O controle dos pais sobre o modo como as crianças serão
expostas à educação sexual na sala de aula foi debatido na semana
passada numa comissão das Nações Unidas dedicada ao tema da infância.
A
proposta era que, após a leitura do Terceiro Comitê da 72ª Sessão,
fosse aprovada uma resolução recomendando que crianças pequenas pudessem
ser expostas a aulas sobre sexo sem a necessidade de os pais serem
informados. Entre os favoráveis estava o Brasil.
A maneira como votou cada país pode ser visto aqui. Y (sim) é para barrar as resoluções e N (não) é para sua aprovação.
Contudo,
após a manifestação contrária dos Estados Unidos, que sob o governo
Trump tem impedido o avanço das agendas liberais, os países do
continente africano votaram em massa uma emenda contrária. A exceção foi
a África do Sul, que ficou ao lado dos países europeus, que sugeriram a
mudança.
Sendo assim, a autoridade dos pais sobre a educação sexual dos filhos está, temporariamente, garantida.
O
Center for Family and Human Rights, uma ONG pró-vida, explica que o
bloco africano e a pequena nação caribenha de Santa Lúcia orquestraram a
votação que barrou – com 90 votos a favor da mudança e 78 contrários –
as três resoluções abusivas.
Os africanos, liderados pelo
Egito, foram inflexíveis, deixando claro que se oporiam a qualquer
resolução das Nações Unidas que não levassem em conta a necessidade de
“orientação dos pais e dos responsáveis legais”.
Santa
Lúcia foi a primeira a propor uma alteração em parágrafos que falavam
sobre crianças e adolescentes, que para a ONU são pessoas a partir dos
10 anos de idade.
“Os pais e a família desempenham um
papel importante na orientação das crianças”, disse a delegada de Santa
Lúcia na Assembleia Geral, insistindo que a linguagem original da
resolução não era “adequada”, pois colocava a opinião dos pais em pé de
igualdade a das crianças e dos professores.
Ela
lembrou a todos do tratado da própria ONU sobre os direitos da criança,
que reconhece o papel dos pais no direcionamento da educação de seus
filhos.
Visivelmente frustrados, os delegados europeus e
latino-americanos pediram uma votação sobre essas emendas. Acabaram
vendo prevalecer a vontade dos países mais conservadores.
A
União Europeia disse que não “virou a página” sobre educação sexual,
indicando que o tema voltará a ser votado. Na mesma linha, os delegados
da América Latina chamaram o texto final de “altamente problemático”.
O
representante do Canadá disse: “não podemos aceitar isso”. Um delegado
australiano afirmou que eles estavam “extremamente decepcionados”.
O
delegado da Noruega foi o mais transparente, deixando claro que não
podiam aceitar a premissa da emenda porque “as crianças devem decidir de
forma livre e autônoma” sobre assuntos que envolvam saúde sexual e
reprodutiva.
O representando egípcio, falando em nome dos
países africanos, respondeu com igual transparência: “Nossa cultura
africana respeita os direitos dos pais” e “rejeita as tentativas de
alguns países de impor seu sistema educacional sobre nós”.
Os
Estados Unidos e o Vaticano se pronunciaram, enfatizando o papel dos
pais na educação sexual e rejeitaram o aborto como um componente da
saúde sexual e reprodutiva.
As agências das Nações Unidas
continuarão promovendo “educação abrangente sobre sexualidade” através
de seus escritórios em todo o mundo. A falta de consenso sobre a questão
na comissão frustrou as tentativas de legitimar a erotização precoce
como um programa oficial da ONU. Com informações ONU e Center for Family and Human Rights
Nenhum comentário:
Postar um comentário
COMENTÁRIOS