
A exclusividade da Globo no registro da prisão
de Caio Silva de Souza, 25, suspeito de ter atirado o artefato explosivo que
causou a morte do cinegrafista Santiago Andrade, na quinta-feira passada no Rio
de Janeiro, gerou revolta nos bastidores da Band. Os jornalistas da emissora não
se conformam o fato de a Globo ter tido acesso com exclusividade a uma operação
policial que prendeu um dos envolvidos na morte de um profissional da própria
Band. Protegidos pelo anonimato, eles acusam o Polícia Civil do Rio de Janeiro
de privilegiar a Globo, como já ocorreu anteriormente em operações da Polícia
Federal, como a que prendeu, em setembro de 2005, o ex-prefeito Paulo Maluf e
seu filho, Flavio Maluf. Na época, o repórter Cesar Tralli se fantasiou de
agente policial. A Globo nega ter sido favorecida pela polícia. Em nota, diz que
sua "equipe seguiu os investigadores, a partir de informações apuradas pela
reportagem, profissionalmente". A Secretaria de Segurança do Rio de Janeiro não
comentou até a conclusão deste texto. A prisão de Souza foi acompanhada pela
repórter Bette Lucchese, um cinegrafista e um técnico. Eles seguiram os
policiais desde o Rio de Janeiro. Viajaram no mesmo avião que os policiais até
Salvador e acompanharam os agentes de carro até Feira de Santana. Retornaram no
mesmo avião e registraram toda a ação. A versão da Globo de que seus jornalistas
seguiram os investigadores não convence os profissionais da Band. "Se os
jornalistas da Globo foram juntos com a polícia é porque foram convidados ou
autorizados", diz, revoltado, um repórter. Quem conhece os bastidores das
operações policiais sabe que repórteres não seguem investigadores. É a polícia
que avisa quando realiza uma prisão ou operação especial. Do contrário, a
polícia poderia impedir os jornalistas de segui-los, e até prendê-los, sob a
acusação de tentativa de obstrução da Justiça. A polícia também poderia impedir
os repórteres sob o argumento de risco à vida. A Globo enviou a seguinte nota:
"A equipe da TV Globo viajou em avião de carreira, pagando suas despesas, como é
norma da emissora. Em terra, chegou até Feira de Santana, em táxi pago pela
equipe. Não é verdade que a equipe foi convidada pela Secretaria de Seguranca. A
equipe seguiu os investigadores, a partir de informações apuradas pela
reportagem, profissionalmente. O jornalismo da Globo não obteve qualquer
favorecimento. Desde o início da cobertura, a TV Globo vem dando informações em
primeira mão sobre o caso, adotando os princípios de trabalhar com isenção,
precisão e agilidade, observados pelo jornalismo da emissora." (Daniel
Castro)
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