É preciso saber qual o critério utilizado pela Polícia Federal para divulgar estas escutas. Elas simplesmente “vazam” para a imprensa, sem que se saiba quem é o responsável por divulgá-las? Se é vazamento ilegal, as emissoras podem divulgar livremente? Se o vazamento é legal e formalmente realizado, por que existe “exclusividade” para certas emissoras e jornalistas – principalmente a toda poderosa (desde o regime militar) Rede Globo de Televisão?
E se esta “competência jornalística” vir acompanhada de favorecimento, o que os policiais federais responsáveis pelo vazamento ganham com isso? Notabilidade da instituição em que trabalham?
Por outro lado, a divulgação ilegal de gravações não pode inviabilizar a legalidade do procedimento de punição dos envolvidos – tanto o processo penal quanto o processo administrativo que tenta provar a falta de “ética” de um Senador ou Deputado, por exemplo. O fato é que, sob o discurso de que está fazendo o bem de denunciar corrupções, setores da imprensa chegam a romper com os limites de sua atuação. Neste caso, pelo bem de seus lucros e audiências – e de terceiros que se interessam em certas reputações destruídas, mesmo que injustamente.

A Globo não atendeu ao pedido das polícias Civil e Federal para entregar a íntegra dos vídeos gravados na reportagem do Fantástico sobre corrupção na rede de saúde do Rio de Janeiro. A Central Globo de Comunicação informou que não mantém em arquivo as fitas brutas das imagens, mas apenas o que vai ao ar.Na greve da Polícia Militar da Bahia, em fevereiro último, gravações de conversas telefônicas do líder do movimento foram exibidas pela emissora no Jornal Nacional, dando a entender que este incentivava danos a viaturas. As gravações, porém, foram parcialmente publicadas, escondendo o trecho (que consta em documento do Ministério Público) em que Marco Prisco orienta seu interlocutor que “não bote fogo” nas viaturas.
A série de reportagens do Fantástico que foi ao ar no fim de março revelou um mega esquema de pagamento de propinas em instituições de saúde da União com o envolvimento de empresas como Locanty, Rufolo e Bella Vista.
Leia na Veja…
Como se vê, é preciso nos questionarmos se a sede da população por justiça não está sendo aproveitada de maneira sensacionalista para manipulação política. Por trás de uma bela manchete, interesses eleitoreiros/politiqueiros e financeiros podem estar escondidos.
Autor: Danillo Ferreira - Tenente da Polícia Militar da Bahia, associado ao Fórum Brasileiro de Segurança Pública e graduando em Filosofia pela UEFS-BA. | Contato: abordagempolicial@gmail.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário
COMENTÁRIOS