Se bem enraizada, a passar do tempo, a semente se transformará em uma
árvore que dá frutos. Alimentar-se da Palavra, estar na presença de Deus
e escutar a sua voz, representam o enraizamento na caminhada cristã. No
devocionário Cuide das Raízes, Espere pelos Frutos,
o autor apresenta sete características específicas e necessárias para o
cuidado das raízes: seriedade no relacionamento com Deus, piedade
autêntica, compromisso permanente, renúncia, ausência de hipocrisia,
apego a Jesus Cristo e confiança absoluta em Deus!
Mas sabemos
que o cenário contemporâneo é desafiador. Zygmunt Bauman (1925 - 2017) –
um dos sociólogos mais respeitado da atualidade, autor de mais de vinte
títulos traduzidos no Brasil – inaugurou o termo “modernidade líquida”.
Em sua frase mais conhecida, ele afirma que “vivemos em tempos
líquidos, nada é para durar”. É uma época de liquidez, de fluidez, de
volatilidade, incerteza e insegurança. Ou seja, são muitos os desafios
que o verdadeiro cristão enfrenta para enraizar-se espiritualmente. São
tempos que sugerem o desenraizamento.
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Bauman e outros autores diagnosticaram algumas das “doenças” que estão matando a nossa humanidade, na sociedade contemporânea:
- A sociedade do espetáculo, que considera a performance e não o caráter das pessoas. Alguns autores a consideram “um pesadelo da sociedade aprisionada”;
- A mentira, que faz com que as pessoas se retirem da relação, se recusem a compreender e a serem compreendidos;
- O individualismo, uma forma de poder egocêntrico que luta por realizar os próprios desejos e sonhos sem importar com os demais;
- As relações líquidas,
baseadas na competividade, na desconfiança e no descarte, causando um
alto custo psicológico e gerando diversos transtornos emocionais;
- A falta de tempo,
que não permite investigar a motivação por trás de cada tarefa
cotidiana. Desperdiçamos muito de nosso tempo em atividades que podem
ser valorizadas socialmente, mas que intimamente significam muito pouco
para nós;
- O hiperconsumismo, através do qual buscamos sempre coisas novas que, no final das contas, não nos trazem satisfação. Cada vez temos mais coisas, o que não significa que estamos mais felizes;
- A ironia,
que mina a capacidade do indivíduo vivenciar e expressar socialmente
sentimentos verdadeiros e significativos. Se antes a ironia era um
instrumento fortalecedor do espírito, agora tornou-se uma força
debilitante do próprio espírito humano.
Como podemos lutar para
nos enraizarmos biblicamente em uma sociedade que nos leva ao
desenraizamento? O que nos motiva a cuidar das raízes? Qual é a atitude
básica necessária para alcançarmos o alvo? O que precisamos aceitar?
Como entender e raciocinar sobre nosso tempo, conservando a esperança?
Como nos mover diante destes desafios e como manter esta prática
cotidianamente?
Alguns extratos do capítulo 8 de Romanos respondem estas perguntas:
“O
Espírito da vida em Cristo, como um vento forte, limpou totalmente o
ar, libertando-nos da tirania brutal do pecado e da morte” (v. 2). Em
vez de redobrar nossos esforços, simplesmente aceitemos o que o Espírito
está fazendo em nós. Confiando em Deus, nos certificamos que o Espírito
está em nós, vivendo e respirando o próprio Deus. Quem foca em Deus é
levado para um caminho aberto, a uma vida livre. Mesmo que ainda
experimentemos as limitações do pecado, experimentamos a vida de acordo
com Deus. Deus fará em nós o mesmo que fez em Jesus!
Com seu
Espírito vivendo em nós, nosso corpo será tão cheio de vida quanto o de
Cristo! Não temos mais de fazer tudo por nós mesmos. A única iniciativa é
engajar na vida com Cristo! O Espírito nos chama, há muito o que fazer,
muitos lugares para conhecer. Há uma constante expectativa. “E agora,
Pai, o que vamos fazer?” Iremos passar pelo que Cristo passou. Se
enfrentamos momentos difíceis com ele, então é certo que com ele
passaremos momentos inesquecíveis!
O autor do devocionário
conclui a reflexão sobre o enraizamento bíblico com as seguintes
palavras: “é o rio, as águas, e não a árvore... o segredo da beleza, da
constância dos frutos, é ter raízes próximas ao rio”. Ou seja, o segredo é cultivar a nossa verdadeira identidade, uma vida de apego que se enraíza no amor a Deus!
Por Lênia Almeida
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