Não vou dizer que o carnaval está aí, porque acho que todo mundo já
notou. Mas pode ser que alguém ainda esteja na dúvida se cai na farra ou
não. São dias para ficar à toa e, para ajudar sua escolha, veja essas
razões:
1. Você pode ser quem você quiser
É
enfiar uma máscara e sair livre por aí. Para dizer a verdade, nem
precisa de máscara, porque a sua própria cara funciona como a máscara do
Máskara. Além disso, não vai ter patrulhamento, é cada um na sua,
escolha o que ou quem quer ser e vamo-que-vamo.
2. Você pode ser você mesmo
Isso
aí. Se é no resto do ano que você fica mascarado, agora libere seu
assanhamento, solte a franga, vá para galera, curta adoidado, leve os
quatro dias numa boa. Ninguém vai te estranhar, porque todos os
conhecidos vão pensar que você está se mascarando, afinal, o ano inteiro
você é careta. Só você sabe que a hora é de se soltar e assumir a sua
real identidade.
3. O carnaval faz a gente esquecer os problemas do país
Ninguém
merece: estão dizendo que a economia está melhorando (há quem
acredite...), mas a política é claro que não mudou, porque “eles”
continuam lá e continuam rindo. Solução? Quatro dias no bloco dos
Otários do (ainda) Morro (disso) ou no cordão do carnavalesco Nadinha
Resolvido da Silva. Depois do carnaval está tudo pior, mas ano que vem
tem mais.
4. Abandono de regrinhas chatas e sem sentido
Eu
sei que muitos políticos vão fazer na vida pública o que eles faziam na
privada e aí no carnaval a moda pega. Banheiro público vira isso mesmo:
fazer as necessidades em público. É isso que quer dizer aquele antigo
hino (des)conhecido:
“brava gente brasileira,
longe vá pudor senil,
veja quanta gente jovem
emporcalhando o Brasil”.
5. Pegação geral e desrespeito às mulheres
Neste
país em que mulher é vista por muitos como objeto ano inteiro, no
carnaval ela se apresenta desembrulhada, pronta para consumo. Mas o
machão brasileiro é exigente, então quer dar uma apertadinha para ver se
a fruta está madura, quer degustar para ter certeza de que não leva
gato por lebre. Alto nível.
6. Libidação ou liberação geral
Embora
pecado tenha muitas modalidades, a ideia de que não existe pecado do
lado de baixo do Equador é sempre associada a sexo sem barreiras. Não
interessa quem com quem nem com quens, nem quando, nem quantos, nem
onde. Toda hora é hora, então, que tal agora? Tem gente passando? Então
vamos nessa.
Está bem, chega de ironias. Você não cai nessa
farra. O caso, porém, é que, mais do que fugir do carnaval, importante é
tirar o carnaval de nós. Se não, a gente pode passar os quatro dias em
um retiro abençoado, mas desfilar o ano inteiro no mesmo bloco, na mesma
avenida.
Casado com Sandra, é jornalista, pastor presbiteriano e editor da Cultura Cristã.
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