“Apanhai-me as raposas, as
raposinhas, que devastam os vinhedos, porque as nossas vinhas estão em flor”
(Ct 2.15), essas são palavras de Salomão a respeito daquilo que pode destruir
uma vinha.Se entendermos a nossa vida como uma vinha seremos cônscios de que
esse texto infelizmente pode se aplicar
totalmente a nossa geração.
A pecaminosidade está banalizada a
tal ponto, que não há mais vergonha pelos pecados cometidos. Se olharmos para a
nossa história recente e fizermos a seguinte pergunta: “quando foi a última vez
que saímos dos nossos cultos aos prantos em virtude dos nossos pecados e por
termos sido quebrantados pelo Santo Espírito de Deus?” A resposta chega a ser
dantesca. Ao que nos parece, não há mais confissões de pecados em nossos
cultos. Há um ensino distorcido que os pecados que devem ser confessados são
aqueles que chocam e/ou que causam situações vexatórias. Se não houve um
adultério, um grande roubo, e/ou, na pior das hipóteses, um atentado contra a
vida de alguém, então não houve pecado para que seja necessário uma confissão e muito menos arrependimento.
Pelo que podemos observar essa é a prática adotada hoje na maioria das igrejas.
O texto de I João 1.9, “Se
confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados
e nos purificar de toda injustiça”, ao que parece só se aplica unicamente aos
casos dos grandes pecados, porém estamos nos esquecendo das raposinhas que
podem devastar toda uma vinha.
Em
seu livro, Pecados e Pecadinhos, o
Dr. Russell Shedd faz uma analise de uma série de pecados que deixamos
passar
com tanta facilidade que, sem que percebamos, nos torna insensível à voz
do
Santo Espírito e acaba por nos afastar de Deus. Em nossa insensibilidade
culpamos
de A a Z . Culpamos a Deus que parece que não quer mais falar conosco,
quando na realidade somos nós que por conta dos nossos pecados nos
distanciamos Dele. Culpamos
o diabo, pois ele já é mentiroso e homicida desde a eternidade. É mais
fácil
condenar e repreender a ação do diabo em nossas vidas, do que
reconhecermos que
somos pecados e que carecemos desesperadamente da graça de Cristo Jesus
em
nossos corações.
Os discursos que saem hoje dos púlpitos
das igrejas são humanistas e antropocêntricos e só massageiam o ego dos
ouvintes, que ao final de uma preleção recheada de uma verborragia emotiva e de
vários versículos fora dos seus contextos são convidados a aceitarem a Jesus
como salvador. Tais conversões estão longe de serem verdadeiras e cristocêntricas.
São conversões por conveniência. Os “convertidos” só ficarão nas igrejas enquanto
se sentirem bem ou abençoados.
As mensagens de hoje não mais
denunciam os pecados dos homens e nem expressam uma real necessidade de que
tais homens se arrependam, e assim confessem seus pecados, antes elas promovem
uma salvação sem que haja necessidade de arrependimento e perdão de pecado sem
a confissão dos mesmos. Nada poderia está mais longe da realidade bíblica.
Retornamos, então, ao texto de
Cantares de Salomão que nos exorta que devemos apanhar as raposas sem que nos esqueçamos
das raposinhas, pois estas devastam toda uma vinha. As pregações de hoje só
condenam os grandes pecados, mas daí nos vem a seguinte a indagação: “Para Deus
a pecado pequeno e pecado grande?” O que a Bíblia nos mostra é que, pecado é
pecado e ponto final. Tanto faz que matemos, roubemos ou tão somente que
cometamos um simples ato de desobediência, para Deus tais coisas são pecados e
que não podem ficar impunes.
As raposinhas vão penetrando em
nossas vidas e corações e por fim se entronizam em nosso viver a tal ponto que
nos tornamos seus reféns e isso é algo terrível, pois nos impede de crescermos
na graça e no conhecimento.
As raposinhas podem assumir quaisquer
formas. Podem ser o mau hábito de colar nos trabalhos escolares, amizades
errôneas, atos furtivos de desobediência aos pais, relações amorosas com
descrentes, calúnias e falsos testemunhos, arrogância, orgulho, soberba,
guardar ira, fomentar intrigas, e tantas outras cousas se enquadram nesse
contexto e que as ignoramos por não serem “grandiosas”. Essas raposas nos roubam o tempo que teríamos
que dedicar à estarmos na presença do Nosso Pai Celeste, nos tira dos cultos
das nossas igrejas e da comunhão com os nossos irmãos. Com o passar do tempo,
não temos nem mais prazer em meditar nas Escrituras, pois precisamos alimentar
as nossas raposinhas. E ainda pousamos de santos, e batemos no peito e
bradamos: “não roubo, não mato e nem faço outras coisas desse gênero, então não
sou tão pecador assim”, esse discurso é fruto de um coração endurecido, de uma
mente embotada e corrompida pelo pecado a ponto de causar tamanho grau de
cegueira espiritual que não enxergamos que estamos mortos e distantes, muito
distantes de Deus e de sua graça.
Somos uma geração mimada e cheia de
gostos duvidosos, pois coamos um mosquito e nos engasgamos com um camelo (Mt
23.24). Deveríamos andar na contramão do mundo, mas não tem sido essa a nossa
prática, antes temos permitido que o mundo adentre em nossas igrejas por conta da
nossa conduta, e assim cada vez mais nos assemelhamos ao mundo e nos
distanciamos de Deus.
Porém Deus em seu rico e imerecido
amor no convoca a Ele: “Ainda assim, agora mesmo, diz o Senhor: ‘Convertei-vos
a mim de todo o vosso coração; e isso com jejuns, com choro e com pranto. Rasgai
o vosso coração, e não as vossas vestes, e convertei-vos ao SENHOR vosso Deus,
porque ele é misericordioso, e tardio em irar-se, e grande em benignidade... ’”
(Jl 2.12-13)
Que sejamos sóbrios e vigilantes para
que não permitamos que as raposas e raposinhas devastem as nossas vidas com
Deus!!!
Que Deus tenha misericórdia de nós e
nos ajude!!!
Soli Deo Gloria!!!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
COMENTÁRIOS