
Na semana passada estava assistindo a
um documentário da BBC sobre uma localidade no País de Gales onde as
pessoas gastaram muitíssimo dinheiro para se embelezarem. O programa
estudou homens e mulheres gastando tudo o que tinham (e o que não
tinham) em boa aparência. Eles tinham personal trainers,
alongamento de cabelo, bronzeamento artificial, sessões de branqueamento
dentário e um homem gastou 1.000 libras [≅R$4.180,00] em uma tatuagem!
Eu não conseguia imaginar isso. Essas pessoas estavam estourando os seus
cartões de crédito e tomando emprestado de membros da família apenas
para terem um “corpo bonito”.
Além disso, quase a cada segundo o
comercial de TV era para empréstimos consignados. Dinheiro “fácil” sem
necessidade de fiador. Prometia-se que em 15 minutos o dinheiro cairia
diretamente em nossas contas bancárias. Naturalmente, anúncio
(extremamente) pequeno nos informava de taxas de juros de 3059%! Por que
alguém pensaria em fazer isso? Porém, muitas pessoas o fazem. Na
verdade, cada vez mais pessoas estão solicitando mais e mais dinheiro
para saírem de mais e mais dívidas.
Recentemente, fiquei impressionada com o
quanto nossa cultura é regulada pelo dinheiro e prejudicada pela
dívida. Estive lendo o livro de Paul Tripp, “Sex & Money” [Sexo e Dinheiro – Cultura Cristã], no qual ele diz que nossa cultura é “insana”
quando se trata de sexo e dinheiro. Ele discute um nível de diluição
funcional ou autoengano sobre a maneira como pensamos e lidamos com
essas coisas em nossas vidas. Muitos de nós estão se afogando em
dívidas, mas de alguma forma ainda conseguem continuar gastando
dinheiro.
Claro, o dinheiro é simplesmente
inevitável. Não podemos ficar sem ele. As contas sempre precisam ser
pagas. Porém, estamos usando-o sabiamente ou estamos gastando como se
houvesse um poço infinito de dinheiro? A mesma TV que promove
empréstimos consignados fáceis, também promove empresas que prometem nos
ajudar na falência como a solução para nossos problemas de dívida!
Insano, de fato!
Planos de habitação não são diferentes do que em qualquer outro lugar no mundo ocidental. Na verdade, às vezes são piores. Muitos daqueles com renda mais baixa podem ter níveis desproporcionais de dívida.
Por que gastamos o dinheiro que não temos? Estamos preocupados com a
forma como somos considerados? “Eu não quero que ninguém pense mal dos
meus filhos e os chame de maltrapilhos”, ou “eu só preciso disso…”. A
mais recente TV inteligente de 70 polegadas torna-se um item
obrigatório. Por quê? “Porque, a de 36 polegadas não é tão boa”. O mais
recente smartphone é necessário porque o antigo que temos é simplesmente
constrangedor. Leva-se para casa 33 pares do novo modelo de calçado
para treinos. Depois, há a dívida com medicamentos. Centenas e milhares
devidos a diferentes distribuidores espalhados por toda a cidade. As
pessoas ficam sem comida e eletricidade, sobrevivendo com muito pouco
apenas para pagarem suas dívidas ou para ficarem à espera do próximo
empréstimo. Esse pensamento “compre agora, nunca pague” está
profundamente enraizado em nossa cultura. Não é de admirar por que os
planos são um feliz campo de caça para os trapaceiros que trabalham com
empréstimos e cobram taxas de juros exorbitantes que eles sabem que as
pessoas não conseguem pagar. É vantajoso manter as pessoas em dívida. Na
verdade, é um negócio muito lucrativo. É um grande motivo pelo qual
muitos se voltam para o crime para ganhar dinheiro rápido. Fazer dívidas é o mais novo vício da cidade.
Eclesiastes 5.10: “Quem ama o dinheiro jamais dele se farta; e quem ama a abundância nunca se farta da renda; também isto é vaidade”.
Como cristãos, nós agimos melhor ou
pensamos que nosso dinheiro nos pertence? Estamos sendo bons mordomos?
Isso tem me desafiado ao longo dos anos de diferentes formas. Como uma
jovem cristã, o dízimo parecia uma tarefa gigantesca. Eu enfrentei uma
batalha quase infinita de luta entre o que considero como minhas
necessidades contra o que preciso. Será que nos separamos do mundo no que diz respeito ao modo como lidamos com o dinheiro?
Nós enxergamos diferente? Somos bons cuidadores do que o Senhor nos dá?
Eu amo a palavra cuidador simplesmente porque me lembra que estou
cuidando de algo que pertence a outra pessoa. É fácil confundir o que
ganhamos com o que é nosso, em vez de lembrar que Deus nos deu tudo o
que temos, incluindo nossos salários, nossos pagamentos e/ou nosso
benefício de licença maternidade.
Isso é algo que temos que dar exemplo
para os novos crentes. Ao longo dos anos, muitos de nossos jovens
cristãos tiveram sérios problemas com dívidas por causa de seus maus
hábitos de gastos anteriores. Eles foram presos em ciclos ruins de
gastos ao longo de muitos anos. Eles vêm a nós prejudicados por sua
dívida, incapazes de verem qualquer saída. Muitos deles tomaram
emprestado tanto dinheiro de tantas fontes diferentes que temem fazer
uma contabilidade real por medo de saberem o quão ruins seus problemas
realmente são. Um componente primordial de nosso discipulado é ajudá-los
a avaliar honestamente suas finanças e hábitos de consumo. Sabemos que
se eles não forem controlados, serão destinados a permanecer presos em
um ciclo interminável e deprimente. Parte de ser cristão nos planos é
realizar a mordomia divina da melhor maneira possível.
Naturalmente, temos lutado com
diferentes aspectos disso enquanto aconselhamos novos crentes. Por
exemplo, devemos emprestar dinheiro às pessoas? Devemos ministrar aulas
visando o que a Bíblia tem para ensinar? Estamos realmente ajudando?
Essas não são perguntas fáceis de responder e, para ser honesta, temos
refletido sobre elas como uma equipe há anos. Obviamente, precisamos
ajudar nossos jovens cristãos (e muitos dos nossos mais velhos também) a
verem seus gastos com uma perspectiva do evangelho em mente.
Uma completa mudança mental é necessária.
Princípio Bíblico | A mentira que contamos a nós mesmos |
Deus nos dá tudo o que temos e necessitamos | Eu conquistei isso, é meu direito, é meu, eu posso fazer o que eu quiser com ele… |
Ofertar financeiramente | Eu não posso dar a Deus o que não tenho; outras coisas são mais importantes |
Viver com um orçamento | Eu tenho dinheiro a receber na próxima semana para pagar por isso; então, agora, farei somente um pouco de malabarismo |
Poupar (Emergências) | Eu não consigo economizar, então não estou pensando no amanhã |
Guardar-se de dívida desnecessária (buscar e ouvir o conselho de Deus) | Se eu comprar três casacos em promoção é como se estivesse ganhando um de graça, então eu estou realmente economizando dinheiro. Eu posso pagar as parcelas e eu, de fato, não posso esperar por que… |
Estar contente | Sinto-me melhor, se… |
Ser financeiramente responsável | Eu não contarei para ninguém sobre o meu negócio… |
Há ajuda se você está
preocupado sobre como organizar suas dívidas e gastos. YNAB
(www.youneedabudget.com), por exemplo, é uma grande ferramenta. Há
também C.A.P (www.capuk.org), bem como The Citizens Advice Bureau
(www.citizensadvice.org.uk). Estas são ferramentas úteis que ajudarão
aqueles que estão começando a lidar com seus problemas de dívidas e
gastos. Porém, a menos que estes sejam combinados com a mudança real do
coração e haja uma transformação mental total de acordo com princípios
bíblicos, então será difícil conseguir qualquer mudança duradoura.
Duas pequenas coisas têm causado grandes impactos
Dizer NÃO! Esta tem
sido uma das palavras mais difíceis de dizer, especialmente quando se
trata de alguém com quem você tem um bom relacionamento. Houve momentos
em que pessoas me pediram dinheiro emprestado, ou para ser uma fiadora
de um empréstimo e eu disse que NÃO! A cada vez foi muito difícil de
dizê-lo quanto para o outro ouvir. É difícil amar corretamente quando
você vê alguém com quem se preocupa prestes a magoar-se. Mas, precisamos
ajudar com sabedoria, auxiliando-os a confiarem em Deus e aproveitando a
oportunidade, com compaixão, para falar a verdade bíblica na situação.
Responsabilidade.
Realmente boa prestação de contas tem sido muito útil enquanto nos
moldamos a uma perspectiva bíblica de lidar com dinheiro. Se alguém de
fato deseja organizar suas finanças com a ajuda de Deus, então a
responsabilidade nos dará a oportunidade de fazer as perguntas difíceis.
Nós devemos constantemente direcionar as pessoas para a Bíblia.
Mateus 6.21: “Porque, onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração”.
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