Toda traição é fruto do egoísmo, do desejo de satisfação pessoal. Não
existe amor envolvido em traições. Porque amor implica em considerar
primeiro o outro.
Quem trai considera em primeiro lugar a si mesmo. Seu prazer físico e
emocional, na experiência de relacionar-se com o objeto da traição, é
que conta. Não ama o traído,nem ama o objeto motivador da traição, ama
suas próprias sensações. É isso: na traição o outro é sempre objeto -
ainda que desejado, por ser fonte de realização, mas objeto.
Aquele que é capaz de trair uma pessoa, é capaz de trair qualquer outra.
Quem desconsidera a dignidade de uma pessoa, não pode considerar a
dignidade de qualquer outra, além da sua.
No amor o outro é visto com dignidade e tratado com respeito. Quem ama
não ousaria macular tal condição, seja lá qual fosse a justificativa que
o egoísmo lhe apresentasse.
Obviamente que o traidor há de encontrar justificativas que lhe soem
plausíveis para seu ato egoísta. Há de convencer-se que há alguma
nobreza em seu gesto sórdido.
É assim que a humanidade distorce valores morais, muda as palavras e
seus significados só para inocentar-se de seus próprios crimes -
proclamados pela consciência.
Em vez de mudar as atitudes, parece mais fácil mudar as palavras que as
qualificam. E assim vamos etiquetando as coisas com outros nomes, para
acalmar a consciência. No lugar de IMPULSO EGOÍSTA, escrevemos PAIXÃO
INCONTROLÁVEL ou AMOR ARREBATADOR. Então o CULPADO pode ser chamado de
VÍTIMA.
Vamos ressignificando as coisas. Não é atoa que POLÍTICOS CORRUPTOS
reclamam o título de PERSEGUIDOS POLÍTICOS. O antigo ASSASSINATO DE
BEBÊS já pode ser chamado de LIBERDADE DE ESCOLHA DA MÃE.
Por conveniência, cada indivíduo é elevado à condição de deus - um tipo de legislador de um universo que ele considera seu.
Nessa insanidade de nos imaginar senhores do universo, caso optemos por
acreditar em algum outro deus, além de nós, façamos um à nossa imagem e
semelhança - certamente ele há de aprovar nossos dicionários de valores
sintonizado com a nossa época.
E viva à subjetividade, ao relativismo! Viva à degradação e à miséria humanas.
Por: Noeme Rodrigues De Souza Campos
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