Jesus parece ter tido suas mais produtivas e satisfatórias conversas
com mulheres anônimas, isoladas, estigmatizadas e vulneráveis.
Há a “mulher adúltera” (João 8:1-11) e, claro, “a mulher junto ao poço”.
Ambas eram o tipo de pessoa com quem nenhum Rabi respeitável
conversaria – e com quem nenhum homem de qualquer status gostaria de ser
visto. Além disso, certamente nenhum homem tocaria em uma mulher
estranha – principalmente uma considerada “impura” (no caso, a mulher
com hemorragia).
A mulher junto ao poço, além de ser mulher, rejeitada por seu próprio
povo, e de ter se casado diversas vezes, também era uma samaritana – e
como todos sabem, “judeus não se dão bem com os samaritanos” (João 4:9
NVI).
A conversa de Jesus com a mulher no poço é tão satisfatória que Jesus
diz uma das mais impressionantes linhas do Novo Testamento: “Tenho algo
para comer que vocês não conhecem” (João 4:32 NVI).
Essa mulher, por sua vez, é considerada a primeira evangelista –
senão missionária. Sua vida, e a vida de praticamente todos naquele
povoado, foi transformada para sempre.
É significativo o fato de que o nome de nenhuma dessas mulheres tenha sido mencionado.
Nomear alguém, de acordo com dados históricos, era para pessoas
“importantes” – reis, profetas e líderes. Essas mulheres não eram
“importantes” – na verdade, elas eram excluídas, rejeitadas, “impuras”
ou inúteis. Elas eram formas de interrupção e distração. As conversas de
Jesus com elas foram “acidentais” e “involuntárias”. E muito mais
frutíferas do que suas discussões com líderes religiosos – e com seus
próprios discípulos.
Eu aprendo bastante com encontros não intencionados.
Eu geralmente escuto mais do que falo.
Pessoas desprezadas, perdidas e despedaçadas falam com economia de
sabedoria prática – elas conhecem muito bem as decepções e traições do
mundo – e mesmo que elas tentem, não conseguem ignorar sua própria
complexidade em meio à sua própria degradação.
Diferente delas, a maioria de nós, que vive uma vida
consideravelmente confortável, ainda acredita em (e ainda vive por)
mentiras contadas pelo mundo – e por nós mesmos.
A maioria dos “cristãos” que eu conheço sente “orgulho” por não “precisar” de ninguém.
E, a maioria deles, quando eu os pressiono, admite livremente que,
não fosse pela promessa do Paraíso ou pela ameaça do Inferno, tampouco
“necessitaria” de Deus.
Essas mulheres perdidas e abandonadas sabem melhor. Elas sabem que
Deus pode, e que Ele vai alcançá-las, tocá-las e restaurá-las. Pessoas
“religiosas” raramente “precisam” de Deus – ou mesmo de qualquer graça
humana anônima. “Precisar de Deus”, para muitos de nós, é visto como um
sinal de fraqueza. E talvez seja. É uma “fraqueza” que nos permite ser
tocados, ou sermos aqueles que tocam os feridos, sem esperar nada em
troca.
Traduzido de: The Women in Jesus’ Life
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