Nasci em um lar católico e desestruturado, mas desde pequena meus pais
me levavam à igreja. Aos domingos rezava na missa e participava de
outras atividades religiosas. Contudo o meu coração estava insatisfeito
com aqueles rituais, eu ansiava por algo maior, alguma coisa que
preenchesse o vazio do meu coração.
De alguma forma eu sabia
que existia um Deus que fosse mais pessoal e que me ajudaria a enfrentar
as dificuldades em casa. Participava das atividades da igreja, tocava
violão no grupo de jovens, ia aos retiros que as freiras organizavam.
Houve uma vez que num desses encontros, elas passaram um filme da paixão
de Cristo. Eu não conseguia conter as lágrimas olhando o sofrimento de
Jesus e pensava “como alguém pode ter tanto amor assim?” Mas, nada
trazia sentido para o meu triste coração, eu ansiava por algo que desse
sentido a minha vida, que me salvasse de tantos problemas em meu lar.
Então, quando eu estava no primeiro colegial, aos quatorze anos, fiz
amizade com uma colega evangélica e ela começou a questionar meus ritos
de igreja, sempre enfatizando a Bíblia; eu devia ler e buscar nela as
respostas para meus anseios. Nós estudávamos juntas em sua casa e achava
muito estranho porque a família orava antes das refeições e ela orava
comigo antes de começarmos as tarefas da escola.
Daí aconteceu
um fato surpreendente: eu comecei a ler e compreender a Bíblia! Isto era
maravilhoso porque, até então, eu não conseguia entender as Escrituras.
Os meus olhos se abriram... Parecia que Deus estava falando diretamente
ao meu coração! O Deus pessoal que eu tanto buscava tornou-se real e se
importava comigo! Ele dizia naqueles textos que eu era especial para
ele, que “jamais me deixaria, jamais me abandonaria”. Isso foi entrando
de tal forma em meu ser que acabei me rendendo totalmente a Jesus e ao
seu amor. Aquele vazio que existia dentro de mim foi completamente
preenchido! Assim, eu não precisava buscar mais nada porque Cristo era
suficiente. A igreja da minha amiga, Igreja Batista Jardim das
Oliveiras, SP, pastoreada pelo querido pastor Manoel Thé, acolheu-me
completamente! Agora eu sabia o que era uma família cristã.
Mais tarde, num acampamento evangélico, Deus me chamou em uma de minhas
devocionais, para levar o evangelho “até os confins da terra”. Não
entendi muito bem o que isso significava, mas prossegui servindo e
buscando a vontade de Deus em sua Palavra, a fim de entender o que ele
queria de mim.
Depois
de uma jornada bem tortuosa e cheia de percalços, fiz no seminário o
curso de missiologia. Hoje, casada com Leandro, servo também do Senhor,
entendemos que não poderíamos ficar calados diante de tão grande amor e
aceitamos o desafio de missões. Depois de um projeto de curto prazo na
África, voltamos, estamos nos preparando e desejamos retornar para
servirmos como missionários em tempo integral. Hoje posso afirmar com
convicção que Deus preencheu todas as lacunas do meu coração e sou filha
amada por ele: “O próprio SENHOR irá à sua frente e estará com você;
ele nunca a deixará, nunca a abandonará. Não tenha medo! Não desanime!”
(Dt 31.8).
• Lilian C. Q. Rodrigues é revisora na Editora Ultimato.
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