As escolas de samba do Grupo
Especial estarão sob os holofotes amanhã no Sambódromo, no primeiro dia de
desfiles do Grupo Especial. Mas, há nove dias, uma operação da Corregedoria da
Polícia Civil jogou luz foi sobre irregularidades na Liga Independente das
Escolas de Samba (Liesa), que representa as agremiações. Na sala do presidente
da entidade, Jorge Castanheira, agentes cumpriram mandados de busca e apreensão,
recolhendo evidências de que oficiais da Polícia Militar, entre eles coronéis e
majores, ignoraram uma determinação da Secretaria de Segurança e atuaram na
segurança interna do Sambódromo no ano passado. Entre os documentos apreendidos
durante a Operação Dedo de Deus 2, figura uma planilha com 37 nomes de pessoas
que trabalharam no controle do acesso à Passarela do Samba no desfile de 2012.
Na época, já estava em vigor uma portaria assinada pelo secretário de Segurança,
José Mariano Beltrame, proibindo policiais militares ou civis de fazerem esse
tipo de serviço. Apesar da determinação, os nomes de seis coronéis (alguns deles
da reserva da PM), cinco majores e um capitão aparecem no documento como
coordenadores e supervisores de segurança da MJC Eventos. A empresa presta
serviços à Liesa e tem entre seus sócios o coronel da reserva da PM Celso
Pereira de Oliveira. O GLOBO teve acesso com exclusividade a parte do material
recolhido na sala de Castanheira. No local, foram apreendidos dois laptops, uma
CPU, um pen drive e alguns documentos. Mas a descoberta de que PMs atuaram na
segurança interna do Sambódromo não foi o único problema encontrado durante a
operação. Em meio à papelada, uma carta endereçada ao presidente da liga sugere
que Castanheira não lida apenas com questões relacionadas às escolas de samba.
Em duas páginas escritas à mão, o autor, que se assina João Luiz, diz ter uma
pendenga com o bicheiro José Caruzzo Escafura, o Piruinha, e pede ao presidente
que interceda a seu favor junto ao contraventor Antônio Petrus Kalil, o Turcão.
O autor da carta, datada de 29 de setembro de 2011, inicia o texto pedindo
desculpas por importunar o presidente da entidade. E sugere num trecho que
Castanheira tem pleno conhecimento das regras impostas pelos contraventores que
integram a máfia do jogo ilegal no Rio: "O senhor e os demais contraventores,
exceto o senhor José Escafura, que há anos não respeita e nem faz valer a regra
da máfia a qual encontra-se (sic)..."
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