Em nossa primeira parte
nesta série sobre o Natal segundo Paulo, aprendemos que, para o
apóstolo, Jesus é o Filho por quem todo o tempo havia esperado e que
nasceu de uma mulher. Na segunda parte da nossa série, aprenderemos mais
duas verdades sobre o Natal com Paulo, pelo que ele escreve em Gálatas
4.4-5.
A declaração do apóstolo em Gálatas 4.4
nos dá uma terceira perspectiva para responder à pergunta: “que criança é
esta?”. Paulo diz: é o Filho “nascido sob a lei”. Somada à frase
“nascido de mulher”, essa frase se refere a uma segunda circunstância
que marca o seu nascimento, uma característica que novamente nos aponta
para a sua humilhação. O que o apóstolo quer dizer com esta frase? Ele
quer dizer que o Filho nasceu como um servo. Ou seja, nascido um judeu
sob Moisés, o Filho do Pai nasceu um servo do Senhor, seu Deus, a quem
ele devia uma obediência perfeita, pessoal e permanente, tanto ativa
como passiva.
Desde sua circuncisão, oito dias após
seu nascimento, até sua celebração da Páscoa com seus discípulos logo
antes de sua morte, todos os detalhes da vida de Jesus estavam sob a
direção da lei. Como um filho de Abraão, o Filho nascido servo viveu sob
a pedagogia da lei cerimonial. Por causa dele, os preceitos rituais e
sombras da lei foram instituídos, e seu objetivo e cumprimento final
foram encontrados nele.
O Filho também nasceu sob a lei moral e a
lei civil. Como servo do Senhor, ele estava sujeito a todos os
preceitos da lei, bem como a suas recompensas e sanções. E a lei exigia
um homem justo, um homem que cumprisse os mandamentos do seu Deus e Pai.
O Filho, diz Paulo, aquele que nasceu de uma mulher, era exatamente
esse homem. Ele nasceu sob a lei, tanto como homem quanto como o fiador
de seu povo. Não é de se admirar que o autor de Hebreus diga de Cristo:
“Por isso, ao entrar no mundo, diz: […] Eis-me aqui (no rolo do livro
está escrito a meu respeito), para fazer, ó Deus, a tua vontade”
(10.5,7).
Que criança é essa na manjedoura, então?
Ela não é apenas o Filho pelo qual todo o tempo havia esperado e que
nasceu de uma mulher. Ele também é o Filho nascido sob a lei.
Enquanto continua a discutir a primeira
vinda de Jesus, o apóstolo fornece uma quarta parte de sua resposta para
a pergunta diante de nós. O bebê na manjedoura, ele nos diz, é a
criança que nasceu “para resgatar os que estavam sob a lei” (Gálatas
4.5). Aqui o nosso foco muda das circunstâncias da vinda de Jesus para o
propósito de sua vinda.
Precisamos prestar especial atenção ao
significado e ao pano de fundo das palavras do apóstolo aqui. Por
“resgatar”, Paulo tem em mente o ato de salvar, redimir, libertar da
escravidão mediante o pagamento de um preço. A história da redenção de
Israel fornece o cenário aqui. O preço pago pela libertação da nação do
Egito foi profundo: a morte dos primogênitos. Através de Moisés, Israel
aprendeu sobre o substituto penal de Deus para seus primogênitos e,
assim, Israel ofereceu o cordeiro pascal e viu sua redenção da
escravidão no reino de Faraó para a liberdade sob o Senhor seu Deus.
Felizmente, existe uma redenção maior
que a de Moisés. A libertação de Israel do Egito exemplificou o
evangelho plenamente revelado em Jesus Cristo. Ele veio como o
verdadeiro Israel e o grande Cordeiro pascal (1Coríntios 5.7; 1Pedro
1.19; João 1.29). Ele se derramou na morte por seu povo (Isaías 53.12;
Hebreus 2.10-13; Apocalipse 5.6-9) e, assim, realizou o novo e
verdadeiro êxodo da escravidão espiritual no reino de pecado e morte de
Satanás (Lucas 9.31; Mateus 1.21). Tão grande era a redenção operada por
Cristo que ele trouxe um benefício que Moisés não poderia fornecer, a
saber, a remissão dos pecados, a libertação do pecador da
responsabilidade legal de suportar o castigo que o pecado e sua culpa
exigiam.
Acredite ou não, ainda há mais na
declaração do apóstolo! Note que em Gálatas 4.5 Paulo descreve aqueles a
quem o Filho redime como “os que estavam sob a lei”. Com isso, Paulo
descreve todos a quem o Filho veio redimir, mas qual é o ponto de tal
descrição? Seu ponto é alcançar aqueles que sabem que são obrigados a
obedecer à lei de Deus de coração (Deuteronômio 6.6; Gálatas 3.12), mas
que, em sua escravidão ao pecado, são incapazes de satisfazer as suas
necessidades (Deuteronômio 5.28-29; 29.4; Gálatas 3.21). Seu ponto é
chamar a atenção dos nascidos contaminados pelo pecado original, para os
quais a lei provou ser um pacto de condenação, prisão e morte
(2Coríntios 3.6-14; Romanos 7.10-11; Gálatas 3.10, 22). Para esses, o
apóstolo tem “boas novas de grande alegria”: o Filho veio para trazer
libertação e resgate para você. Na vida e na morte, o Filho prestou a
Deus a obediência exigida pela lei, e com base nisso ele pediu ao Pai
que aplicasse os méritos de sua obediência a todos os pecadores que
creem. Assim, o Filho responde a todas as acusações contra o seu povo e
acalma suas consciências inquietas. Assim, ele conquista o acesso deles a
Deus e lhes assegura a sua aceitação diante de Deus.
Que criança é essa? Ele é o Filho pelo
qual toda a história esperava, o Filho nascido de mulher e sob a lei, o
Filho enviado para nos redimir.
Em nosso último texto vamos olhar para mais duas verdades que o apóstolo Paulo nos ensina sobre o bebê na manjedoura.
Por: R. Fowler White. © 2016 Ligonier. Original: Christmas According to the Apostle Paul – Gal 4:4-5 (Part 2 of 3)
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