Dou graças a Deus que, em meio aos nossos dias confusos, corridos, de
cada vez menos profundidade intelectual e mais conformidade como que
está estabelecido (stablishment), além do declínio espiritual e moral, como em todos as eras históricas, há sempre os contrafluxos.
Estes
são movimentos, ainda que esporádicos, que se insurgem contra o geral.
Há um retorno perceptível quanto à busca pela essência mesma da
Teologia, a partir dos principais expoentes, desde aqueles a quem os
estudiosos chamam de patrísticos (pensadores dos séculos II ao V
depois de Cristo); os medievos (séculos VI ao XVI depois de Cristo) e
os modernos, cuja história se mescla à Reforma Protestante. E não
somente aí, mas nos movimentos pós-reformadores missiológicos e
missionários, chegando enfim aos novos apologistas cristãos, a maioria
mais filósofos do que efetivamente teólogos.
Nesta era de escassez
teológica, de muitos minimalismos e de um pragmatismo alarmante, ver
aqui e acolá uma discussão séria acerca, por exemplo, do entendimento
bíblico-histórico da Trindade, ou da essência do pecado, ou mesmo da
Igreja em si, é um bálsamo e um alívio acalentador, que nos ensina que
nem tudo está perdido. As discussões à la redes sociais e blogs
que parecem restringir-se à indiferença doutrinária neopentecostal e
uma (não sei até que ponto legítima) defesa da fé por parte de grupos
que parecem existir apenas para falarem mal dos neopentecostais, tornou-se algo sufocante na Internet.
E
digo isto porque é perceptível como as pessoas querem mais. Querem mais
do que mera informação, mas uma informação que, em suas mentes, faça
sentido e fundamente racionalmente sua fé. A fé racional, uma exigência
que está na cerne mesma do Critianismo, não é mais tão amplamente
confundida com fé racionalista – ou algo que lembre “frieza”, “descompromisso”, “letargia”.
O
avanço do comprometimento de pessoas e instituições com o crescimento
espiritual e intelectual da Igreja, ainda que pontual, se comparado a
tudo o que se instalou no evangelicalismo atual, parece fazer-se cada
vez mais notabilizado. Mais e mais pessoas inconformam-se com fórmulas
prontas, anti ou extrabíblicas, práticas religiosas sem sentido e/ou o
mero “academicismo” cristão.
Incrivelmente, na chamada pós-modernidade,
enquanto se vive e se cultiva a experiência pela experiência, o
subjetivismo extremado, o sujeito social (e todo o seu relativismo) como
um padrão para interpretar o próprio sujeito social, surge e cresce o
contrassenso, a via do meio, a força de movimentos que, ainda
que pontuais, marcam-se pela vontade efetiva de crescimento do Reino de
Deus através de ações supra ou interdenominacionais, como encontros de
estudos bíblicos, escolas de teologia e filosofia cristãs, comunidades
virtuais que debatem tudo sem o rigorismo moral meramente litúrgico.
Creio
que temos, como um povo (o povo de Deus) ainda muito a avançar.
Incrivelmente, agora estamos dando os primeiros passos para uma classe
evangelical pujante e com potencial de efetivamente influenciar a
sociedade que a cerca. Não que não tivéssemos isto no passado, mas é
inegável que, ainda que produzíssemos bons movimentos (missionários,
avivalistas ou teológicos de um modo geral), precisávamos de um
sentimento de coesão, afim de que os ações genuinamente conservadores
atuais identificassem-se mutuamente, não disputando e destruindo-se por
coisas pífias, “doces de crianças” teológicos e que estivessem prontas
àquela que, ao meu ver, será uma última e decisiva onda de apostasia que
culminará com a extinção da expressão religiosa humana (não somente
“cristã), como nos prediz 2 Ts. 21:1-4.
Graças a Deus que também
cresce a consciência do que se nos foi legado pelo apóstolo Paulo, a
partir do ensino epistolar de Efésios, 6. Neste texto, é-nos dito que
“nossa luta não é contra carne o sangue, mas contra principados e
potestades”.
Há muito lido e negligenciado, este texto – e
permita-me dizer, principalmente após a força do avanço do movimento
Pentecostal – vem sendo gradativamente estudado, analisado com os
diversos modus operandi existentes e os cristãos evangélicos
tem se levantado contra a letargia espiritual que nos dominou tempo
demais. Nossas discussões e debates especulativos podem até ter seu
lugar ao sol, mas a vitalidade do Cristianismo não está em uma mera
tentativa de aliar Teologia à Filosofia, ou à Antroplogia, ou à
Sociologia ou reduzi-lo à Liturgia; ou compor uma Dogmática sólida,
baseada neste ou naquele catecismo; muito menos em práticas esdrúxulas de sincretismo religioso com efeitos duvidosos.
Nada disso! A força do Cristiansimo está em os cristãos viverem como
Jesus Cristo, ao ponto de puderem ter legitimado mais uma vez o uso do
título “cristãos”, como em Antioquia, conforme nos diz o Livro de Atos,
ainda no século I depois de Cristo.
Fonte: gospelprime
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