NOSSA MISSÃO: “Anunciar o Evangelho do Senhor Jesus à todos, transformando-os em soldados de Cristo, através de Sua Palavra.”

Versículo do Dia

Versículo do Dia Por Gospel+ - Biblia Online

segunda-feira, 14 de maio de 2018

Como ensinar a criança a ler a Bíblia

“Não é fácil ler a Bíblia!”, possivelmente você já ouviu essa expressão e talvez até considere essa possibilidade. Então, não seria um contrassenso levar a criança a ler algo que é de difícil compreensão? Por que ela tem que fazer isso? É possível, uma criança ter o hábito de ler a Bíblia e ainda compreender o seu texto? Se essas questões inquietam você, vamos prosear sobre o assunto.

1. Incentive o hábito da leitura
Antes de pensar em ler a Bíblia, temos que lembrar que a leitura é um hábito que é construído desde a tenra idade. Por essa razão é importante incentivar a leitura em geral desde o nascimento da criança. Como? Leia para seu filho, leia regularmente diferentes histórias com bastante entusiasmo. Crie o hábito de interagir com a criança enquanto lê, peça para ela apontar um personagem no livro, fazer algum tipo de som ou gesto. Faça perguntas, das mais simples às mais complexas. Assim que a criança conseguir segurar objetos, forneça livros de plásticos e depois de tecidos e, finalmente de papel. Disponibilize diferentes livros em cada fase da criança. Ensine sobre o cuidado com os livros. Leve seu filho à biblioteca e livrarias, deixe-o se sentir encantado com a diversidade dos livros.

2. Seja um exemplo
A criança precisa ver seus pais (ou responsáveis) lendo, apreciando a leitura em geral e, principalmente, lendo a Bíblia e bons livros que nos ajudam a compreendê-la. Ver o empenho e esforço dos pais na leitura, estimula o filho. Há alguns anos, minha rotina era acordar mais cedo que minha filha caçula e fazer minha devocional, então percebi a orientação de Deus de que ela deveria ver esse momento. Fiz os arranjos necessários na rotina de forma que ela pudesse presenciar uma parte do meu tempo dedicado à leitura e oração. Para minha surpresa, um dia ela pegou sua bíblia e revista da escola dominical e disse que iria fazer a sua devocional. Não fiz qualquer alarde, mas por dentro estava exultante e grata a Deus pela sua graça.

3. Pesquise e compre para seu filho uma bíblia adequada para sua idade
É importante que a criança goste da sua Bíblia. Quando ela ainda não sabe ler, as Bíblias ilustradas são as mais indicadas. Inicie com as que têm menos textos e depois compre outras com textos mais longos. Quando estiver alfabetizada, forneça uma bíblia com uma tradução moderna e confiável. A Bíblia das Descobertas é minha sugestão para a criançada.

4. Crie um ambiente devocional em casa
Aprendemos e desenvolvemos nossa espiritualidade quando estudamos a Bíblia sozinhos, mas também aprendemos e somos estimulados quando estudamos e oramos juntos. A regularidade de um momento com essa finalidade é imprescindível. Veja mais sobre esse assunto no artigo Como e por que fazer o culto doméstico.

5. Mostre o motivo para ler a Bíblia regularmente
Deus nos criou para nos relacionarmos com ele. Foi assim desde o Éden quando o Senhor ia ao encontro de Adão para conversarem, foi assim com Moisés quando conversava com Deus “como quem fala com o seu amigo”, foi assim quando Jesus disse que não mais nos chamaria de servos “mas sim, de amigos”. Para conhecer o nosso Deus, Senhor, Salvador e Amigo precisamos ir à fonte, e essa fonte é a sua Palavra. A Bíblia não é sobre nós, mas é sobre Deus, sobre o seu plano eterno de nos fazer seus filhos. Por causa do pecado, nossa tendência é sair fora, mas pela graça e pelo Espírito Santo que age em nós (e nossos filhos), podemos abrir os olhos e “ver as maravilhas da sua Lei”.

6. Ajude a formar um plano e uma rotina
E agora, por onde começar? No início é bom que haja um material de apoio, livro devocional adequado para a idade (Sugestão: Surpresa para hoje, da RTM e União Cristã). Depois, incentive seu filho a fazer uma leitura sequenciada. Que tal começar com o evangelho de Marcos? É o evangelho que tem mais ação e, por ser o menor dos evangelhos, a criança terá a satisfação de completar a leitura em breve. Depois poderá ler o Evangelho de João e ver outra perspectiva da vida e ministério de Jesus. Algumas cartas pastorais como Tiago e as cartas de João, são indicadas. Fale da importância dele orar antes da leitura, pedindo a ajuda de Deus para ficar atento e compreender o texto. Diga que ele deve ler pelo menos duas vezes a passagem bíblica. Em seguida deve refletir e fazer algumas perguntas, tais como:

- O que essa passagem me ensina sobre Deus?

- O que ela me ensina sobre as pessoas e sobre eu mesmo?

- O que Deus quer que eu faça?

É importante que a criança termine esse tempo orando mais uma vez comprometendo-se em cumprir o que observou.

Pais, é certo que seu filho vai falhar e, por vezes, a preguiça falará mais alto, então ele pode deixar de ler ou ler sem qualquer atenção. Mas não desista! Mostre interesse, pergunte, fale sobre seu tempo devocional. Incentive-o com carinho e firmeza. Conheço algumas famílias que premiam seus filhos quando terminam a leitura de livros da Bíblia (ou determinado número de páginas).

Não tenho dúvidas que o maior legado que podemos passar para nossos filhos é o amor ao Senhor e o apego à sua Palavra. Isso exigirá de nós compromisso, determinação, força de vontade e, sobretudo, dependência de Deus. Mas tenho certeza, valerá a pena!

BÔNUS: Clique aqui e veja uma lição sobre Tempo com Deus, da revista MQV Júnior, Editora Cultura Cristã. Conheça as revistas MQVs (Mais que Vencedores) Júnior e Kids.


É editora assistente da Editora Cultura Cristã, responsável pelos materiais infanto-juvenis.

domingo, 13 de maio de 2018

Sou mãe, não tenho emprego, apenas trabalho

Eram nove horas da noite de uma sexta-feira, talvez por isso ninguém tenha me visto passar o crachá na saída daquele dia de trabalho. Dia que seria meu último antes da licença-maternidade do meu primeiro filho. Mal poderia imaginar que aquela passada de crachá era uma despedida – o início dela. Algo me dizia que eu não voltaria, ou pelo menos não voltaria a mesma.

Lembro como se fosse ontem que na manhã daquele dia minha chefe me perguntou despretensiosamente, mas com muito carinho, se eu achava que assim que eu tivesse meu filho eu iria querer ser "só mãe". Seu tom de voz sugeria que ela sentiria minha falta se essa fosse minha decisão. "Imagina!" - neguei veementemente - "Não consigo me imaginar sem meu trabalho". Naquele momento não conseguia mesmo.

Tanto que voltei a trabalhar depois de seis maravilhosos e desesperadores meses de licença maternidade. Foram seis meses em casa cheirando cangote de neném e leite azedo, de cabelo despenteado, coração transbordando de amor e alma desarranjada. Para dizer a verdade, eu não via a hora de voltar a seu "eu mesma". Nos primeiros dias de volta ao trabalho, meus peitos empedrados não me deixavam esquecer da saudade quase incontrolável daquele cheirinho gostoso de bebê e dedinhos mexendo no meu cabelo enquanto me encarava com olhar de satisfação. Ao mesmo tempo, tentava afogar com café a culpa de estar me sentindo tão aliviada e até mesmo feliz de poder conversar com outros adultos, colocar uma roupa bonita, esconder minhas olheiras e não estar mais cheirando azedo. Eu queria mergulhar de cabeça novamente na sensação de segurança, valor e autoestima que o ambiente controlado do meu trabalho me dava, mas meu cansaço, falta de foco e coração latejando não deixavam. Tudo estava diferente dentro de mim. E qual foi minha surpresa quando eu percebi que não me encontrei novamente ali.

>>> Ser mãe é padecer no paraíso? <<<
Só que toda vez que pensava em parar de trabalhar eu me relembrava dos meses de licença maternidade, da sua solidão, da impotência, das longas horas cheias de pequenas coisas do cotidiano que parecem não se juntar em nada grandioso, da falta de me sentir produtiva. Já quando pensava em continuar trabalhando me deparava com a insatisfação de não poder passar mais de três horas por dia com meu filho e, pior, de estar trocando o meu tempo com ele por reuniões improdutivas e tarefas que não tinham mais o mesmo valor e propósito para mim. Não via esperança ou solução mágica em nenhuma das alternativas.

Foi então que eu percebi que a questão era menos se eu continuava trabalhando ou deixava de trabalhar, mas em que base eu estava construindo minha identidade, o que eu estava usando como combustível para minha sensação de valor. Nossa sociedade nos incentiva a construir esse senso de valor na nossa produtividade e alta performance. E aí trabalhamos como se não houvesse mais amanhã. Como se não ter um emprego significasse não existir, não ter segurança, não ter valor. Passamos a vida acumulando rótulos profissionais e currículos para nos sentirmos importantes.

Foi então que, em meio a esse dilema existencial me foi feita a pergunta que mudaria para sempre minha perspectiva sobre trabalho: "Se dinheiro não fosse o problema você pararia de trabalhar, continuaria trabalhando no que você está fazendo hoje ou investiria esse dinheiro em outro trabalho?".

>>> Sou mãe. E agora? <<<
Foi então que eu percebi que não trabalhamos para ganhar a vida. A vida já está ganha. Ela já nos é dada, de graça, todos os dias. Trabalhamos para dar vida àquilo que o mundo precisa para ser um lugar mais harmonioso, justo e bonito. E isso independe de dinheiro na conta ou não. As contas pagas e o coração sorrindo devem sempre ser a consequência de um trabalho bem-vivido, nunca a razão. Na verdade, ouso dizer que os trabalhos mais bem-vividos podem até chegar a não receber nenhum centavo em vida, mas como são valiosos. Pois não há trabalho maior que dar sua vida para dar vida e criar pessoas generosas e amadas. Não há dinheiro que pague o valor e trabalho dessas vidas.

É uma grande ilusão achar que fomos feitos somente para usufruir e que o trabalho é um somente meio de conseguir dinheiro para comprar aquilo que nos propiciará momentos de prazer e uma vida tranquila. Mas e se, na realidade, nós tivéssemos sido feitos para trabalhar? E se a nossa vida tivesse sido projetada para que fôssemos férteis de pessoas e também de ideias? E se parir essas ideias desse tanto trabalho quanto parir uma pessoa? E se criar um projeto fosse feito para ser justamente tão não-tranquilo como criar um filho? E se o trabalho fosse um meio de termos momentos de prazer em meio a momentos de desprazer, enquanto construímos algo significativo e valioso?

Meu valor não está no meu trabalho, mas o meu trabalho tem valor, ganhe eu um tostão por ele ou não. Depois de muito ponderar sobre essas questões a minha decisão final foi de sair do mundo corporativo, mas nunca deixar de trabalhar. Porque através do trabalho das minhas mãos, seja ele trocando as fraldas dos meus filhos, seja em um projeto remunerado (e às vezes fazendo as duas coisas ao mesmo tempo), posso tornar a Terra um pouco mais como o céu. Lá onde não há ouro, lá onde está o meu tesouro. Enquanto não chego lá, não me cansarei de trabalhar aqui.

• Luiza é discípula de Jesus, casada com Paulo há 7 anos, mãe do Gabriel de 3 anos e do João de 1 ano (foto). É estrategista de conteúdo e experiências digitais e depois que se tornou mãe trocou a carreira no mundo corporativo pelo home office para poder acompanhar de perto o crescimento e criação dos pequenos. Nesse meio tempo, criou o blog Mochilinha e Violão onde compartilha seus aprendizados dessa escolha por caminhar mais devagar e viver uma vida mais leve, criativa e autêntica ao lado dos filhos e família.

sexta-feira, 11 de maio de 2018

Os pais não são infalíveis, mas algumas atitudes ajudam a evitar tragédias

Livro da Semana  | Pais Santos, Filhos Nem Tanto

O exemplo da família de Davi nos ajuda a avaliar o que pode ser evitado dentro de casa.

O exemplo da família de Davi nos ajuda a avaliarmos o que pode ser evitado dentro de nossos lares para que não venhamos a experimentar tragédias como as que aconteceram na casa do mais conhecido rei de Israel. Embora fosse um homem segundo o coração de Deus, Davi não teve sucesso como pai de família. […]
Para evitar uma catástrofe familiar, fujamos da ideia de que os desejos dos filhos não podem ser reprimidos. Uma das maiores mentiras da nossa sociedade é a de que é preciso dar aos filhos tudo o que não tivemos na infância ou adolescência, sejam bens materiais ou liberdades. Falsos especialistas afirmam que, ao agir assim, não traumatizamos nossos filhos. Porém, se os pais não deixam claro para o filho, desde muito cedo, que ele não pode nem precisa ter tudo que a sociedade de consumo oferece com promessas de felicidade e satisfação, correm o risco de vê-lo começar a impor condutas e liberdades que julgam erradas. Além disso, podem surgir discussões fervorosas com os pais, as quais terminarão em gritos e até mesmo agressões físicas.
Certa vez, atendi em meu consultório um pai que, após ter levado um soco do filho adolescente de 16 anos, se queixava dizendo:
— Não entendo por que ele fez isso. Sempre dei-lhe tudo o que me pediu. Só porque mandei que desligasse o computador às três da manhã?
Este pai fez o filho acreditar que a vida nunca impõe limites, mas que ele pode fazer o que quiser, pois todos sempre concordarão. Pais que não querem ver a desgraça bater à porta das próprias casas não podem ser permissivos com os filhos. Não devem ceder quando o filho não quer ir à igreja, pois “precisa” ficar jogando no computador. Caso contrário, ao chegar à adolescência, a filha quererá que o namorado durma com ela no quarto, pois viu isso na televisão. E ainda exigirá que os pais comprem para ela uma cama de casal, afirmando que “em casa é mais seguro”. Eles terão poucas forças emocionais para se opor a isso. Limites devem ser estabelecidos desde cedo na vida da criança, sobretudo quando ela tenta manipular os pais com choro. Uma mãe disse certa vez que a filha de três anos ainda dormia junto com o casal, pois, “quando ficava sozinha no quarto dela, chorava e a mãe tinha de dormir com ela”. Afirmei a essa mãe que as chantagens emocionais aumentam com o passar do tempo e, caso ela não impusesse limites claros, logo perderia o controle.
Alguns “especialistas” afirmam que não devemos impor nossos valores aos filhos, antes, devemos deixá-los escolher livremente aqueles que julgarem melhores, pois isso é a “verdadeira liberdade”. Nada mais equivocado. É necessário deixar claros aos filhos os valores que julgamos importantes para a vida. Assim, se seguimos os princípios cristãos ensinados por Jesus nos Evangelhos, devemos transmiti-los aos filhos desde cedo, contando histórias da Bíblia para eles e realizando momentos de devocionais em família. De igual forma, devemos contar-lhes nossas experiências pessoais com Deus e os pequenos milagres que ele realizou em nossas vidas, pois isso os influenciará nas escolhas que terão de fazer. É importante reservar um tempo especial para contar histórias bíblicas e orar com os filhos antes de dormir. Esta tarefa não pode ser delegada a terceiros. Um dos grandes equívocos de Davi foi conferir o cuidado do coração dos filhos a terceiros. Os pais são líderes espirituais na família, e isso é um privilégio.
É preciso que deixemos claros aos filhos os valores que temos sobre sexualidade. Se não o fizermos, eles buscarão informações e valores na internet, nos debates televisivos dos canais voltados ao público adolescente e nas cartilhas mal elaboradas e tendenciosas que receberão na escola. A melhor forma de transmitir valores relacionados à sexualidade é a vivencial. Quando o marido trata a esposa com ternura, respeito e carinho, falando e demonstrando abertamente que a ama, o filho associa a sexualidade com estes valores e incorpora uma visão saudável do significado de um relacionamento íntimo em que o outro é tratado como sujeito e não como objeto.
Um elemento importante que contribui para a desgraça familiar na narrativa bíblica que analisamos é o silêncio de Davi em relação aos filhos, como já mencionamos. Evitar o diálogo com o cônjuge e os filhos é caminhar a passos largos para uma tragédia. Além disso, as conversas não devem ser superficiais ou baseadas em cobranças, apenas para saber como vão as notas no colégio ou como foi o resultado do futebol. Precisamos desenvolver diálogos profundos sobre temas significativos, como projetos de vida, e também sobre os “antivalores” que eles ouvem na convivência com os colegas.
Os pais não podem ter medo de demonstrar emoções — principalmente as positivas — na frente dos filhos durante os diálogos. Emocionar-se é mostrar-se humano, e os filhos conseguem aproximar-se com mais facilidade quando percebem humanidade nos pais. Infelizmente, alguns pais só demonstram emoções na hora da raiva, fazendo valer o porte físico e o timbre de voz para gritar com os filhos e intimidá-los. Talvez acreditem que os gritos ajudam os filhos a ouvi-los melhor ou, pior ainda, recorram à força física para demonstrar ira e indignação.
Este modo de expressar as emoções pode ser um veneno mortal para o vínculo entre pais e filhos, sobretudo se o filho for adolescente. Neste caso, a reação paterna gerará amargura, pois o filho se sentirá agredido. Além disso, fará com que o coração dele se distancie do coração dos pais.
É necessário disciplinar os filhos sempre. Isso deve ser feito olhando nos olhos deles. Os olhos são a janela da alma e, se os pais olharem bem fundo nos olhos deles, verão uma criança ou adolescente ingênuo, que precisa aprender a lidar de forma saudável com o meio onde está — e não um monstro a ser domado com gritos e bofetões.
>> Trecho retirado do capítulo 8, Composição desastrosa, do livro Pais Santos, Filhos Nem Tanto (Editora Ultimato).

quinta-feira, 10 de maio de 2018

Pais, estejam atentos às práticas espirituais das crianças

Pais, não tomem o provérbio bíblico “ensina a criança” e trate-o como uma promessa, assumindo que, se fizerem tudo certo em sua paternidade e maternidade, seus filhos irão bem. Provérbios são verdades gerais, não promessas específicas. Além disso, quando consideramos o contexto geral da Bíblia, vemos quão contraproducente é tentar treinar nossos filhos para confiarem em Deus se o que mostramos para eles é que confiamos em nosso treinamento.
Mas, apesar de colocarmos a nossa esperança em relação aos nossos filhos em Deus, não em nosso treinamento, reconhecemos como esse provérbio nos ensina a treinar seriamente os nossos filhos — tanto para onde guiá-los quanto também para pastorearmos os seus corações. E parte desse pastoreio e orientação inclui o efeito de uma cultura familiar.
Em um novo estudo LifeWay Research entrevistou 2.000 protestantes e não-denominacionais que iam à igreja pelo menos uma vez por mês e têm filhos adultos entre 18 a 30 anos. O objetivo do projeto era descobrir quais práticas dos pais eram comuns nas famílias onde os jovens adultos permaneciam na fé. O que afetou o desenvolvimento moral e espiritual deles? Quais os fatores que se destacavam?
Vocês podem esperar que os cultos de adoração familiar desempenham um papel importante, ou o simples hábito de comer em torno da mesa. Talvez vocês esperariam que uma criança que frequentou uma escola cristã fosse mais tendente a seguir Jesus do que uma criança que estudou em escola pública. Todos têm ideias sobre quais práticas são positivas para crianças.
A pesquisa indicou que as crianças que permaneceram fiéis como jovens adultos (se identificando como cristãos, compartilhando a sua fé, permanecendo na igreja, lendo a Bíblia e assim por diante) cresceram em lares onde certas práticas estavam presentes.
Leitura bíblica
O maior fator foi a leitura da Bíblia. Crianças que liam regularmente a Bíblia enquanto cresciam eram mais propensas a ter uma vida espiritual vibrante quando se tornaram adultos. Essa estatística não me surpreende. A Palavra de Deus é poderosa. A Bíblia revela a grande história de nosso mundo e nos ajuda a interpretar as nossas vidas e a tomar decisões no âmbito de uma cosmovisão bíblica. A leitura da Bíblia é um constante lembrete de que vivemos como seguidores de Deus. Nosso Rei falou. Ele reina sobre nós. Nós desejamos andar em seus caminhos.  
Oração e serviço
Mais dois fatores seguem bem atrás: oração e serviço na igreja. A prática da oração não foi especificada, se era privada ou congregacional, antes das refeições ou antes da hora de dormir, ou pela manhã. Porém, a oração estava presente.
Observe que o fator relacionado à igreja é sobre o serviço, não apenas a frequência. Não era apenas que os pais levassem os seus filhos para a igreja (onde o “pastor profissional” poderia nutri-los espiritualmente), mas que as crianças eram incluídas e integradas na igreja através do serviço. O hábito de servir aos outros na igreja e na comunidade provavelmente formou esses jovens adultos de um modo que os impediu de se identificarem apenas como “consumidores” da igreja, mas sim como contribuintes da edificação do povo de Deus. Um pouco abaixo na lista, as viagens missionárias da igreja aparecem como outro indicador do poder do serviço ativo.
Canto de músicas cristãs
O que pode surpreender vocês é quão alto na lista estava esse fator: ouvir principalmente músicas cristãs. A música contemporânea cristã tem uma má reputação atualmente, em geral por ser mais inspiracional do que teológica (embora eu acredite que este estereótipo não é verdadeiro em todos os casos). Ainda assim, não devemos descartar a verdade por trás da antiga observação de Agostinho de que nós cantamos a verdade em nossos corações. Quando cantamos juntos como congregações e quando louvamos a Deus individualmente ou cantamos músicas que fortalecem a nossa fé, enfatizamos a beleza da nossa fé. (Também foi notável descobrir abaixo na lista que ouvir principalmente música secular foi um indicador que afetou negativamente a vida espiritual).
Cultura, não programas
Há décadas, muitos cristãos têm assumido que certos programas da igreja são os fatores-chave no desenvolvimento espiritual de uma criança: escola bíblica de férias, atividades de grupos de jovens, escola dominical, e assim por diante. Mas esse estudo mostra que tais programas têm um impacto quando estão conectados a hábitos consistentes de oração, leitura bíblica, louvor e serviço. É a cultura familiar e da igreja, e o que mais importa é o fato que eles integram as crianças e os jovens em disciplinas espirituais, e não o modo como isso acontece.
Também é impressionante o impacto do exemplo dos pais em relação a lerem a Escritura, participarem de projetos de serviço, compartilharem a sua fé e pedirem perdão após pecar. Em outras palavras, quanto mais a vida cristã penitente e alegre fosse exemplificada, as crianças mais provavelmente ​​permaneceriam na fé.
O poder da imitação e do ambiente
A pesquisa não deve ser mal utilizada de forma a transformar as crianças em “páginas em branco”. Não existe uma fórmula perfeita para pais e, como mencionei acima, ninguém deve assumir que existe uma fórmula ou método infalível para garantir o resultado de um filho crente. Não superestimem o seu poder. O Espírito Santo é quem salva, não vocês.
Contudo, também não subestimem o poder do Espírito agir através do ambiente que vocês criam para o seu lar. Existe um poder na fiel imitação cristã. As crianças são mais propensas a se arrependerem e pedirem perdão quando viram os pais fazerem isso e quando experimentaram a graça nas relações humanas. As crianças são mais propensas a aspirar ao cristianismo fiel quando veem o serviço alegre como uma virtude exemplificada no lar.
  • Que tipo de cultura desejamos em nossos lares e igrejas?
  • Que espaço criamos para que nossos filhos floresçam?
  • Como enraizamos nossas famílias na Palavra de Deus?
  • Como estamos exemplificando a oração e o arrependimento?
  • Como a fidelidade é demonstrada em nosso lar?
  • Quais são as músicas que estão em nossos corações e em nossos lábios?
  • Como estamos cumprindo a Grande Comissão?
Façamos essas perguntas e supliquemos a Deus que opere em nós e através de nós, para a sua glória e para o bem de nossas famílias.

Por: Trevin Wax. © The Gospel Coalition. Website: thegospelcoalition.org. Traduzido com permissão. Fonte: Parents, Take Note of the Spiritual Practices Common to Kids Who Flourish As Adults.

sexta-feira, 4 de maio de 2018

Você não é o que você faz

“O que você é?”

“Eu?! Eu sou engenheiro.”

Não foram poucas as vezes que respondi dessa forma tal pergunta. Mas, você já observou quão estranha é essa resposta? Uma frase altamente filosófica, que questiona o mais profundo de nossa identidade, tão naturalmente respondida com o que temos como profissão. Troque por médica, mecânico, secretário, bibliotecária... não importa, nenhuma profissão é tão forte ou importante que venha substituir quem nós realmente somos.

No ambiente religioso cristão, entretanto, essa tensão é acrescentada de outro fator: o “chamado”. Apesar de insistirmos em dizer que cremos no “sacerdócio universal”, ou seja, que todos os crentes em Jesus são sacerdotes do Senhor para uma humanidade distante do Pai, separamos os ofícios entre os que têm um chamado: pastores, evangelistas e missionários, e os demais, que, por não possuírem tal chamado, devem se contentar com uma profissão “secular”. Assim, repetimos o erro católico romano de separar cristãos em clero e leigos e dividimos nossa igreja entre ordenados e membresia.

Entenda-me. Não estou negando que Deus chame e separe alguns para ministérios especiais no Corpo de Cristo, como bem ressaltou Paulo aos Efésios (4:11), mas a mesma passagem diz que o desempenho do serviço cristão é tarefa de todos, e não de apenas desses (Ef 4:12).

Então, todos trabalharão tempo integral para servir a Igreja? Com certeza, não! A diversidade de dons do Espírito Santo é um reflexo na Igreja da diversidade de dons e talentos dados a todas as pessoas, em todos os lugares. Uns gostam de lecionar, outros de criar engenhocas, outros de consertá-las. Enquanto alguns gostam de cozinhar, outros preferem lavar as louças. A teologia protestante enfatiza o trabalho diligente como um sinal da graça de Deus, e não um castigo a ser tolerado, já que não recebemos o tal chamado. Ver o trabalho de tal forma é o princípio da libertação de seu jugo.

Quando Paulo orienta os servos (escravos) em sua Carta aos Colossenses, ele ressalta que, apesar de estarem servindo sob condições infinitamente piores que em um emprego comum dos dias de hoje, eles deveriam ter em mente que não estavam servindo seus senhores, mas ao próprio Senhor Jesus (Cl 3:22-25). A distinção entre trabalho secular e sagrado está muito mais em nossas mentes e teologia do que no coração de Jesus. Por isso, Paulo clama: “tudo o que fizerem, seja em palavra ou em ação, façam-no em nome do Senhor Jesus, dando por meio dele graças a Deus Pai” (Cl 3:17).

Formei-me em engenharia há 25 anos e por cerca de vinte exerci a profissão. Depois disso, dediquei-me integralmente ao ministério pastoral, mas durante cerca de doze anos dividi-me entre os dois ofícios. Das várias coisas que tenho aprendido com as experiências dessa graça de Deus, posso dizer que não arriscaria dizer que o ministério religioso é superior ao trabalho dito secular, apesar de admitir tal tentação. Há lugares, pessoas e situações que apenas o profissional cristão poderá estar, tocar e vivenciar. Lugares onde ministros religiosos e missionários nunca pisarão os pés, mas que servos sem títulos eclesiásticos poderão não só estar, mas terão a oportunidade de ministrar aos perdidos mais perdidos.

Permita-se ser um profissional de Cristo. Seja qual for a profissão, seja onde for o emprego, Deus o plantou aí para ser um sacerdote para os demais, sal da terra e luz do mundo, para proclamar que só há um Senhor sobre tudo e sobre todos, que morreu, ressuscitou, vive e voltará. Para isso servimos, hoje e sempre.

• Luís Fernando Nacif Rocha é Pastor auxiliar na Oitava Igreja Presbiteriana de Belo Horizonte. É mestre em Teologia Bíblica do NT pelo Alliance Theological Seminary, EUA, e atua na área de missões, pequenos grupos e ensino.

Imagem ilustrativa: Designed by Freepik

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