A Record está fazendo um mutirão interno para
tentar salvar a série Milagres de Jesus, que estreia no próximo dia 22. Primeira
grande produção independente da emissora, a série gastou em apenas oito
episódios o orçamento de toda a primeira temporada, que deveria ter 18
capítulos. Cada episódio de Milagres de Jesus deveria custar R$ 1 milhão, mas os
oito primeiros acabaram saindo por R$ 2,250 milhões cada um. A produção está
paralisada. Na véspera do Natal, três caminhões aportaram na emissora e levaram
embora todo o equipamento que a produtora independente contratada pela Record, a
Academia de Filmes, alugou para as gravações. No jargão dos bastidores do cinema
e da TV, houve uma "desprodução", quando uma produção acaba. Mas, oficialmente,
Milagres de Jesus não acabará nos oito episódios já gravados. A Record pretende
voltar a gravar os dez episódios que faltam no próximo dia 27, depois de mais de
um mês de interrupção. Sem dinheiro "novo" para investir, a emissora está
estudando o realocamento de recursos de outras programas e convocando
profissionais de todas as áreas para trabalhar na produção, numa espécie de
mutirão. A Academia de Filmes, oficialmente, continuará na produção. Mas terá
uma participação menor. Como não pode (ou não quer) colocar mais dinheiro na
série, a Record irá utilizar equipamentos e pessoal próprios, substituindo os
funcionários da Academia de Filmes dispensados no final do ano. A ordem é fazer
o que for possível com recursos técnicos e mão de obra da casa. O mais
intrigante dessa história é que a Record detectou em outubro, dois meses antes
da crise explodir, que o orçamento de Milagres de Jesus estava estourado. Mas,
na época, não se fez nada porque não se sabia ao certo de quanto era o rombo,
porque nem todos os episódios estavam roteirizados. O rombo orçamentário de
Milagres de Jesus teve uma outra consequência: nesta semana, Leandro de Assis
Furtado de Oliveira foi nomeado diretor de Teledramaturgia, mesmo cargo já
ocupado por Anderson de Souza. Numa espécie de intervenção, o RecNov, a central
de estúdios da Record, terá dois diretores de teledramaturgia. Souza cuidará da
parte artística e Oliveira, da financeira. A Record nega que Milagres de Jesus
esteja paralisada por causa da crise com a Academia de Filmes. Diz que a
interrupção das gravações durante um mês já estava prevista. Tanto a emissora
quanto a Academia de Filmes afirmam que a parceria será mantida nos mesmos
termos originais determinados em contrato. (Daniel Castro)
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