Usando como ilustração a trama do livro Os Miseráveis, de Victor Hugo, Carrasco diz considerar a “fofoca” algo “maléfico” e resultado de “preconceito”.
“A proposta de ‘cura gay’, do deputado Marco Feliciano, já foi muito comentada. Seria chover no molhado dizer quanto isso nos ridiculariza internacionalmente, já que a Organização Mundial da Saúde não classifica a homoafetividade como doença e, portanto, não se trata de algo a curar. Mas quero olhar a questão por outro ângulo. Todo esse movimento liderado por Feliciano, entre os evangélicos, e pela deputada Myrian Rios, como católica carismática, entre outros, não pode ser confundido com fé. É uma enorme curiosidade pela vida alheia. Como fofoca transformada em questão política”, escreveu o autor da novela Amor à Vida, da TV Globo.
Segundo Walcyr Carrasco, as “fofocas” tem o poder de destruir vidas e distorcer fatos: “Tenho uma tia que frequenta a igreja Assembleia de Deus. Nunca corta os cabelos, devido a uma interpretação do Velho Testamento, em que eles são descritos como ‘véu da mulher’ – embora nada proíba Feliciano de depilar as sobrancelhas. Adolescente, eu morava em Marília, interior de São Paulo. Uma jovem evangélica da Assembleia deixou de ser virgem. A fofoca se espalhou no templo. A moça foi expulsa publicamente da igreja. Não é o primeiro preceito cristão acolher os pecadores?”, questiona o autor.
Carrasco conclui sua análise dizendo que o PDC 234/2011 é resultado de um ciclo iniciado por “fofocas” que levam à discriminação de homossexuais: “Normatizar a vida dos fiéis é exercer poder sobre eles. Esse poder é exercido pela fofoca entre os membros da comunidade religiosa, que passam a controlar o comportamento uns dos outros. Trazer esse tema, da igreja, para a política, é um acinte para a sociedade. Quanto mais se fala em ‘cura gay’, mais cresce o preconceito. E o preconceito estimula a fofoca, o controle sobre o comportamento alheio. É um risco para quem acredita nas liberdades individuais”.
Confira a íntegra do artigo de Walcyr Carrasco, para o site da revista Época:
Por Tiago Chagas, para o Gospel+
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