Há algumas semanas acompanhei um fórum num grupo batista de debates no
qual se questionava se os jovens fazem ou não diferença na vida da nossa
denominação. Não escondi minha empolgação por saber que, naquela
ocasião, os olhos de muitos se voltavam especialmente para a juventude.
Porém, a empolgação foi logo substituída por outro sentimento:
preocupação. Sim, pois naquele debate vi a realidade de nossa juventude
ser exposta diante de uma acurada análise. E os resultados não foram os
mais satisfatórios.
Embora existam boas e louváveis exceções,
uma das principais marcas da geração atual é a pouca resistência aos
efeitos da pós-modernidade. Vemos, de norte a sul do país, juventudes
inteiras desmotivadas e pouco comprometidas com Deus, sua Palavra e sua
Igreja. Numa espécie de raio-x constatamos que a maioria dos jovens dá
pouco ou nenhum valor a questões como vocação e espiritualidade. Sonham e
vivem hoje exclusivamente em prol da profissionalização e de
inesgotáveis graduações. Estas são as “bolas da vez”. Uma espécie de
segunda “descoberta da pólvora”. Já o reino de Deus cai sempre pra
escanteio e vira, inevitavelmente, segundo plano.
E a
espiritualidade deles, onde fica? Boa notícia: ela não acabou nem
morreu. Está apenas num estado de “hibernação”. Quando o inverno das
buscas profissionais e intelectuais passar, eles planejam despertar.
Sejamos francos: há sim um desejo múltiplo de “adoração”, só que quase
sempre (e apenas) por meio de “louvorzões”, congressos, festivais,
gincanas etc. Contudo o cultivo de valores cristãos na vida pessoal é
algo cada vez mais raro. Há pouco ou quase nenhum interesse pela genuína
Palavra de Deus.
Lamentamos ainda por saber que, embora tendo
um número razoável de jovens como membros de nossas igrejas, eles não
representam ainda sólida e significativa expressão nem para a vida
denominacional nem para o país. Nossa relevância para o Brasil varia
entre discreta, despercebida e inexistente...
Mas nem tudo está
perdido. O lado bom da análise nos faz vislumbrar uma juventude que,
embora não sendo 100% ativa, traz sobre si altíssimo potencial. Nossas
igrejas são verdadeiros celeiros de jovens que têm em si muita
capacidade e desejo de servir ao nosso Deus, e que apenas precisam saber
quais os principais meios para fazê-lo. E os principais responsáveis
para que estes potenciais sejam transformados em ação concreta são
nossos líderes denominacionais (locais, estaduais e nacionais).
Com
vistas a essa realidade, propomos a cada líder, em qualquer esfera em
que esteja servindo, a se empenhar (ou continuar se empenhando) para
mudarmos esse quadro.
Que a nossa geração possa deixar bons
frutos. E que esses frutos gerem outros. Que marquemos a nossa geração
não apenas sendo contados junto àqueles que são, diariamente, consumidos
pelos efeitos da pós-modernidade. Que a nossa maior glória não seja
apenas ser conhecidos como jovens de destaque na medicina, engenharia,
docência e tantas outras ciências. Mas que sejamos conhecidos,
principalmente pelas gerações que nos sucederão, como verdadeiros
adoradores do Deus vivo; como servos fiéis do Senhor da seara. Porque,
no final das contas, descobriremos que isso é o que realmente vale a
pena.
Deus tenha misericórdia de nós e nos abençoe neste
propósito. Jovens, lutemos juntos pela salvação do nosso povo. Eles não
podem mais esperar. É tempo de avançar por amor aos brasileiros!
• Francisco Helder Sousa Cardoso é presidente da Juventude Batista do Pará. fheldersc@yahoo.com.br
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