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Versículo do Dia

Versículo do Dia Por Gospel+ - Biblia Online

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

O Abandono da Verdade



“Então, lhe disse Pilatos: Logo, tu és rei? Respondeu Jesus: Tu dizes que sou rei. Eu para isso nasci e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz. Perguntou-lhe Pilatos: Que é a verdade? Tendo dito isto, voltou aos judeus e lhes disse: Eu não acho nele crime algum” (João 18.37-38).
 
A pergunta de Pilatos foi feita a Jesus, durante o interrogatório que ao final levou à sua crucificação. O que nos interessa no momento é o fato curioso e paradigmático que Pilatos não esperou para receber uma resposta à sua própria pergunta, “o que é a verdade”. Mas uma coisa fica clara: a busca da verdade sempre esteve presente nos grandes momentos da história. Todavia, nossa geração ficará conhecida como aquela que abandonou esta busca da verdade. Como Pilatos, faz a pergunta e volta as costas para não ouvir a resposta.
Nossa geração está fortemente influenciada por uma reação ao Racionalismo que marcou os séculos anteriores. As épocas anteriores à nossa foram caracterizadas pela cosmovisão romântica e pelo cientificismo materialista, bem como pelo marxismo, fascismo, positivismo e existencialismo.
Tudo isto teve origem no Iluminismo, movimento surgido no início do século XVIII, que era em vários aspectos uma revolta contra o poder da religião institucionalizada e contra a religião em geral. Predominou então o racionalismo e sua teoria que o conhecimento mais fundamental é baseado na razão, e que a verdade só pode ser alcançada através da análise racional, independente de dados empíricos, atitudes emotivas ou dogmas. A razão tornou-se a medida de todas as coisas.
Nossa época tende a rejeitar este conceito bem como a ideia de que existam verdades absolutas e fixas. Toda verdade é relativa e depende do contexto social e cultural onde as pessoas vivem. Os filósofos, estudiosos, teólogos, artistas, pensadores e autores famosos de hoje tendem a rejeitar o ideal das gerações passadas de que a verdade pode ser alcançada através da análise racional. Considera-se hoje que a promessa do Iluminismo, de encontrar com base na razão uma resposta unificada para a realidade, falhou completamente. Assim, abandonou-se a busca de verdades absolutas e fixas, que caracterizou o período anterior e rejeitou-se igualmente o conceito de dogmas e definições exatas. Cada pessoa analisa as coisas de acordo com o que pensa e o que crê.
Nesta visão atual, se busca uma sociedade pluralista, onde exista a convivência amigável entre visões diferentes e opostas. Isso é chamado de pluralismo inclusivista. Espera-se que as opiniões cedam espaço umas às outras, particularmente aos pontos-de-vista marginalizados, aqueles que foram calados por gerações pelas vozes dominantes da sociedade. Nessa sociedade pluralista e inclusivista, a opinião e as convicções de todos têm de ser respeitadas, porque a opinião de um é tão verdadeira quanto a opinião do outro. E já que não existem conceitos absolutos especialmente na área da moral e da religião, não se pode tentar convencer outro a mudar de religião ou de comportamento. Tornou-se politicamente incorreto criticar a conduta moral de alguém.
Todavia, esta desistência de se alcançar a verdade, em todas as áreas da vida, trouxe consigo consequências visíveis em muitos dos campos do saber, da vida, do comportamento e na educação.
Primeiro, criou um caos epistemológico. Não se pode mais falar na possibilidade da compreensão verdadeira de textos antigos e modernos. Se levada a sério, esta teoria significaria o fim da possibilidade da transmissão de conceitos, ideias, e verdades de uma geração a outra, e mesmo de uma pessoa à outra, através das palavras escritas. Pensem no que isto significaria na área de educação.
Segundo, o abandono da busca da verdade e a sua possibilidade, traz em seu bojo o desespero existencial, sob a forma da incerteza da verdade, da realidade e da própria existência, o que joga as pessoas numa esquizofrenia prática, tendo por um lado de conviver com verdades absolutas no dia a dia – tais como sinais de trânsito e normas da empresa – e o relativismo absoluto que domina as demais áreas.
Terceiro, ao se perder a esperança de que existam verdades absolutas, as expressões humanas artísticas, como a música, a arte, a poesia, o cinema, o teatro, acabam por refletir este desespero existencial, como se percebe claramente na obra de muitos artistas antenados para o mundo de hoje. Alguns mais honestos conseguem perceber uma inconsistência ética no seu comportamento. É comum vermos artistas negando a verdade absoluta e, ao mesmo tempo, lutando pelos “direitos humanos” ou pelo estabelecimento da “justiça”, especialmente nos países do terceiro mundo.
Quarto, com o abandono das verdades absolutas, não há parâmetros objetivos a serem seguidos. Contudo, o ser humano tem sempre que possuir um paradigma, porque ele é dependente de algo a que seguir. O parâmetro passa ser o sentimento. Daí começou a surgir a ideologia do “sentir-se bem”, o que inevitavelmente acaba por levar ao egoísmo, que busca sua felicidade à custa do bem dos outros.

O grande desafio para a universidade é entender os tempos em que vivemos e fazer jus ao nome universidade, que originalmente designava o conceito de que existiam verdades absolutas que uniam e davam coerência à enorme variedade dos campos do conhecimento. No caso de universidades confessionais cristãs, lembremos que a visão cristã de mundo pretende oferecer este referencial unificador e balizador.

Fonte: Augustus Nicodemus

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