É claro que você não saberia de que maneira o Espírito Santo é
tratado por dezenas de cristãos professos nos dias de hoje. Por um lado,
alguns evangélicos tradicionais são culpados por negligenciar o
Espírito Santo por completo, onde a pessoa da Trindade é esquecida.
Tentam fazer a Igreja crescer através de sua própria inteligência, no
lugar de fazê-lo através do poder do Espírito. Muitos minimizam a
própria santidade e obra santificadora do Espírito. Alegam que a
pregação bíblica, na qual a espada do Espírito é manejada com cuidado e
precisão, agora está fora de moda. Em seu lugar, eles oferecem
entretenimento, inovações, clichês vazios, ou a elevação da incerteza,
trocando, assim, a autoridade do Espírito que inspirou as Escrituras por
substitutos baratos e impotentes.
Por outro lado, os movimentos
pentecostais e carismáticos modernos levaram o pêndulo para o extremo
oposto. Criaram uma preocupação doentia com supostas manifestações do
poder do Espírito Santo. Carismáticos comprometidos falam
incessantemente sobre os fenômenos, as emoções e a mais recente onda ou
sensação. Eles parecem ter relativamente pouco (às vezes nada) a dizer
sobre Cristo, sobre sua obra expiatória ou sobre os fatos históricos do
evangelho. A fixação carismática na suposta obra do Espírito Santo é
falsa reverência. Jesus disse: “Quando vier o Conselheiro, que eu
enviarei a vocês da parte do Pai, o Espírito da verdade que provém do
Pai, ele testemunhará a meu respeito” (João 15:26). Assim, quando o
Espírito Santo se torna o ponto central da mensagem da Igreja, a sua
verdadeira obra é prejudicada.
O “Espírito Santo” encontrado na
maior parte do ensino e da prática carismática não tem qualquer
semelhança com o verdadeiro Espírito de Deus revelado nas Escrituras. O
verdadeiro Espírito Santo não é uma corrente eletrizante de energia
extática, um tagarela extremamente chato com um discurso irracional ou
um gênio cósmico que indiscriminadamente concede desejos egoístas
relacionados à saúde e à riqueza. O verdadeiro Espírito de Deus não faz
com que o seu povo ladre como cães ou ria como hienas; ele não o derruba
no chão em um estupor inconsciente, ele não o incita a adorar de forma
caótica e incontrolável; e ele certamente não realiza a obra do seu
Reino por meio de falsos profetas, falsos curandeiros e televangelistas
fraudulentos.
Ao inventar um Espírito Santo de idéias idólatras,
o movimento carismático moderno oferece fogo estranho que tem causado
prejuízos incalculáveis para o Corpo de Cristo. Alegando concentrar-se
na terceira pessoa da Trindade, tem, na verdade, profanado seu nome e
denegrido sua verdadeira obra. Sempre que Deus é desonrado, aqueles que
amam o Senhor sentem dor e justa indignação. Isso foi o que Davi
experimentou quando exclamou, em Salmos 69:9: “O zelo pela tua casa me
consome, e os insultos daqueles que te insultam caem sobre mim.” O
Senhor Jesus citou esse versículo quando purificou o templo, expulsando
os cambistas que trataram o santuário de Deus e a adoração do seu povo
com desrespeito vergonhoso. Há muito tempo que sinto um peso semelhante
em resposta às formas deploráveis com que o Espírito Santo é caluniado,
maltratado e mal-interpretado por muitos dentro dos círculos
carismáticos.
É um triste toque de ironia que aqueles que afirmam
estar mais focados no Espírito Santo sejam, na realidade, são os que
mais o ofendem, entristecem, insultam, deturpam, extinguem e desonram.
Como fazem isso? Atribuindo-lhe palavras que ele não disse, atos que ele
não realizou, fenômenos que ele não produz, e experiências que não têm
nada a ver com ele. Eles ousadamente fixaram o nome dele naquilo que não
é sua obra. Na época de Jesus, os líderes religiosos de Israel,
blasfemando, atribuíram a obra do Espírito Santo a Satanás (Mateus
12:24). O movimento carismático moderno faz o inverso, atribuindo a obra
do Diabo ao Espírito Santo. Os exércitos de Satanás de falsos mestres,
marchando ao ritmo de seus próprios desejos ilícitos, propagam seus
erros de bom grado.
Eles são vigaristas espirituais,
malfeitores, trapaceiros e charlatães. Podemos ver um desfile
interminável deles simplesmente ligando a televisão. Judas os chamou de
nuvens sem água, ondas bravias e estrelas errantes, “para as quais estão
reservadas para sempre as mais densas trevas” (v. 13). No entanto, eles
afirmam ser anjos de luz, ganhando credibilidade para suas mentiras
invocando o Espírito Santo, como se não houvesse nenhuma penalidade a
pagar por esse tipo de blasfêmia. A Bíblia deixa claro que Deus pede
para ser adorado por quem ele realmente é. Da mesma forma que ninguém
pode honrar o Pai a não ser que o Filho também seja honrado, é
igualmente impossível honrar o Pai e o Filho enquanto se desonra o
Espírito. No entanto, diariamente, milhões de carismáticos oferecem
louvor a uma imagem evidentemente falsa do Espírito Santo.
Eles
se tornaram semelhantes aos israelitas de Êxodo 32, que obrigaram Arão a
modelar um bezerro de ouro, enquanto Moisés estava ausente. Os
israelitas idólatras alegaram estar honrando ao Senhor (vv. 4-8), mas,
ao invés disso, estavam adorando uma falsificação grotesca, dançando em
torno dela com um descontrole desonroso (v. 25). A resposta de Deus à
desobediência foi rápida e severa. Antes que o dia terminasse, milhares
foram condenados à morte. Esta é a questão: não podemos dar a Deus a
forma que gostaríamos. Não podemos moldá-lo à nossa própria imagem, de
acordo com as nossas próprias especificações e fantasias. No entanto,
isso é o que muitos pentecostais e carismáticos têm feito. Eles criaram a
sua própria versão do bezerro de ouro para o Espírito Santo. Jogaram
sua teologia no fogo da experiência humana e adoraram o falso espírito
que surgiu, desfilando diante dele com gestos estranhos e comportamento
desenfreado. Enquanto movimento organizado, eles têm persistentemente
ignorado a verdade sobre o Espírito Santo e, com uma temerária
liberdade, criada um falso espírito na casa de Deus, desonrando a
terceira pessoa da Trindade, no próprio nome dela.
Fonte: Não Há Heresias
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