Lendo sobre essa crise de segurança no Espírito Santo, seguido de
carnificinas em vários presídios em janeiro último, fiquei pensando
comigo como a sociedade está adoecida, sem coesão nenhuma, destruída.
No
momento em que precisamos de policiais e até do exército, senão o
pessoal sai matando os outros a torto e a direito (são mais de 100
mortos em curtíssimo espaço de tempo), cometendo roubos e furtos,
pergunto: Onde foi parar o nosso senso de humanidade ? O que desandou a
ponto desta volta às cavernas? Realmente triste a situação de nossa
nação.
Basta lembrar que a Índia, um país muitas vezes mais
populoso e tão pobre quanto o Brasil, tem oito vezes menos homicídios.
Estamos doentes na alma. Décadas defendendo tudo que não presta. Somos
uma sociedade muito tolerante e permissiva.
E, pensando em tudo isso, refleti o seguinte: Na condição de cidadãos
e cristãos, como podemos estar indo contra esta maré ? E veio a mim
talvez o versículo mais conhecido do livro de II Crônicas (o do capítulo
7:14), quando Deus, respondendo à oração do Rei Salomão, diz:
“Se
o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e me
buscar, e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos
céus, perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra.”
Como se
vê, Deus prometeu que a nação de Israel receberia alívio das
dificuldades causadas por seus pecados, contanto que os israelitas se
voltassem para Ele em humildade e oração. Esta promessa foi
especialmente relevante para a comunidade restaurada, terminado o exílio
babilônico.
Assim, resta claro que a promessa de Deus não foi um
cheque em branco. Deus explica claramente as condições em que Ele faria
aquilo. Trazendo isso para os nossos dias, o que eu sinto é que muitos
de nós, cristãos, precisamos estar nos convertendo dos nossos maus
caminhos. Esperamos muito a coisa cair do céu, sem fazer a nossa parte
como deveríamos.
Tenho ficado impressionado como vemos gente
falando de Deus o tempo todo, mas quando você olha para a vida daquela
pessoa, você não sente o aroma de Cristo.
É cometendo crimes,
usando da “Lei de Gerson”, criando contendas e divisões, fofocando sobre
a vida alheia, invejando o que é do outro e desejando no seu íntimo o
mal, etc.
Causa-me espécie, por exemplo, saber que um dos estados
com mais criminalidade no país, o Rio de Janeiro, é o estado
percentualmente com mais evangélicos no país. Diante disso, a pergunta
que aparece é: Qual a diferença que cristãos ali estão fazendo, quando
vemos notícias recorrentes de muitos metidos em cambalachos e crimes
bárbaros? E isso vale para outros estados também.
O que sinto é
como se muitos de nós estivéssemos vivendo uma espécie de “ateísmo
prático”. Por essa expressão me refiro à pessoa que apesar de
formalmente acreditar em Deus, leva uma vida como se Deus não existisse,
como se Ele fosse totalmente indiferente ao fato de praticamos o bem ou
mal.
Deus é basicamente lembrado apenas quando se precisa de um
milagre, de bençãos materiais, no ambiente social de uma igreja. Deus
deixa de ser o centro de nossas vidas, e passamos a ter uma mera
religiosidade vazia.
Ora, a importância de levarmos uma vida
correta e com base no Evangelho nos é lembrada pelo mestre Jesus, que
deixa isso bem claro ao dizer em Mateus 7:21, que nem todo aquele que
diz: “Senhor, Senhor!”, entrará no Reino dos Céus.
Infelizmente,
até esta advertência grave para muitos religiosos hoje não traz nenhuma
reflexão, no momento em que estão mais preocupados com os sabores deste
mundo.
Tanto é assim que em muitas igrejas baniu-se qualquer
pregação que fale de pecado, sob pena de serem tais denominações
rotuladas meramente de “legalistas”. Há igrejas que já fui que parecem
pregações de psicanálise “light” ou espiritualidade “zen”.
Falar
então em vida eterna com Jesus, que somos peregrinos neste mundo rumo a
Nova Jerusalém, é assunto cada vez mais “démodé” (fora de moda).
Concluindo,
se, de fato, amamos nosso país e queremos fazer algo para que a
balbúrdia que se instalou, comece a mudar, esta mudança deverá começar
em nós e com mudanças práticas do nosso proceder em sociedade e não
apenas com orações vazias desconectadas de uma vida espelhada nos
valores do Reino de Deus, que são a verdade, a justiça, a paz, a
fraternidade, o perdão, a liberdade, a alegria e a dignidade da pessoa
humana. Amém.
Leandro Bueno
Procurador da Fazenda/Professor. Membro da Igreja Presbiteriana do Brasil
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