“EM
TUDO DAI GRAÇAS” é o tema da nossa campanha editorial em fevereiro. O
portal Ultimato vai lembrar ao leitor o apelo das Escrituras (1 Ts 5.18)
ao longo das próximas semanas. Agradecer em tudo? Como assim? Do layout
aos estudos bíblicos, “Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de
Deus”.
Por Elben César
Os
cristãos são ensinados a pedir: “Peçam, e lhes será dado” (Mt 7.7).
Também são ensinados a agradecer: “Deem graças em todas as
circunstâncias” (1Ts 5.18).
Não há como negar: a falta de
gratidão é falta de educação. Além disso, a gratidão tem um enorme valor
terapêutico. O cristão que cultiva o hábito de agradecer a Deus é uma
pessoa mais saudável, mais disposta, mais dinâmica e mais aceita. A
gratidão leva ao louvor e pode transformar prosa em verso.
Uma multidão de mal-agradecidos
É
preciso falar sem rodeios: falta de gratidão é falta de educação. Antes
de ensinar aos filhos a dizer “muito obrigado”, os pais precisam
aprender a dizer “muito obrigado” a Deus.
É muito conhecida a
história dos dez leprosos que foram curados por Jesus numa de suas
viagens da Galileia para a Judeia. Eles não obtiveram a cura no momento
nem no local em que se encontraram com o Senhor, mas na caminhada ao
encontro dos sacerdotes, de acordo com a orientação dada por Jesus.
Depois de curados, só um deles, que era samaritano, voltou e prostrou-se
com o rosto em terra aos pés de Jesus para agradecer. Então, Jesus fez
três perguntas de imediato aos que estavam ao seu redor: “Não foram
purificados todos os dez? Onde estão os outros nove? Não se achou nenhum
que voltasse e desse louvor a Deus, a não ser este estrangeiro?” (Lc
17.17-18).
Espírito de gratidão
A
Bíblia manda pedir e manda agradecer. Não apenas pedir, mas também
agradecer. “Sede agradecidos” – ordena enfaticamente o apóstolo Paulo
(Cl 3.15). A expressão “Rendei graças ao Senhor”, que são as primeiras
palavras de cinco Salmos (105, 106, 107, 118, 136), aparece inúmeras
vezes nesse livro poético. Até o esquisito Jonas fala em agradecimento
quando menciona a sua necessidade de Deus para livrá-lo do ventre do
peixe (Jn 2.9). O espírito de gratidão de Paulo é impressionante. O
apóstolo está sempre dando graças. Logo no início de onze de suas treze
epístolas, Paulo registra que dá graças a Deus por suas manifestações na
vida daqueles para quem escreve (Rm 1.8; 1Co 1.4; 2Co 2.14; Ef 1.16; Fp
1.3; Cl 1.3; 1Ts 1.2; 2Ts 1.3; 1Tm 1.12; 2Tm 1.3; Fm 4). Ele, que tanto
ora pela igreja e pelos fiéis, se sente na obrigação de agradecer:
“Devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados pelo Senhor”
(2Ts 2.13).
O valor terapêutico da gratidão
A
gratidão é tão necessária ao espírito humano quanto à confissão de
pecados e ao desabafo da alma perante o Senhor – não só no aspecto
ético, mas também no aspecto emocional. Faz muito bem à mente enumerar e
agradecer as bênçãos recebidas da divina mão. Esse exercício alegra,
anima e fortalece a alma. Afasta o cristão de seus problemas reais ou
imaginários e o aproxima de Deus. Abre os seus olhos para “a entranhável
misericórdia de nosso Deus” (Lc 1.78) e fecha-os para a opressão do
demônio.
A gratidão profunda e contínua cura o pessimismo, o
derrotismo e a fatalidade cega. O cristão que cultiva o hábito de
agradecer a Deus pelo que ele é e pelo que ele faz dificilmente terá
crises de desânimo. Não abrigará no coração a presença incômoda e
doentia do queixume e da amargura. Será uma pessoa mais saudável, mais
disposta, mais dinâmica e mais aceita por Deus.
Da prosa ao verso
Embora
haja alguma diferença entre render graças e salmodiar, as duas
expressões de culto se completam e andam juntas. Render graças é
expressar gratidão; salmodiar é cantar ou recitar poemas em louvor a
Deus.
É preciso salmodiar (Sl 30.4; 47.6; 66.2) ou cantar com
júbilo ao Senhor (Sl 9.11; 81.1; 98.1). Foi isso que Moisés fez logo
após a passagem a seco pelo mar Vermelho (Êx 15.1-19). Foi isso que Ana
fez logo após o nascimento de Samuel (1Sm 2.1-10). Foi isso que Débora
fez logo após a vitória de Israel sobre Sísera (Jz 5.1-31). Foi isso que
Davi e os filhos de Coré sempre fizeram para registrar a misericórdia
divina (a maior parte dos Salmos). Foi isso que Ezequias fez logo após
ter sido curado por Deus (Is 38.9-20). Foi isso que Maria, Zacarias e
Simeão fizeram logo após o nascimento de Jesus (Lc 1.46-55, 67-69;
2.29-32). A gratidão leva ao louvor e pode transformar prosa em verso.
Trecho publicado originalmente em Teologia Para o Cotidiano, de Elben César.
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