As luzes dos fogos e o frenesi da virada de mais um ano a pouco se
apagaram e o silêncio nos traz de volta ao cenário dos dias incertos. Na
próxima esquina, o “novo” ano nos desafia com velhos temores e antigas
dúvidas. No país, em pleno ano eleitoral, não há sinais de que alguma
novidade possa surgir no horizonte. O clima também é tenso, imprevisível
e desarrazoado no âmbito internacional. Guerras e rumores de guerra.
Fome, abuso e violência fazem parte do cotidiano de muitos. O medo, a
angústia e a insegurança são sentimentos preponderantes na maioria das
pessoas. O brilho dos fogos que tanto nos encanta não é suficiente para
dissipar as sombras.
Semelhante cenário de escuridão permeia
muitos capítulos da história da humanidade. O mais importante deles
aconteceu em uma sexta-feira distante, mais de dois mil anos atrás. O
mesmo cheiro de morte, que brota de nossos hospitais abarrotados e das
nossas ruas repletas de violência, tomava conta dos discípulos que,
mergulhados na consternação que reinava naquele longínquo final de
semana após a morte horrenda de Jesus, se dirigiam a Emaús. Como aqueles
viajantes, não raras vezes, andamos cabisbaixos, curvados pelo
sentimento de que tudo está perdido e de que não resta qualquer
resquício de luz no fim do túnel da jornada. Corrupção, dor e sofrimento
deixam a impressão de que não há lugar para o bem na história e que o
mal é a realidade última. Também no íntimo de nossos corações passamos
por vales sombrios que, a seu tempo e modo, podem nos cegar. Hoje,
porém, como naquele momento histórico, enganamo-nos quando pensamos que o
choro e a morte são as últimas notícias.
A visão da realidade
dos fatos se apresenta ao longo do caminho por meio de alguém que
encarna a própria luz e que insiste em dizer: não é tempo de desistir,
não é o fim! Conforme ele demonstrou na empoeirada estrada de Emaús,
nossa saída está em olhar para as Escrituras e, nelas, enxergar a ação
poderosa do Deus que nos garante que tudo o que houve, tudo o que há e
tudo o que há de vir dirige-se a um surpreendente final que já está
determinado, a uma vitória que já foi conquistada, curiosamente na
escuridão e na dor da cruz, e que redunda na esperança da vida.
>>> Século I – O Resgate <<<
Um
olhar mais atento para a dinâmica da narrativa bíblica – da boa criação
à queda e, desta, à redenção plena descrita no derradeiro livro
canônico – permite enxergar a insistência de Deus que, movido por seu
imenso amor e pela certeza de que toda a criação é essencialmente boa,
escolhe preservá-la! Foi assim no dilúvio, quando, diante da
possibilidade de destruí-la, ele preferiu restaurá-la, mantendo a
espécie humana por intermédio de Noé. Já havia sido assim no Éden,
quando, diante da escolha feita pelo homem de romper o vínculo com o
criador, surge a promessa feita a Eva de que da sua descendência viria o
redentor, o qual destruiria a serpente, símbolo do engano.
A
oportunidade de restauração é a sinfonia da esperança. Seus harmônicos
movimentos podem inundar o coração de paz quando a dúvida e o medo fazem
parecer que, ao final, não será possível a vitória do bem sobre o mal.
Na
dramática história de Elias, encontramos um profeta deprimido e sua
equivocada leitura do noticiário local, ao imaginar que todos haviam
abandonado a verdadeira fé e o Senhor quando, na verdade, sete mil não
haviam se dobrado perante Baal! Elizeu, por sua vez, ora por seu jovem
ajudante Geazi, pedindo a Deus que abrisse os olhos do rapaz para que
pudesse ver o invisível, em dimensões humanamente inimagináveis!
A
trilha de Emaús é, então, um chamado à esperança. O Cristo que venceu a
morte para nos garantir a vida nos assegura que não estamos sozinhos em
nossa batalha pela construção de uma realidade mais cheia de luz e
graça, pois o bom, o belo e o verdadeiro fazem parte do reino de Deus e
Ele é suficientemente capaz de implementá-lo. Na ressurreição de Jesus, o
projeto de restauração da humanidade se concretiza. Na sua volta,
veremos a sua plenitude. Assim, não há nada perdido. O Senhor da
História venceu. O bem já triunfou. Esta é a verdade final. Esta, a
derradeira notícia!
Por Ultimato Online
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