Pastores
e teólogos que participaram como preletores da 19ª Consciência Cristã,
na cidade de Campina Grande, na Paraíba, apresentaram ao público de mais
de 12 mil pessoas que lotaram o Parque do Povo, a “Carta de Campina
Grande”.
O documento que foi redigido pelos
palestrantes do encontro e lido pelo pastor Renato Vargens(foto), remete às
doutrinas elementares da Reforma Protestante: Sola Fide, Sola Gratia,
Solo Christus, Sola Scriptura e Soli Deo Glória, doutrinas que
infelizmente jazem esquecidas por muitos movimentos que, embora se
autoproclamem evangélicos, tem se afastado cada vez mais das Escrituras.
Em comemoração dos 500 anos da
Reforma Protestante, a Consciência Cristã fez questão de reafirmar estes
pontos doutrinários sobre os quais o próprio evento e a sua instituição
mantenedora, a VINACC, estão fundamentados.
Segue abaixo a carta na integra:
“Há 500 anos, em 31 de outubro de
1517, o monge alemão, Martinho Lutero afixou às portas do castelo de
Wittenberg as suas 95 teses denunciando as indulgências e os excessos da
Igreja, iniciando com tal ato a Reforma Protestante.
Hoje, quinhentos anos depois, a
igreja evangélica brasileira tem enfrentado crises, lutas e desafios,
como também o surgimento de heresias e graves desvios teológicos. Como
se não bastasse, por fatores diversos, constatamos que uma parcela
significativa do evangelicalismo brasileiro tem abandonado o compromisso
com o evangelho ensinado por Cristo, proporcionando com isso um claro e
real afastamento das doutrinas defendidas pelos reformadores.
Para piorar a situação, os últimos
anos têm sido marcados pela ação de lobos ferozes, que mediante ensinos
espúrios têm induzido o povo de Deus a erros crassos, comercializando a
fé, vendendo o evangelho e negando a Cristo.
Diante disto, nós, membros da igreja
de Jesus Cristo, participantes do 19º Encontro para a Consciência
Cristã, além de repudiarmos aqueles que tem feito da igreja um negócio,
celebramos a comunhão que desfrutamos como povo de Deus, unidos ao redor
do evangelho de Cristo, e afirmamos:
1. Que a Escritura é a inerrante
Palavra de Deus, além de única fonte de revelação divina, como também
única para constranger a consciência. Afirmamos também que a Bíblia
sozinha ensina tudo o que é necessário para nossa salvação do pecado, e
que ela é o padrão pelo qual todo comportamento cristão deve ser
avaliado. Negamos também que qualquer concílio ou líder religioso possa
constranger a consciência de um crente, e que o Espírito Santo fale
independentemente de, ou contrariando, o que está exposto na Bíblia, ou
que a experiência pessoal possa ser veículo de revelação doutrinária.
2. Que a salvação do pecador se dá
única e exclusivamente pela obra mediatória de Cristo Jesus na cruz.
Afirmamos também que Cristo não cometeu pecado e que sua morte, expiação
e ressurreição por si só são suficientes para nossa justificação,
redenção e reconciliação com Deus. Além disso, negamos que o evangelho
possa ser pregado sem a proclamação da obra substitutiva de Cristo, bem
como seja possível alguém ser salvo fora de nosso Salvador.
3. Que ao sermos salvos por Cristo
somos resgatados da ira de Deus unicamente por sua graça. A obra
sobrenatural do Espírito Santo é que nos leva a Cristo, concedendo-nos
fé e arrependimento, libertando-nos de nossa servidão do pecado e
erguendo-nos da morte espiritual para a vida espiritual. Negamos também
que a salvação seja possível mediante ações ou obras humanas, como
também afirmamos que acreditamos que métodos ou estratégias humanas por
si só não podem realizar a transformação do pecador.
4. Que a justificação é somente pela
graça, somente por intermédio da fé, somente por causa de Cristo.
Afirmamos também que a justificação, a retidão de Cristo, nos é imputada
como o único meio possível de satisfazer a perfeita justiça de Deus.
5. Que como a salvação é de Deus e
realizada por Deus, ela ocorre para a glória de Deus e devemos
glorificá-lo sempre. Afirmamos também que como cristãos devemos viver
perante a face de Deus, sob a autoridade de Deus, e para sua glória
somente. Negamos que possamos apropriadamente glorificar a Deus se nosso
culto for confundido com entretenimento, se negligenciarmos ou
confundirmos a Lei ou o Evangelho em nossa pregação, ou se permitirmos
que o afeiçoamento próprio, a autoestima e a auto-realização se tornem
opções alternativas ao evangelho.
Assim, confiantes na graça de Deus,
assumimos este compromisso diante de Deus e de seu povo de perseverar
nessa fé, colocá-la em prática e ensiná-la com todo empenho, para vermos
em nossa nação brasileira um poderoso progresso do evangelho de
Cristo”.
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