Familiaridade x respeito
“Também você, marido, na vida em comum
com a esposa, reconheça que a mulher é o sexo mais fraco e que por isso
deve ser tratada com respeito. Porque a esposa também vai receber, junto
com você, o dom da vida, que é dado por Deus. Aja assim para que nada
atrapalhe as orações de vocês.” (1 Pe 3.7 – Grifo do autor)
A familiaridade pode ser a porta pela
qual o desrespeito entra no relacionamento. Quando duas pessoas acabam
de se conhecer, qual é o tom de voz que elas usam para conversar?
Cada ano, levo uma caravana de casais
para Israel e Paris; às vezes, o número de casais chega a quarenta. É
interessante ver como as pessoas se tratam no primeiro encontro no
aeroporto. Elas estão se conhecendo para dar início a uma longa viagem.
Neste primeiro momento, o tom de voz é gentil, amável, todos procuram
ser diplomáticos, os homens são cavalheiros uns com os outros. Depois de
três, quatro, cinco dias de viagem, alguns já se sentem tão amigos e
familiares que brincam, fazem piadas com a roupa do outro, o cabelo e a
“barriga saliente”, falam alto, e assim por diante. Ou seja, à medida
que a familiaridade cresce, encontra-se liberdade para tratar uns aos
outros com menos respeito, delicadeza e cortesia. Esse problema também
ocorre na “viagem conjugal”. Gosto do pensamento que diz “namorar é para
casar, e casar é para namorar”. Quando o marido já não trata a esposa
como namorada, e vice-versa, significa que a relação está prejudicada
pela familiaridade.
Fazendo um paralelo com o primeiro
encontro da caravana de casais no aeroporto, sempre aconselho aos casais
que, no processo de comunicação, mantenham-se amáveis, usando a mesma
conduta e o tom de voz que usariam com uma pessoa que acabaram de
conhecer.
Certas horas, uma visita faz muito bem para a família…
Você já percebeu que tudo muda com a
presença de uma visita em casa? Certo dia, eu e a minha esposa fomos
convidados para ficar hospedados em uma casa durante os dias de
seminário na igreja. Logo percebemos que o casal havia pintado o quarto e
o banheiro. As toalhas eram novas, as fronhas dos travesseiros e o
cobertor também. Na mesa de jantar, tudo era novo e a mesa estava muito
bem decorada. Geralmente, com a presença de uma visita, também muda o
tratamento entre marido e mulher, pais e filhos. Quando a mulher precisa
do apoio do marido, ela usa um tom de voz agradável e diz: “Meu bem,
por favor, pegue os copos pra mim”. O marido responde com muita
amabilidade: “Pois não, meu amor. É só isso que você precisa?”. Quando
chega a hora de chamar as crianças que estão brincando no quintal, o pai
carinhosamente, sem gritar, diz: “Meus anjos, o almoço está pronto,
vamos almoçar”. O filho mais velho, muito esperto, olha para o pai e
pergunta com um sorriso maroto: “Pai, o que está acontecendo com o
senhor? Não é normal o senhor nos chamar assim”. É engraçado, mas é
exatamente isso que acontece em muitas casas.
O que acontece quando as visitas vão
embora? O teatro é desmontado e o tratamento volta a ser como antes. Um
volta a gritar com o outro – lerda, burro, besta e ignorante… A toalha
rasgada volta para mesa com os talheres velhos, os pratos quebrados na
borda, os copos descartáveis e, a comida, quem quiser pega no fogão.
Esta é uma pergunta que eu sempre faço
nas minhas palestras: “Por que as visitas são tratadas com delicadeza,
gentileza e amabilidade, e os da casa com estupidez, grosseria e
indiferença?”. Já fiz três viagens ao Japão, e descobri que o japonês é
bem diferente dos brasileiros. Por exemplo, o melhor que os japoneses
produzem fica no Japão. O que eles plantam e colhem de melhor, como o
arroz, fica no Japão. Os aparelhos eletrônicos e a melhor tecnologia é
primeiramente para consumo dos japoneses; depois, o excedente é
exportado. No Brasil, é diferente. A melhor banana vai para a Europa e a
melhor laranja vai para os Estados Unidos. O melhor da indústria
tecnológica é vendido para fora do país. E aquilo que é de segunda
categoria, bem, isso fica no Brasil. O Brasil exporta o melhor café e
consome o café de terceira categoria. O que sobrou, o que tem algum
defeito fica para o consumo dos da casa. Na família é a mesma coisa.
Quando uma visita chega em casa, o que se faz? Põe-se a melhor toalha na
mesa, os pratos de porcelana, os talheres de prata. É sempre assim, não
é? A comida é especial. A sobremesa é a melhor de todas. Que maravilha!
Tudo para a visita!
Quando a visita vai embora, o marido que
até então ajudara no trabalho em casa, arrumando a mesa e lavando a
louça, diz à esposa: “Cuide de tudo querida. O fogão é todo seu!”. E se a
esposa pede ajuda, ele diz: “Não é minha obrigação, já fiz muito em
ajudar pela manhã”. Por que oferecemos o melhor para os de fora? Por que
oferecemos o mais interessante para as visitas? Será que o seu esposo
não é mais importante que as visitas? Será que os seus filhos não são
mais importantes que as visitas? Será que a sua esposa não é mais
importante que as visitas? E por que não tratamos a família com muito
mais dignidade, respeito, gentileza, delicadeza do que as visitas?
Certa vez, uma esposa deixou um bilhete
para o marido logo cedo, de manhã. O bilhete era bem romântico: “Se você
tratasse os seus amigos como trata a mim e aos nossos filhos, será que
você ainda teria amigos?”. Isso é muito sério. Responda com honestidade:
“A sua forma de trata o seu cônjuge e os filhos torna a sua casa um
lugar cada vez mais aconchegante e prazeroso?”. O desejo de mudar é uma
grande prova de amor. Este é um momento muito oportun
Pr. Josué Gonçalves
Pr. Josué Gonçalves é terapeuta familiar, pastor sênior do Ministério Família Debaixo da Graça - Assembleias de Deus em Bragança Paulista – SP, bacharel em teologia, com especialização em aconselhamento pastoral e terapia de casais, exerce um ministério específico com famílias desde 1990.
Para você fazer
uma autoanalise e ver se algumas atitudes, respostas, comportamentos
precisam ser mudados.
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