Adão comeram do fruto proibido e atraíram sobre si a mesma maldição do pecado que estava sobre o tentador, Satanás.
Mais uma vez Calvino explica que:
“Entretanto, ao mesmo tempo é preciso notar que o primeiro homem se alijou [afastou] da soberania de Deus, porque não só se fez presa aos engodos de Satanás, mas ainda, desprezando a verdade, se desviou para a mentira. E de fato, desprezada a palavra de Deus, quebrantada lhe é toda reverência, pois não se preserva de outra maneira sua majestade entre nós, nem seu culto é mantido íntegro, a não ser enquanto atenciosamente ouvirmos sua voz. Conseqüentemente, a raiz da queda foi a falta de fidelidade.”
Logo, a culpa do pecado, e a consequente existência do mal está totalmente atrelada aos atos do homem, que no desejo de ser como Deus (Gn. 3:4-6), Dele se afastou, e por esse afastamento trouxe sobre toda a Terra o efeito devastador do mal, através do pecado (Gn. 3.17).

1.5 HARMONIZANDO AS TEORIAS E APONTANDO PARA UMA TEODICÉIA BÍBLICA

Agora, posto que já pudemos ver, basicamente, as três mais imponentes teodicéias cristãs, é necessário concluirmos e respondermos: afinal de onde o mal veio, e qual o seu propósito no mundo?
Com absoluta certeza, se olharmos para a vida prática, o mal contribui para o aperfeiçoamento do caráter dos cristãos que o suportam e vencem, pois assim a Bíblia ensina em diversas passagens (Sl. 116.15, Tg. 5.10-11, 1Pe. 4.19).
Também, pensando como Agostinho e Calvino, de maneira alguma podemos atribuir a Deus a criação do mal, mas este é decorrência exclusiva da atitude do homem de escolher – quando assim podia fazer livremente – pelo caminho do pecado e não da fidelidade à Deus, mesmo que tenha sido tentado pelo Diabo, visto que possuía completa capacidade de resisti-lo – não o fazendo por livre escolha.
Assim, podemos concluir, sem sombra de dúvidas, que a origem do mal é o afastamento e desobediência à vontade de Deus. Pode parecer muito simplista essa afirmação, mas Aquele que possui Nele mesmo todas as coisas e no qual habita toda a plenitude, assim determinou em sua soberana vontade (Is. 43.13).
Logo, a busca da independência de Deus, primeiramente de Lúcifer, e depois do homem, levou o mundo, que era perfeito, ao atual estado de perversidade e sofrimento (Ec. 7.9).
Entretanto, podemos ter certeza que todas as coisas, sejam boas, sejam más, estão contribuindo para o propósito de Deus (Rm. 8.28-30), expresso em Cristo Jesus (Rm. 5.18-21), que não podemos distinguir claramente agora (Dt. 29.29), mas em breve, quando Ele vier, nós compreenderemos perfeitamente (1Co. 13.12).
Assim, se da existência do mal, deriva mais glória a Deus – pois o mal acentua ainda mais a completa bondade, perfeição, justiça e santidade de Deus – cumpre aos cristãos, com todo temor (Hb. 12.25), se alegrarem por terem sido alcançados e feitos participantes da vocação celestial (Hb. 3:1).

Fonte: Igreja Aliança do Calvário

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Mercado Gospel

Mas o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios.
1Timóteo 4:1
Recentemente um cantor gospel vem causando grande polêmica por suas declarações envolvendo outros artistas da música gospel nacional. De longe a maior dessas polêmicas foi sua declaração de que “vai deixar a música gospel para cantar secularmente”, ou seja, cantar para o mundo!
Contudo, o mais absurdo de sua declaração foi dizer que “Deus foi quem o mandou fazer isso”! Deus, segundo ele, disse: “Você não vai mais compor músicas falando de Jesus, Sua obra na cruz ou as maravilhas de Deus, você vai cantar para o mundo”!
Realmente, é uma declaração espantosa, vinda de alguém que se declara crente, membro do corpo de Cristo, da Igreja que Ele comprou com Seu precioso sangue! Essa direção não foi dada por Deus, nem é obra do Espírito Santo! Veja:
“Portanto, vos quero fazer compreender que ninguém que fala pelo Espírito de Deus diz: Jesus é anátema, e ninguém pode dizer que Jesus é o Senhor, senão pelo Espírito Santo”. (1Coríntios 12:3)
Ainda, outro texto diz:
“Qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade”. (2Timóteo 2:19)
Todavia, o fato ocorrido com esse cantor – que tem sido noticiado nos mais variados veículos de comunicação – é apenas o reflexo do que se passa com a comunidade evangélica contemporânea, repleta de seus “apóstolos e profetas”.
Assim como esse cantor, as vidas desses líderes evangélicos atuais destilam ostentação, luxo, opulência, mercantilismo, mundanismo, sensualidade… Os escândalos, os abusos em nome de Deus e o afastamento total das Escrituras marcam as reuniões em seus redutos intitulados de “Igreja de Cristo”.
Minha intenção, ao escrever esse texto, é para alertar o povo de Deus do engano religioso que está sendo promovido em larga escala, por todo território nacional. Nunca o Brasil foi tão assediado pelos falsos profetas como está sendo agora, que estão vindo de toda parte – principalmente da América do Norte – e fazendo aqui milhares de discípulos, que estão levando adiante a sua obra herética. Você está vendo um festival de eventos, tais como conferências, congressos, seminários e megashows poluindo e contaminando o Evangelicalismo brasileiro. É hora de dar um basta nisso.
O cenário evangélico brasileiro está, de fato, insuportável. Parece que todas as profecias do Antigo Testamento estão se cumprindo com relação às lideranças cristãs atuais como retrata, por exemplo, o profeta Miquéias:
“E disse eu: Ouvi, peço-vos, ó chefes de Jacó, e vós, príncipes da casa de Israel; não é a vós que pertence saber o juízo? A vós que odiais o bem, e amais o mal, que arrancais a pele de cima deles, e a carne de cima dos seus ossos; E que comeis a carne do meu povo, e lhes arrancais a pele, e lhes esmiuçais os ossos, e os repartis como para a panela e como carne dentro do caldeirão. Edificando a Sião com sangue, e a Jerusalém com iniqüidade. Os seus chefes dão as sentenças por suborno, e os seus sacerdotes ensinam por interesse, e os seus profetas adivinham por dinheiro; e ainda se encostam ao Senhor, dizendo: Não está o Senhor no meio de nós? Nenhum mal nos sobrevirá”. Miquéias 3.1-3, 10-11
Não é uma descrição exata, feita pelo profeta Miquéias, do perfil das grandes lideranças evangélicas de hoje?
As doutrinas essenciais do Cristianismo foram relativizadas, a fé foi secularizada. Hoje a palavra pecado é muito ofensiva, seria melhor dizer “cometi um equívoco” ou “apenas tropecei”, ao invés de dizer: “Eu pequei, quebrei a Lei de Deus, ofendi a santidade e majestade de um Deus Trino”.
O santo culto, centrado na pessoa, obra e na glória de Deus tem sido substituído pelo “profano culto ao homem”. A adoração ao Deus santo, à pessoa e a cruz de Cristo, foi grosseiramente trocada pela “pirotecnia, pirofagenta do fogo do inferno chamado de shows gospel”! Shows nos quais nenhum fator, nenhum detalhe –  o mais ínfimo sequer – é feito visando a glória de Deus. Eles visam apenas a celebração da carne!
Veja o que Deus diz a respeitos dos cultos carnais, dos megashows e do louvor e adoração contemporâneos:
“Odeio, desprezo as vossas festas, e as vossas assembléias solenes não me exalarão bom cheiro. E ainda que me ofereçais holocaustos, ofertas de alimentos, não me agradarei delas; nem atentarei para as ofertas pacíficas de vossos animais gordos. Afasta de mim o estrépito dos teus cânticos; porque não ouvirei as melodias das tuas violas”. (Amós 5.21-23)
É muito importante salientar que essa não é uma opinião rude, incompreensiva ou radical demais, mas sim a expressão exata da Palavra de Deus, que fez o vaticínio profético acima ainda no tempo do culto levítico do Antigo Testamento! Agora, imagine só na era da Igreja, no tempo do Novo Testamento e da Nova Aliança? Imagine se no Antigo Testamento essa severa repreensão foi trazida, quanto mais em nossa época, onde temos acesso à plenitude da revelação de Deus e devemos servi-Lo exatamente como nos prescreveu nessa revelação, Sua Santa Palavra?!
Leia cuidadosamente o terrível alerta dado pelo escritor de Hebreus:
Porque, se pecarmos voluntariamente, depois de termos recebido o conhecimento da verdade, já não resta mais sacrifício pelos pecados, mas uma certa expectação horrível de juízo, e ardor de fogo, que há de devorar os adversários. Quebrantando alguém a lei de Moisés, morre sem misericórdia, só pela palavra de duas ou três testemunhas. De quanto maior castigo cuidais vós será julgado merecedor aquele que pisar o Filho de Deus, e tiver por profano o sangue da aliança com que foi santificado, e fizer agravo ao Espírito da graça? Porque bem conhecemos aquele que disse: Minha é a vingança, eu darei a recompensa, diz o Senhor. E outra vez: O Senhor julgará o seu povo. Horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo. (Hebreus 10:26-31)
A “igreja moderna” se carregou de iniquidade como disse Isaías:
“Ai, nação pecadora, povo carregado de iniqüidade, descendência de malfeitores, filhos corruptores; deixaram ao Senhor, blasfemaram o Santo de Israel, voltaram para trás”. (Isaías 1:4)
Como poderíamos ficar indiferentes a essas aberrações teológicas, blasfêmias a “céu a aberto” contra o santo nome de Deus? Trata-se do vitupério explícito da cruz de Cristo e Seu santo sacrifício; uma blasfêmia contra o Espírito Santo que é cometida descaradamente, atribuindo essas manifestações estapafúrdias – que são muitas delas obras de Satanás – ao Santo Espírito, que regenera, santifica e aponta todo sentido da vida, a centralidade do culto, a base para adoração e louvor à bendita pessoa de Cristo!
Como, vendo tais coisas, nos conformaríamos, uma vez que o próprio Deus não se conforma? Veja:
“Deixaria eu de castigar por estas coisas, diz o Senhor, ou não se vingaria a minha alma de uma nação como esta”? (Jeremias 5:9)
Querido irmão, a Igreja de Cristo não suporta mais esses abusos! Já estamos fartos dessas “unções malucas”, “derrubar pessoas com paletó”, “curandeirismo pajelântico”, “atos proféticos” que beiram a insanidade mental, “botas de píton, para pisar os principados”, “batalhas espirituais” que fazem J.K. Rowling (Harry Potter) tremer de inveja e deixam o “Senhor dos Anéis” de J.R.R Tolkien como história para bebês… Essas insanidades vão de “fechar portal dimensional para demônios, impedindo que eles entrem”, até a “comer um prato de macarrão e beber Coca-Cola” como ferramenta de batalha contra as trevas. Isso tudo não passa de falsas visões, falsas profecias, como bem falou Jeremias:
“E até os profetas serão como vento, porque a palavra não está com eles. Coisa espantosa e horrenda se anda fazendo na terra. Os profetas profetizam falsamente, e os sacerdotes dominam pelas mãos deles, e o meu povo assim o deseja; mas que fareis ao fim disto?” (Jeremias 5:13-31)
Faltar-me-ia tempo para citar a maldita Teologia da Prosperidade, que faz John Tetzel (inquisidor do século XVI) se revirar no túmulo e a venda das indulgências papais serem Banco Imobiliário (jogo infantil) – pois na Idade Média ainda se vendia e comprava algo relacionado à eternidade – enquanto que essa moderna teologia abomina a idéia de riqueza no céu, uma vez que seu imediatismo ensina o AQUI e AGORA!
Estamos vivendo uma panaceia gospel, que oferece um panteão de soluções heréticas, sofisticadas, hedonistas, místicas, coisa que surpreende até mesmo seu próprio pai, o Diabo!
Todavia, Pedro predisse que fariam negócio com a fé:
“E por avareza farão de vós negócio com palavras fingidas; sobre os quais já de largo tempo não será tardia a sentença, e a sua perdição não dormita”. (2Pedro 2:1-3)
São os “apóstolos” modernos, “patriarcas”, “Paipóstolos”, julgando terem uma revelação especial, superior à da inerrante e suficiente Escritura Sagrada, tendo a pachorra de dizer que suas revelações “não foram sequer dadas por um anjo do céu – pois seria um anátema menor (Gálatas 1:8) – mas pelo próprio Deus”. Isso mesmo, esses calhordas da fé dizem terem recebido suas revelações do próprio Deus, em seus “inúmeros encontros com Ele”!
Entretanto, tudo não passa de doutrinas de demônios, como bem advertiu o apóstolo Paulo:
Mas o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios; Pela hipocrisia de homens que falam mentiras, tendo cauterizada a sua própria consciência (…)”. (1Timóteo 4:1-2)
Todo o acima citado só demonstra a avalanche de heresias que esses homens têm ensinado, como bem falou, novamente, o apóstolo Pedro:
“E também houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição, e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina perdição. E muitos seguirão as suas dissoluções, pelos quais será blasfemado o caminho da verdade”. (2Pedro 2:1-3)
É hora de levantarmos nossa voz, como o como o profeta Ezequiel:
 “E disse-me ainda: Filho do homem, vai, entra na casa de Israel, e dize-lhe as minhas palavras. Mas tu lhes dirás as minhas palavras, quer ouçam quer deixem de ouvir, pois são rebeldes”. (Ezequiel 3:4, 2:7)
Sejamos corajosos – não temendo a ira dos homens! Proclamemos ousada e destemidamente o pecado e transgressão deliberada da igreja moderna. Usem seus púlpitos, seus blogs, seus ministérios e denunciem esses salteadores, juntamente com suas heresias maléficas. Lado a lado com a denúncia do erro, ensinem a verdade, sejam estudiosos do Santo Livro (a Bíblia) e levem, como Pedro, essas pessoas até Cristo, através das sãs doutrinas, da proclamação expositiva das Escrituras e da pregação tenaz e eloquente do Evangelho fiel e verdadeiro!
Em uníssono com o profeta Joel, soemos juntos a trombeta, de tal maneira que o máximo de pessoas possam ouvir e sair do engano, da mentira religiosa, do anátema, e do caminho do inferno:
“Tocai a trombeta em Sião, e clamai em alta voz no meu santo monte; tremam todos os moradores da terra, porque o dia do SENHOR vem, já está perto”. (Joel 2:15)
O profeta Jeremias disse:
“Põe-te à porta da casa do Senhor, e proclama ali esta palavra, e dize: Ouvi a palavra do Senhor, todos de Judá, os que entrais por estas portas, para adorardes ao Senhor. É pois esta casa, que se chama pelo meu nome, uma caverna de salteadores aos vossos olhos? Eis que eu, eu mesmo, vi isto, diz o Senhor”. (Jeremias 7.2,11)
E, por fim, façamos como Senhor Jesus nos disse em Apocalipse:
“Sai dela, povo meu” (Apocalipse 18.4).
Saiam desses redutos ditos evangélicos, mas que não carregam a qualidade do Evangelho!
Saiam desse circo gospel, que insufla sensualidade, histeria e irreverência em vossas mentes!

Saiam dessas bolsas de valores evangélicas que comercializam milagres, falsificam a graça e vendem felicidade às custas da fé!
Saiam dessas sinagogas de Satanás que pregam outro evangelho, ensinando mentiras hediondas!
Saiam antes que a ira de Deus caia sobre esse lugar e vocês sejam tragados por serem coniventes com a blasfêmia contra o santo sacrifico de Cristo Jesus!
Saiam, por favor, saiam!
É muito triste, mas esse é o estado da maior parte do Evangelicalismo brasileiro. Quero deixar claro que não estou me referindo à Igreja de Cristo, que é pura, santa, regenerada, como uma linda virgem, que espera ansiosamente pela vinda de seu bendito Noivo. Estou me referindo às comunidades de bodes, lideradas por lobos; estou falando do “showbiz evangélico”, que entretém homens carnais vendendo “caro” um produto que está longe de ser o santo e sacro Evangelho de Cristo!
Oremos para que essas lideranças, juntamente com suas congregações, confessem e se arrependam de seus hediondos pecados. Que elas se voltem à prática das primeiras obras, às veredas antigas, sejam fiéis somente à Santa Escritura. Se divorciem do mundo, seus prazeres e seus benefícios e voltem a carregar a cruz, andando em um caminho estreito.
Porque temo, que se isso não ocorrer, os juízos de Deus – que estão prestes a despencar do céu – serão inevitáveis sobre essa nação e sobre a igreja moderna, pois as narinas de Deus já estão bufando de ira santa contra a iniquidade que tem imperado em nosso meio.
Que Deus tenha misericórdia de nós.
Paulo Junior

domingo, 13 de novembro de 2016

As mulheres na vida de Jesus

Jesus parece ter tido suas mais produtivas e satisfatórias conversas com mulheres anônimas, isoladas, estigmatizadas e vulneráveis.
Há a “mulher adúltera” (João 8:1-11) e, claro, “a mulher junto ao poço”.
Ambas eram o tipo de pessoa com quem nenhum Rabi respeitável conversaria – e com quem nenhum homem de qualquer status gostaria de ser visto. Além disso, certamente nenhum homem tocaria em uma mulher estranha – principalmente uma considerada “impura” (no caso, a mulher com hemorragia).
A mulher junto ao poço, além de ser mulher, rejeitada por seu próprio povo, e de ter se casado diversas vezes, também era uma samaritana – e como todos sabem, “judeus não se dão bem com os samaritanos” (João 4:9 NVI).
A conversa de Jesus com a mulher no poço é tão satisfatória que Jesus diz uma das mais impressionantes linhas do Novo Testamento: “Tenho algo para comer que vocês não conhecem” (João 4:32 NVI).
Essa mulher, por sua vez, é considerada a primeira evangelista – senão missionária. Sua vida, e a vida de praticamente todos naquele povoado, foi transformada para sempre.
É significativo o fato de que o nome de nenhuma dessas mulheres tenha sido mencionado.
Nomear alguém, de acordo com dados históricos, era para pessoas “importantes” – reis, profetas e líderes. Essas mulheres não eram “importantes” – na verdade, elas eram excluídas, rejeitadas, “impuras” ou inúteis. Elas eram formas de interrupção e distração. As conversas de Jesus com elas foram “acidentais” e “involuntárias”. E muito mais frutíferas do que suas discussões com líderes religiosos – e com seus próprios discípulos.
Eu aprendo bastante com encontros não intencionados.
Eu geralmente escuto mais do que falo.
Pessoas desprezadas, perdidas e despedaçadas falam com economia de sabedoria prática – elas conhecem muito bem as decepções e traições do mundo – e mesmo que elas tentem, não conseguem ignorar sua própria complexidade em meio à sua própria degradação.
Diferente delas, a maioria de nós, que vive uma vida consideravelmente confortável, ainda acredita em (e ainda vive por) mentiras contadas pelo mundo – e por nós mesmos.
A maioria dos “cristãos” que eu conheço sente “orgulho” por não “precisar” de ninguém.
E, a maioria deles, quando eu os pressiono, admite livremente que, não fosse pela promessa do Paraíso ou pela ameaça do Inferno, tampouco “necessitaria” de Deus.
Essas mulheres perdidas e abandonadas sabem melhor. Elas sabem que Deus pode, e que Ele vai alcançá-las, tocá-las e restaurá-las. Pessoas “religiosas” raramente “precisam” de Deus – ou mesmo de qualquer graça humana anônima. “Precisar de Deus”, para muitos de nós, é visto como um sinal de fraqueza. E talvez seja. É uma “fraqueza” que nos permite ser tocados, ou sermos aqueles que tocam os feridos, sem esperar nada em troca.

Traduzido de: The Women in Jesus’ Life

domingo, 6 de novembro de 2016

As Qualificações e Responsabilidades Bíblicas dos Diáconos (2/2)

As Responsabilidades dos Diáconos
Se o ofício de presbítero é freqüentemente ignorado na igreja moderna, o ofício de diácono é freqüentemente mal-entendido. Conforme o Novo Testamento, a função do diácono é, principalmente, ser um servo. A igreja precisa de diáconos para proverem suporte logístico e material, de modo que os presbíteros possam focar na Palavra de Deus e na oração.
O Novo Testamento não nos dá muita informação acerca do papel dos diáconos. Os requerimentos dados em 1Timóteo 3.8-12 focam no caráter e na vida familiar do diácono. Existem, contudo, algumas dicas quanto à função dos diáconos quando os requerimentos são comparados àqueles dos presbíteros. Embora muitas das qualificações sejam as mesmas ou muito similares, há algumas notáveis diferenças.
Talvez a distinção mais perceptível entre presbíteros e diáconos seja que os diáconos não precisam ser “aptos a ensinar” (1Tm 3.2). Diáconos são chamados a “conservar” a fé com uma consciência limpa, mas não são chamados a “ensinar” aquela fé (1Tm 3.9). Isso sugere que os diáconos não têm um papel de ensino oficial na igreja.
Como os presbíteros, os diáconos devem governar bem sua casa e seus filhos (1Tm 3.4, 12). Porém, ao referir-se aos diáconos, Paulo omite a seção na qual compara governar a própria casa a cuidar da igreja de Deus (1Tm 3.5). O motivo dessa omissão é, mais provavelmente, devido ao fato de que aos diáconos não é dada uma posição de liderança ou governo na igreja – essa função pertence aos presbíteros.
Embora Paulo indique que um indivíduo deva ser testado antes de poder exercer o ofício de diácono (1Tm 3.10), o requerimento de que ele não seja um neófito não está incluso. Paulo observa que, se um diácono for um recém convertido, pode ocorrer que ele “se ensorbebeça e incorra na condenação do diabo” (1Tm 3.6). Uma implicação dessa diferença poderia ser que aqueles que exercem o ofício de presbítero são mais suscetíveis ao orgulho porque possuem liderança sobre a igreja. Ao contrário, não é tão provável que um diácono, o qual se acha mais em um papel de servo, caia no mesmo pecado. Finalmente, o título de “bispo” (1Tm 3.2) implica a supervisão geral do bem-estar espiritual da congregação, ao passo que o título “diácono” implica alguém que possui um ministério orientado para o serviço.
Além do que podemos vislumbrar dessas diferenças nas qualificações, a Bíblia não indica claramente a função dos diáconos. Contudo, baseado no padrão estabelecido em Atos 6, com os apóstolos e os Sete, parece melhor enxergar os diáconos como servos que fazem o que for necessário para permitir que os presbíteros cumpram o seu chamado divino de pastorear e ensinar a igreja. Assim como os apóstolos delegaram responsabilidades administrativas aos Sete, também os presbíteros devem delegar certas responsabilidades aos diáconos, de modo que os presbíteros possam focar os seus esforços em outras atividades. Como resultado, cada igreja local é livre para definir as tarefas dos diáconos conforme as suas necessidades particulares.
Quais são alguns deveres pelos quais os diáconos devem ser responsáveis hoje? Eles poderiam ser responsáveis por qualquer coisa que não seja relacionada ao ensino e ao pastoreio da igreja. Tais deveres poderiam incluir:

  • Instalações: Os diáconos poderiam ser responsáveis por administrar a propriedade da igreja. Isso incluiria assegurar que o lugar de culto esteja preparado para a reunião de adoração, limpá-lo, ou administrar o sistema de som.
  • Benevolência: Semelhante ao que ocorreu em Atos 6.1-6 com a distribuição diária em favor das viúvas, os diáconos podem estar envolvidos em administrar fundos ou outras formas de assistência aos necessitados.
  • Finanças: Enquanto os presbíteros deveriam, provavelmente, supervisionar as questões financeiras da igreja (At 11.30), pode-se deixar apropriadamente que os diáconos lidem com as questões cotidianas. Isso incluiria coletar e contar as ofertas, manter registros, e assim por diante.
  • Introduções: Os diáconos poderiam ser responsáveis por distribuir boletins, acomodar a congregação nos assentos ou preparar os elementos para a comunhão.
  • Logística: Os diáconos deveriam estar prontos a ajudar em uma variedade de modos, de modo que os presbíteros possam se concentrar no ensino e no pastoreio da igreja.
Conclusão
Ao passo que a Bíblia encarrega os presbíteros das tarefas de ensinar e liderar a igreja, o papel dos diáconos é mais orientado ao serviço. Isso é, eles devem cuidar das preocupações físicas ou temporais da igreja. Ao lidarem com tais questões, os diáconos liberam os presbíteros para que foquem no pastoreio das necessidades espirituais da congregação.
Contudo, embora os diáconos não sejam os líderes espirituais da congregação, o seu caráter é da maior importância, motivo pelo qual deveriam ser examinados e apresentar as qualificações bíblicas arroladas em 1Timóteo 3.

Por: Benjamin Merkle.

sábado, 5 de novembro de 2016

As Qualificações e Responsabilidades Bíblicas dos Diáconos (1/2)

Quem deveria ser um diácono? O que a Bíblia diz que os diáconos devem fazer?
Os Dois Ofícios Bíblicos: Presbíteros e Diáconos
Comparar o ofício de diácono ao de presbítero nos ajudará a responder essas questões. Os líderes espirituais primários de uma congregação são os presbíteros, os quais são também chamados bispos ou pastores no Novo Testamento. Presbíteros ensinam ou pregam a Palavra e pastoreiam as almas daqueles que estão sob seus cuidados (Ef 4.11; 1Tm 3.2; 5.17; Tt 1.9; Hb 13.17). Os diáconos também possuem uma função crucial na vida e saúde da igreja local, mas a sua função é diferente daquela dos presbíteros. O papel bíblico dos diáconos é cuidar das necessidades físicas e logísticas da igreja, de modo que os presbíteros possam se concentrar no seu chamado primário.
Essa distinção é baseada no padrão encontrado em Atos 6.1-6. Os apóstolos eram devotados “à oração e ao ministério da palavra” (v. 4). Uma vez que esse era o seu chamado primário, sete homens foram escolhidos para lidar com assuntos mais práticos, de modo a dar aos apóstolos a liberdade para continuarem a sua obra.
Essa divisão de trabalho é semelhante à que vemos com os ofícios de presbítero e diácono. Como os apóstolos, a função primária dos presbíteros é pregar a Palavra de Deus. Como os sete, os diáconos servem a congregação em todas as necessidades práticas que possam surgir.
As Qualificações dos Diáconos
A única passagem que menciona as qualificações para os diáconos é 1Timóteo 3.8-13. Nessa passagem, Paulo apresenta uma lista oficial, porém não exaustiva, dos requerimentos para os diáconos.
As similaridades entre as qualificações para diáconos e presbíteros/bispos em 1Timóteo 3 são notáveis. Assim como as qualificações para os presbíteros, um diácono não pode ser dado ao vinho (v. 3), avarento (v. 3), irrepreensível (v. 2; Tt 1.6), marido de uma só mulher (v. 2), e um hábil governante de seus filhos e de sua casa (vv. 4-5). Além disso, o foco das qualificações é o caráter moral da pessoa que há de preencher o ofício: um diácono deve ser maduro e acima de reprovação. A principal diferença entre um presbítero e um diácono é uma diferença de dons e chamado, não de caráter.
Paulo identifica nove qualificações para os diáconos em 1Timóteo 3.8-12:
  1. Respeitáveis (v. 8): Esse termo normalmente se refere a algo que é honorável, digno, estimado, nobre, e está diretamente relacionado a “irrepreensível”, que é dado como uma qualificação para os presbíteros (1 Tm 3.2).
  2. De uma só palavra (v. 8): Aqueles que têm a língua dobre dizem uma coisa a certas pessoas, mas depois dizem algo diferente a outras, ou dizem uma coisa, mas querem dizer outra. Eles têm duas faces e são insinceros. As suas palavras não podem ser confiadas, então eles carecem de credibilidade.
  3. Não inclinados a muito vinho (v. 8): Um homem é desqualificado para o ofício de diácono se for viciado em vinho ou outra bebida forte. Tal pessoa carece de domínio próprio e é indisciplinada.
  4. Não cobiçosos de sórdida ganância (v. 8): Se uma pessoa ama o dinheiro, não está qualificado para ser um diácono, especialmente porque os diáconos com freqüência lidam com questões financeiras da igreja.
  5. Sólidos na fé e na vida (v. 9): Paulo também indica que um diácono deve “conservar o mistério da fé com a consciência limpa”. A expressão “o mistério da fé” é simplesmente um modo de Paulo falar do evangelho (cf. 1Tm 3.16). Conseqüentemente, essa afirmação se refere à necessidade de os diáconos manterem-se firmes no verdadeiro evangelho, e não oscilantes. Contudo, essa qualificação não envolve apenas as crenças de alguém, pois o diácono também deve manter essas crenças “com a consciência limpa”. Isto é, o comportamento de um diácono deve ser consistente com suas crenças.
  6. Irrepreensíveis (v. 10): Paulo escreve que os diáconos devem ser “primeiramente experimentados; e, se se mostrarem irrepreensíveis, exerçam o diaconato” (v. 10). “Irrepreensíveis” é um termo genérico, que se refere ao caráter geral de uma pessoa. Embora Paulo não especifique que tipo de teste deve ser feito, no mínimo, deve-se examinar a vida pessoal, a reputação e as posições teológicas do candidato. Mais do que isso, a congregação não deveria examinar apenas a maturidade moral, espiritual e doutrinária do diácono em potencial, mas deveria também considerar o histórico de serviço da pessoa na igreja.
  7. Esposa piedosa (v. 11): É discutível se o versículo 11 se refere à esposa do diácono ou a uma diaconisa. No que interessa a esta discussão, vamos assumir que o versículo esteja falando das qualificações da esposa de um diácono. De acordo com Paulo, as esposas dos diáconos devem ser “respeitáveis, não maldizentes, temperantes e fiéis em tudo” (v. 11). Como o seu marido, a esposa deve ser respeitável ou honorável. Em segundo lugar, ela não deve ser maldizente, uma pessoa que espalha fofocas. A esposa de um diácono deve também ser temperante ou sóbria. Isso é, ela deve ser apta a fazer bons julgamentos e não deve estar envolvidas em coisas que possam embaraçar tal julgamento. Por fim, ela deve ser “fiel em todas as coisas” (cf. 1Tm 5.10). Esse é um requerimento genérico que funciona semelhantemente ao requerimento para que os presbíteros e diáconos sejam “irrepreensíveis” (1Tm 3.2; Tt 1.6; 1Tm 3.10).
  8. Marido de uma só mulher (v. 12): A melhor interpretação dessa passagem difícil consiste em entendê-la como a fidelidade do marido para com sua esposa. Ele deve ser “um homem de uma única mulher”. Isso é, não deve haver qualquer outra mulher em sua vida com a qual ele se relacione em intimidade, seja emocionalmente, seja fisicamente.
  9. Governe bem seus filhos e a própria casa (v. 12): Um diácono deve ser o líder espiritual de sua esposa e filhos.
De modo geral, se uma qualificação moral é listada para presbíteros, mas não para diáconos, aquela qualificação ainda se aplica a estes. O mesmo ocorre para aquelas qualificações listadas para diáconos, mas não para presbíteros. Por exemplo, um diácono deve ser um homem de “uma só palavra” (v. 8). Paulo não afirma explicitamente o mesmo acerca dos presbíteros, mas não há dúvida de que tal se aplica a eles, uma vez que Paulo disse que os presbíteros devem ser “irrepreensíveis”, o que incluiria essa injunção.
Ainda assim, nós deveríamos observar as diferenças nas qualificações, uma vez que ou elas significam um traço peculiarmente adequado ao oficial para que cumpra seus deveres, ou são algo que era problemático no lugar para onde Paulo escreveu (no caso, Éfeso). Isso deve ficar mais claro à medida que passemos a considerar as responsabilidades de um diácono.

Por: Benjamin Merkle.

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Como mulheres ocupadas podem servir no ministério de mulheres?

Nos meus primeiros anos como mãe, escrevi uma carta para minha igreja, pedindo que pensassem em formalizar o ministério de mulheres. O pastor administrativo me chamou para uma reunião e prontamente me ofereceu o cargo. Eu fiquei muda. Na época, meus quatro filhos tinham entre 1 e 5 anos. Aquele homem estava maluco? Ele explicou que era evidente que eu me importava profundamente com as mulheres da igreja, e ele confiava em mim para montar um cronograma de atividades do jeito que eu quisesse. Ele sabia de um segredo quase sempre negligenciado em nossa cultura frenética: arranjamos tempo para fazer o que mais gostamos.
Assim, com o apoio entusiástico de meu marido, aproveitei as noites e o horário da soneca das crianças para construir o ministério de mulheres. Durante aqueles anos, não me envolvi com a Associação de Pais e Mestres na escola das crianças, nem me dediquei a nenhum clube de leitura; raramente praticava exercícios e não assisti muito à TV. Embora todas essas atividades tenham seu valor, eu deixei-as de lado para dar espaço ao ministério porque podia senti-lo trazer à vida algo dentro de mim. Mais que isso, pude ver o poder do evangelho operando em meio ao povo de Deus, mudando vidas por intermédio de seu Espírito e de sua Palavra.
Meu caso não é único. As mulheres de nossas igrejas têm de se desdobrar entre vários compromissos. Seja liderando um grupo de estudo bíblico, seja participando de um estudo bíblico que requer preparo, seja planejando uma conferência, elas serão desafiadas a encaixar essas atividades ministeriais em sua vida já bem ocupada.
Aqui estão cinco considerações que me ajudaram a decidir se, quando e onde investir meu tempo.
1. Lembre-se de sua prioridade ministerial
Nosso principal serviço é para com nossos relacionamentos primários. Qualquer compromisso ministerial que assumirmos não pode comprometer nosso relacionamento com o marido, os filhos ou os pais. Isso não significa que o serviço não irá tomar tempo desses relacionamentos (da mesma forma que a academia ou um encontro com as amigas tomam); quer apenas dizer que temos de ser conscientes quanto aos efeitos dessa decisão.
Se você for casada, converse com seu marido sobre o desejo de participar de algum ministério. Certifique-se de que vocês estão alinhados quanto a encontrar um lugar em que você possa servir, e quanto ao tempo que irá dedicar. Busquem em oração a melhor forma de encorajar, um no outro, crescimento espiritual e envolvimento com a igreja. Falando por experiência própria, o tempo que dediquei ao ministério fez de mim uma melhor mãe, filha e esposa. O tempo que dediquei fora de casa ao ministério me ajudou a valorizar e investir no ministério dentro de casa. Aqueles que passam seus dias em ambientes profissionais e mal conseguem esperar pelo estudo bíblico semanal ou o discipulado na igreja, por exemplo, geralmente falam não apenas de seu próprio crescimento espiritual, mas de um crescente desejo e habilidade de ministrar a parentes, amigos e colegas de trabalho.
2. Avalie (e reavalie) sua agenda
Embora a maioria de nós reclame de estar sempre ocupada, atentar para a maneira com a qual gastamos nosso tempo sempre irá revelar alguns minutos de sobra que podemos direcionar para um propósito melhor. Faça uma análise de sua agenda para determinar onde estão suas janelas de tempo livre. Depois, procure uma oportunidade de ministério que corresponda a essas janelas. Calcule quanto tempo você pode dedicar antes de se comprometer e, assim que se envolver com algum ministério, fique de olho para ver o tempo real que você está investindo nele. À medida que as fases da sua vida mudarem, reavalie se seu envolvimento com o ministério ainda condiz com suas novas demandas de tempo. Um compromisso que sempre a faz perder as atividades de seu filho provavelmente não se encaixa mais nessa nova fase. Daqui dois anos, no entanto, pode ser que esse compromisso se encaixe perfeitamente em sua agenda. Procure e ore por ministérios que permitam as melhores oportunidades de servir sua igreja, dentro do escopo de responsabilidades essenciais que Deus delegou a você na fase atual de sua vida.
3. Procure uma atividade condizente
Às vezes assumimos algum cargo no ministério sem levar em consideração nossos dons ou preferências porque se trata de uma necessidade imediata que Deus nos permite atender. Esse é um motivo válido, mas geralmente não dura muito. Nosso nível de participação e nossa perspectiva de serviço geralmente continuarão saudáveis quando nos associarmos a um ministério com o qual sentimos certa conexão pessoal.
O que você ama? Missões? Justiça social? Discipulado de jovens mães? Hospitalidade? Estudo bíblico? Procure uma forma de servir em um ministério que faça seu coração bater mais rápido. Há uma razão para Deus ter lhe dado um conjunto particular de dons e paixões. Deixe isso ser um ponto de referência para determinar onde investir seu tempo, a fim de se conectar produtivamente com o Corpo de Cristo ao seu redor.
4. Defina o compromisso
Mulheres geralmente desanimam no ministério porque uma tarefa que era administrável tornou-se um peso incontrolável ao longo do tempo. Para evitar que isso aconteça, considere se engajar em atividades que tenham uma descrição de trabalho e um período de tempo definidos. Uma boa líder pode lhe dizer exatamente o que espera de você. Peça-lhe para lhe passar por escrito a descrição de sua atividade. Depois, assuma mais responsabilidades apenas se vocês duas estiverem de acordo quanto a isso. Uma boa descrição de trabalho irá definir atividades específicas, o uso semanal de seu tempo, e uma expectativa da duração do serviço.
Comprometer-se a uma tarefa sem fim determinado é exaustivo e arriscado. Em vez de comprometer-se a discipular várias mulheres por tempo indeterminado, por exemplo, por que não considerar oferecer-se para se reunir com uma só durante um trimestre ou um semestre? Quanto mais claras forem as expectativas de todos, mais provável será que você consiga dedicar tempo para o ministério em questão. Dito isso, haverá momentos no ministério em que seremos convidadas a nos doar além das expectativas iniciais. Pela graça de Deus, esses momentos geralmente trazem não só um grande desafio, mas também a maior alegria.
5. Busque parceria
Dedicar tempo ao ministério significará tomar tempo de todas as outras áreas da nossa vida. Uma vez que muitas mulheres são, em primeiro lugar, donas de casa, as tarefas domésticas são aquelas que sofrem com o remanejamento. Antes de você abrir mão de seu ministério por causa da pia cheia de louça, considere o ministério como um tipo de parceria. Reconhecemos a importância de a família do pastor entender que ela toda faz parte do ministério, e não só o pastor. Esse mesmo princípio é verdadeiro em relação a todas as outras áreas do ministério dentro da igreja.
Ao longo dos últimos quinze anos tenho ministrado um estudo bíblico no período da noite. Minha família sabe que, no dia do estudo, quando me ajudam a preparar o jantar e a limpar a louça não estão apenas ajudando a mamãe; eles estão sendo meus parceiros no ministério às mulheres. Se uma atividade na igreja requer que você sacrifique um tempo que afeta sua família, analise como ela pode ser sua parceira, ajudando-a a lidar com as tarefas que você não tem condições de fazer.
Feliz prioridade
Ao assumir um compromisso definido que se ajuste a sua agenda, suas paixões e seus relacionamentos prioritários, servir no ministério de mulheres pode ser não apenas possível, mas também altamente gratificante. Se você se preocupa com o ministério entre mulheres, se você vê nele um grande potencial de impactar os lares, a igreja e a comunidade para a glória de Cristo, considere fazer dele uma feliz prioridade entre as outras exigências da vida. É uma maneira simples de investir parte de nosso tempo para tocar a eternidade.
Nota do Editor: Este artigo faz parte de uma série que aborda questões específicas relacionadas com o ministério entre as mulheres através da igreja local. Temos uma equipe de mulheres animada para responder a um seleto número de perguntas. Por favor, envie todas as perguntas sobre ministério de mulheres para nossa coordenadora de Iniciativas para Mulheres, Mallie Taylor (mallie.taylor [@] thegospelcoalition.org).
Em seguida, faça questão de obter uma cópia do livro “Ministério de Mulheres: Amando e Servindo a Igreja por meio da Palavra” (Editora Fiel). Este livro apresenta uma visão para o ministério entre as mulheres que é fundamentada na Palavra de Deus, cresce no contexto do corpo de Cristo e tem como objetivo a glória do Filho de Deus.  Você também pode participar de uma das Conferências para Mulheres do The Gospel Coalition.

Por: Jen Wilkin. © 2016 The Gospel Coalition. Original: Como Mulheres Ocupadas Podem Servir no Ministério de Mulheres?

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

O ministério da rebeldia



Mas este povo tem coração obstinado e rebelde; eles se afastaram e foram embora. (Jeremias 5:23) A rebeldia é amplamente condenada nas escrituras, por vezes sua consequência é a morte. A rebeldia ocorre, principalmente, com o questionamento ou a insatisfação contra a autoridade constituída, seja ela eclesiástica ou governamental.
Uma das principais consequências de um coração rebelde é a desobediência, mas poucas vezes o rebelde se dá por satisfeito, com isso e começa a inflamar os demais contra a liderança. Um rebelde tem grande poder de persuasão, o caso de Lúcifer que conseguiu arregimentar um terço dos seres celestiais é o melhor exemplo disso.
O rebelde não se detém em seu próprio descontentamento, ele quer causar o maior prejuízo possível, que causar ruptura, divisão, colocar uns contra os outros, depois disso ele se vai, levando consigo um grupo de seguidores, deixando um enorme legado de danos atrás de si.
Rebeldes sem causa
Cada nova denominação evangélica que surge é resultado de uma visão ou revelação diretamente do Espírito Santo para com determinado “ungido” escolhido desde o ventre. O que na verdade ocorre é que, na maioria das vezes, novas denominações são fruto da rebeldia e outras ambições. Líderes que não se permitem ser liderados, obreiros que se acham altamente capacitados e que estão tendo seu ministério travado por um pastor sem visão.
Desentendimentos, brigas, calúnias e toda sorte de difamação, esta é a tônica do surgimento de tantas e muitas denominações evangélicas que se proliferam a cada dia no Brasil.
Será que a obra de Deus precisa do surgimento de uma nova igreja a cada dia? Qual é a grande revelação que Deus tem para alguns que não cabe dentro de uma comunidade já estabelecida? Por quê o Espírito Santo parece incentivar a divisão do Corpo de Cristo em vez da comunhão? Pois as rupturas causadas pela rebeldia colocam irmão contra irmão, gera inimizade, porfia e dissenção.
A rebeldia é fruto de um coração endurecido ou resultado de uma obstinada ambição. Mesmo que seja por um motivo justificável, como a corrupção ou o pecado da liderança, ao agir com rebeldia, estamos indo contra a causa do Evangelho, ao mutilarmos o Corpo de Cristo. Não existe causa nobre ou válida sendo resultado de ódio, contenda ou divisão, pois tudo isso é rebeldia.
Deus faz que o solitário viva em família; liberta aqueles que estão presos em grilhões; mas os rebeldes habitam em terra seca. (Salmos 68:6)
Rebeldia disfarçada em submissão
É um erro acreditar que o rebelde é apenas aquele que se levanta, que divide, que gera contendas. Existem muitos rebeldes na Igreja, que se comprometem com o Pastor e a liderança, mas, falam pelas costas e agem como sabotadores. São adeptos da mentira e tem na fofoca sua arma mais poderosa. Tem o coração duro, são inflexíveis quanto ao aprendizado, pois se acham mais sábios que aqueles que o ensinam.
Uma das características dessa classe de rebeldia é a bajulação, que é usada para disfarçar uma vida pecaminosa e não aflorar a eminente rebelião. O bajulador se mostra sempre disponível, mas porque é dissimulado e usa desse artifício para alcançar seu objetivos, ou seja cargos e posição de destaque no ministério.
Esse rebelde consegue enganar por muito tempo, pois não revela sua verdadeira face, está oculto sob uma máscara de piedade e humildade dissimulada. Age pelo espírito de engano. Quando é detectado, certamente já causou um grande prejuízo à obra de Deus.
Todos eles são os mais rebeldes, andam murmurando; são duros como bronze e ferro; todos eles são corruptores. (Jeremias 6:28)
Discernindo a rebeldia
A rebeldia é uma revolta com motivos injustificáveis, atos de pessoas obstinadas, dispostas a causar o máximo de prejuízo ao ministério, é alguém que deseja posição que não lhe é de direito ou não está ainda apto a ocupá-la.
Nem toda revolta se trata de rebeldia, precisamos distinguir o que é um ato de rebeldia e o que não é, existem situações onde a liderança age com imprudência, o que causa indignação. Mas a indignação não é razão para a rebeldia, devemos agir como Cristo agiria e a Bíblia recomenda ao lidar com o erro e o pecado.
Meus irmãos, se algum entre vós se  desviar da verdade, e alguém o converter, sabei que aquele que converte o pecador do seu caminho errado salvará da morte a alma dele e cobrirá multidão de pecados (Tiago 5:19-20)
Mas, em situações extremas, a Palavra de Deus é categórica: Nós vos ordenamos, irmãos, em nome do Senhor Jesus Cristo, que vos aparteis de todo irmão que ande desordenadamente e não segundo a tradição que de nós recebestes; Caso alguém não preste obediência à nossa palavra dada por esta epístola, notai-o; nem vos associeis com ele, para que fique envergonhado. Todavia, não o considereis por inimigo, mas adverti-o como irmão. (2 Tessalonicenses 3:6,14-15)
Quando a rebeldia atinge seu ápice e já não há mais caminho para a exortação, devemos primar pelos princípios que regem a nossa fé, ainda que seja doloroso, não devemos compactuar ou acobertar a rebeldia: Rogo-vos, irmãos, que noteis bem aqueles que provocam divisões e escândalos, em desacordo com a doutrina que aprendestes; afastai-vos deles, porque esses tais não servem a Cristo, nosso Senhor, e sim a seu próprio ventre; e, com suaves palavras e lisonjas, enganam o coração dos incautos. (Romanos 16:17-18)
Aos vocacionados para o ministério
Cabe àqueles a quem Deus chamou e escolheu entender a máxima bíblica de que há um tempo determinado para todas as coisas. Ter  sido chamado não significa estar preparado, ter uma vocação não exclui a necessidade de capacitação. Moisés foi educado nos costumes egípcios para que décadas depois usasse este conhecimento para confrontar a Faraó e libertar o povo. José foi forjado em meio a traições e prisões para salvar o povo da catástrofe e da fome. Davi lutou muitas batalhas, mesmo tendo já recebido a unção como rei, para muito depois assumir o trono.
Umas das causas da rebeldia é a obstinação, que leva à precipitação. Aquele que não sabe esperar, talvez jamais tenha maturidade para exercer com sabedoria o dom que recebeu. Pois o dom em si é maravilhoso, mas se mal conduzido pode causar mal em vez de benção.
Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio. (Atos 6:3)
Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro, apto para ensinar; Não dado ao vinho, não espancador, não cobiçoso de torpe ganância, mas moderado, não contencioso, não avarento; Que governe bem a sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição, com toda a modéstia (Porque, se alguém não sabe governar a sua própria casa, terá cuidado da igreja de Deus? ); Não neófito, para que, ensoberbecendo-se, não caia na condenação do diabo. Convém também que tenha bom testemunho dos que estão de fora, para que não caia em afronta, e no laço do diabo. Da mesma sorte os diáconos sejam honestos, não de língua dobre, não dados a muito vinho, não cobiçosos de torpe ganância; Guardando o mistério da fé numa consciência puraE também estes sejam primeiro provados, depois sirvam, se forem irrepreensíveis. (1 Timóteo 3:2-10)
Conclusão
A rebeldia é real e intrínseca no meio evangélico, mas mesmo um ministério que seja fruto de uma atitude de rebeldia pode frutificar ante ao arrependimento e o reconhecimento do ato. Aquele que reconhece seu erro e se arrepende, receberá o perdão de Deus e dos servos de Deus.
Devemos nos lembrar que um reino dividido não prospera e que a Igreja é o Corpo de Cristo, um corpo mutilado não tem proveito algum. O corpo só funciona plenamente com todas as faculdades de seus membros em plena harmonia. Não consigo ver o corpo de Cristo deficiente, manco, coxo ou cego, pois, de fato o Corpo de Cristo é perfeito. Se somos motivo de divisão, rebeldia, dissenções ou porfias, estamos desligados do corpo, não fazemos parte dele.
Que a preciosa Graça nos alcance em abundante misericórdia!

Por Adenilton Turquete

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

O que fazer diante da decepção?

 
Um dos maiores riscos que o ser humano sofre nessa vida é o de ser decepcionado por alguém. Não há como negar que, todos os dias, estamos a beira do abismo das emoções exclusivamente porque, todos os dias, nos relacionamos com alguém.
A inegabilidade desta realidade me assusta, principalmente quando eu analiso a fundo a questão do ‘decepcionar-se’ nos dias de hoje.
Vemos que, devido a irresponsabilidade e a falta de um caráter moldado pelos padrões e princípios identificáveis plenamente ao Reino de Deus, a probabilidade de sermos traídos, magoados e frustrados com o outro ou o próximo praticamente triplicou nestes últimos dias (digo isto no sentido escatológico, sob uma perspectiva de que estamos bem próximos do fim) e nos colocou na linha de frente na batalha das emoções , onde (eu e/ou você) qualquer um de nós pode ser o próximo a ser atingido. Estamos no limite da emoção, prontos para o enlouquecimento!
Assumir esta realidade para si é o primeiro ponto para partirmos rumo a uma solução eficaz e que corrobora a esperança de uma melhora neste sentido. Porém, é também necessário apoiar-se no evangelho que te leva ao caminho do perdão e da misericórdia, para que você esteja mais preparado para enfrentar as oscilações naturais de todo relacionamento.
O evangelho sobretudo nos ensina a vivermos a vida da melhor maneira possível, cuidando das pessoas e valorizando-as e se permitindo perdoar quando necessário e também ser perdoado, quando necessário é. E é exatamente esse o lugar do equilíbrio tão almejado pelos seres que permeiam a história deste mundo decadente, onde as relações se destroem na mesma medida em que a natureza é destruída.
Para que vençamos a decepção, precisamos nos preparar para encontrá-la e termos a total consciência de que só amando sem esperar algo em troca é que conseguiremos derrotar este inimigo tão íntimo. Procure lembrar que neste jogo você é em potencial um instrumento de decepção a alguém, logo, é preciso simplificar a vida; e esta é a lei da sobrevivência existencial.
Se alguém te decepcionou ou você está agora decepcionado consigo mesmo, te dou uma dica: olhe para o alto e veja que Jesus, o homem mais justo que este mundo conheceu, sofreu do mesmo mal e obteve sucesso a partir da compassividade e da longanimidade.
Tenha um longo ânimo nas suas relações, não tome decisões precipitadas, não diga nada sem antes ter a certeza de que vale a pena dizer isso e não deixe que a decepção domine a sua alma, pois o amor é a base do bom relacionamento. Portanto, firme as suas escolhas nesta base e serás feliz nesta vida.
Que Deus te abençoe e te ajude a lidar com a decepção, superando-a através do Seu amor.

terça-feira, 1 de novembro de 2016

Reforma e Reavivamento

“… aviva a tua obra, ó Senhor, no decorrer dos anos…” (Hc 3.2).
Reforma e reavivamento estão intimamente interligados. Reforma é a base do reavivamento e o reavivamento é o resultado da reforma. Não há reavivamento sem reforma. Primeiro a igreja se volta para Deus em arrependimento; depois a igreja experimenta a poderosa visitação do Espírito Santo. Destacaremos aqui dois pontos importantes:
Em primeiro lugar, quando uma igreja precisa passar por uma Reforma? No passado, quando a igreja medieval se corrompeu doutrinária e moralmente, Deus levantou os Reformadores. Eles não fizeram inovações, mas voltaram ao antigo evangelho, ao único evangelho, à doutrina dos apóstolos. Hoje, muitas novidades foram introduzidas nas igrejas chamadas cristãs. Doutrinas e práticas estranhas à palavra de Deus foram acolhidas e disseminadas. O liberalismo teológico, fruto do Racionalismo, devastou muitas igrejas e ainda realiza um nefasto trabalho de desconstrução dos valores do Cristianismo. O liberalismo semeia ceticismo e dirige as pessoas incautas para fora das Escrituras. O sincretismo religioso, com suas esquisitices, está sendo introduzido em muitos arraiais, produzindo um fervor falso, um emocionalismo histérico, uma fé mística e uma apostasia galopante. Noutros redutos, percebe-se uma ortodoxia ossificada, um racionalismo árido, uma profissão de fé sem fervor espiritual. Sempre que a igreja aparta-se da simplicidade do evangelho, ela precisa voltar às origens. Sempre que a igreja se desvia da ortodoxia associada à ortopraxia, ela precisa de uma nova reforma. Sempre que a igreja abandona a centralidade da palavra associada à piedade, ela precisa voltar ao princípio de tudo e passar por uma nova reforma. Há igrejas que têm ortodoxia, mas não fervor. Há outras que fazem propaganda de uma espiritualidade postiça, mas desconhecem a intimidade de Deus. Teologia e ética precisam andar de mãos dadas. Doutrina certa e vida certa é o que Deus requer. Não podemos separar o que  Deus uniu: doutrina e vida, credo e conduta, luz na cabeça e fogo no coração.
Em segundo lugar, quando uma igreja precisa experimentar um reavivamento? O reavivamento é uma obra poderosa e soberana do Espírito Santo na igreja, levantando-a de sua apatia para experimentar um renovo da parte do Senhor. O reavivamento não é agendado pela igreja nem promovido por ela. Só o Espírito Santo pode operar essa obra. Cabe-nos preparar esse caminho, aterrando os vales, nivelando os montes, endireitando os caminhos tortos e aplainando os caminhos escabrosos. Uma igreja precisa de reavivamento sempre que ela perde o deleite na oração e a fidelidade à palavra e vê sua vida espiritual tornar-se árida e mecânica. Uma igreja precisa de reavivamento sempre que entra num processo de estagnação e perde seu entusiasmo pelas coisas lá do alto, apegando-se às coisas aqui da terra. Uma igreja precisa de reavivamento sempre que a comunhão fraternal entra em colapso e os relacionamentos ficam feridos por mágoas e ressentimentos. Uma igreja precisa de reavivamento sempre que a fidelidade a Deus nos dízimos e nas ofertas deixa de ser praticada para capitular-se ao secularismo materialista. Uma igreja precisa de reavivamento sempre que sua adoração a Deus se torna formal e ritualista em vez de ser em espírito em verdade. Uma igreja precisa de reavivamento sempre que sua agenda perde o vigor evangelístico e missionário. Uma igreja precisa de reavivamento sempre que pecados são tolerados em seu meio e o mundanismo começa a ganhar terreno. Uma igreja precisa de reavivamento sempre que, enganada pela síndrome de Laodiceia, não reconhece sua necessidade de mudança. Oh, que Deus nos desperte! Oh, que Deus nos reavive! Que um tempo de refrigério venha da parte do Senhor sobre nós, tirando-nos do marasmo letárgico para uma vida maiúscula, de plena alegria no Espírito Santo!

Rev. Hernandes Dias Lopes

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