“Vós que amais o Senhor, detestai o mal…” (Sl 97.10a).
Neste mundo assaz conturbado precisamos pedir a Deus discernimento e
coragem. Discernimento para saber a hora certa de falar e a hora precisa
de calar e coragem para não se calar na hora que o silêncio é sinal de
covardia. Duas coisas nos perturbam: o barulho dos ímpios e o silêncio
dos piedosos. Pior do que o barulho dos ímpios é o silêncio covarde dos
piedosos. Aqueles que são chamados para amar o Senhor, devem na mesma
proporção, detestar o mal. O mal não pode erguer sua fronte altiva sem
ser confrontado. O mal não pode desfilar na passarela do tempo sem ser
detestado. Calar-se diante do mal é ser não apenas covarde, mas também
conivente. O apóstolo Paulo, nessa mesma toada, escreve: “Detestai o
mal, apegando-vos ao bem” (Rm 12.9).
Mas o que é o mal? É tudo aquilo que afronta a santidade de Deus,
conspira contra os princípios morais e espirituais estabelecidos por
Deus e tem o propósito de corromper os relacionamentos instituídos por
Deus e balizados pela palavra de Deus. O mal se infiltra nas estruturas
políticas e econômicas. O mal destila seu veneno nas redes sociais e no
cinema. O mal mostra sua carranca nas ruas, no guetos, nos palácios e
nas choupanas. O combustível que alimenta o mal é o pecado. O pecado é o
pior de todos os males, pois nos priva do maior bem. O pecado nos
afasta de Deus, do próximo e de nós mesmos. O pecado é maligníssimo. Seu
salário é a morte.
O mal está dentro de nós e fora de nós. Está em nosso coração e em
nossas palavras. Está em nossas ações, reações e omissões. Está no
governo e no povo. Está na imprensa e na literatura. Está na televisão e
no teatro. Está nas relações internacionais e nos acordos econômicos.
Está na academia e nas cortes. Está na igreja e na família. Está na
cidade e no campo. O mal é o bafo do diabo, o refluxo do pecado, o
produto da rebelião contra Deus.
O mal tem um arsenal muito diversificado. Sua indumentária é variada.
Apresenta-se sob o manto da tolerância, mas abespinha-se com qualquer
pessoa que ousa discordar de sua cosmovisão. Usa a máscara do respeito
aos direitos do outro, mas apenas quando o outro se curva aos seus
rasteiros interesses. É nessa sociedade que se diz plural, mas exige
subserviência à ditadura do relativismo que somos chamados a amar o
Senhor e a detestar o mal. É nesse mundo caído, rebelado contra Deus,
que somos convocados a não nos conformarmos com este século, mas a
sermos transformados pela renovação da nossa mente. É nesse ambiente
hostil à fé cristã, que somos chamados a sair para fora dos portões da
religiosidade, para nos encontrarmos com o Cristo vivo, na escola, na
empresa, na família, na rua, levando o vitupério de Cristo. O mundo
odiou Cristo e também vai nos odiar. Ser cristão é viver os valores no
céu numa terra manchada pelo pecado. Ser cristão é andar na luz num
mundo de trevas. Ser cristão é praticar o bem num ambiente governando
pelo mal. Ser cristão é andar na verdade num mundo rendido à mentira.
Ser cristão é viver em santidade num mundo que se refestela no pecado. O
mal sempre vai se insurgir contra Deus e desferir golpes violentos
contra seu povo. O povo de Deus, porém, não pode ser vencido pelo mal,
mas deve vencer o mal com o bem. O povo Deus não pode acovardar-se
diante da arrogância do mal, mas deve erguer sua voz em defesa do bem. O
barulho dos ímpios não pode silenciar os piedosos!
Rev. Hernandes Dias Lopes
Nenhum comentário:
Postar um comentário
COMENTÁRIOS