No
correr da história tem havido vozes que insistem em dizer que “tudo vai
bem, quando tudo vai mal”. São vozes que desejam manter o “status quo” e
não mudanças. Nenhum remorso, nenhum arrependimento, nenhuma confissão
de fracasso, nenhuma reviravolta, nenhuma limpeza, nenhuma reforma são
necessários porque “tudo vai bem”. Elas são incapazes de assumir o
contrário, que tudo vai mal. Para essas pessoas o mundo vai bem, o país
vai bem, a sociedade vai bem, a igreja vai bem, a economia vai bem, a
moral vai bem, o casamento vai bem, a família vai bem e “eu vou bem”.
Isso ocorre mais por causa de alguma estratégia oculta de ordem
política, de ordem econômica ou de ordem religiosa, do que por causa da
falta de atenção e observação. Os portadores da mensagem de que “tudo
vai bem, quando tudo vai mal” pretendem fazer uma lavagem cerebral.
Como
se pode dizer que o mundo vai bem se os atentados terroristas estão
cada vez mais frequentes, mais sangrentos e mais ousados, principalmente
na Europa? Se uma em cada 113 pessoas no mundo, no final de 2015, era
refugiada ou deslocada ou estava em busca de refúgio em algum país? Se
“estamos em meio de algo como uma verdadeira epidemia mundial de
depressão que fez números insignificantes saltarem a proporções
massivas” (Vladimir Safatle)? Se em abril de 2016, Barack Obama
solicitou ao Congresso americano a aprovação de um orçamento de um
bilhão e cem milhões de dólares para prevenção e tratamento do uso de
opiáceos, e se 450 novas drogas sintéticas se juntaram às demais em
2014? Se o racismo ainda mata brancos e negros, menos de cinquenta anos
depois da morte de Martin Luther King? Se “há uma enorme possibilidade”
de Donald Trump, caso seja eleito presidente dos Estados Unidos, ter
acesso aos códigos nucleares (Tony Schwartz)?
Como
se pode dizer que o Brasil vai bem se “a Lava Jato ameaça transformar o
país numa imensa jaula onde todos ficaremos presos e difamados” (Carlos
Heitor Cony)? Se o Jornal The New York Times sugere que o Brasil
deve ganhar a medalha de ouro em corrupção, e o ministro de nosso
Supremo Tribunal Federal diz que a corrupção se tornou “uma espantosa
regra”?
Como
se pode dizer que o casamento e a família vão bem se “casamentos não
mais são feitos para durar” e se “a traição conjugal virou vício”
(Walcyr Carrasco)?
Como
se pode dizer que a moral vai bem se comportamentos amorais são cada
vez mais divulgados e ensinados sem o menor pudor? Se o beijo gay de
2014 é substituído agora por uma cena de sexo gay, tudo muito natural?
Por
volta dos anos seiscentos antes de Cristo, quando os exércitos da
Babilônia estavam bem próximos, quando Nabucodonosor armou aríetes --
máquinas de guerra para derrubar muralhas -- em torno de Jerusalém,
quando a fome era tal que as mães matavam, cozinhavam e comiam seus
próprios filhos -- os falsos profetas enganavam o povo de Israel dizendo
“tudo vai bem, quando tudo vai mal” (Ez 13.10).
Por
causa dessa mensagem sem cabimento, o povo não deu ouvidos às vozes de
Isaías, Jeremias, Ezequiel e outros. Então, a guerra, a fome e a doença
deram cabo deles!Fonte: Revista Ultimato
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