Uma das características mais marcantes para mim nos tempos atuais da
igreja evangélica em nosso país, é o descrédito crescente que vem
tomando conta na cabeça de muitos com relação à igreja.
Isso tem
se dado em face de sucessivos escândalos, principalmente de corrupção,
abusos de pastores gananciosos que querem enriquecer se valendo da
heresia da Teologia da Prosperidade, manipulação de fiéis, em suas
fraquezas emocionais, etc.
Chegou-se a um nível tal de
desesperança que hoje já temos uma situação inimaginável até há pouco
tempo atrás: comunidades para cuidar dos “desigrejados”, ou seja,
aqueles que dizem continuar cristãos, porém, sem qualquer vínculo com
igrejas, já que se sentem feridos e amargurados (muitos com razões) com
as igrejas que pertenciam.
Porém, tenho visto em alguns locais
como estes que cito, uma impressionante empáfia de muitos ali como se
agora tivessem se tornado “cristãos de 1a classe”, “mais evoluídos”,
passando um tempo absurdo, falando mal do que rotulam de “circo gospel”.
E
aí, a pergunta que aparece na cabeça de muitos é: Eu preciso estar
dentro de uma igreja? Ainda que eu esteja certo de que ninguém é salvo
por pertencer a uma igreja X ou Y, eu poderia dar uma resposta singela a
esta pergunta, apenas citando o que o autor da Carta aos Hebreus diz,
ao condenar claramente a atitude de indivíduos que deixam de congregar,
porque negligenciam seu papel importante na edificação mutua (Hebreus
10:23-27).
Ademais, há outras passagens bíblicas que exigem a
participação em reuniões da igreja, como para participar da Ceia do
Senhor (1 Coríntios 11:17-34), resolver questões de pecado na
congregação (1 Coríntios 5:4-5), juntar ofertas (1 Coríntios 16:1-3;
Atos 4:36-37; 5:1-2).
Porém, pessoalmente, nunca gostei de gente
que apenas cita versículos bíblicos para justificar o que devemos ou não
fazer, ou apenas invoca que aquilo é um PECADO, se não cumprirmos com o
que está escrito, em tom muitas vezes meramente moralista e sem nenhum
amor na exortação.
Isto porque, sempre pensei que muito mais
importante do que citar versículos é a pessoa tomar consciência de que
aquilo que a Bíblia traz é o melhor para sua caminhada por este mundo,
do que simplesmente impor uma espécie de “dogma”, que se encerraria
apenas na citação da passagem bíblica.
Neste sentido, é que eu
vejo como fundamental na vida cristã, o congregar em uma igreja. Quantas
e quantas vezes já me deparei ao longo da vida, quando estava pra
baixo, sem ânimo, e indo ao culto, ou participando do louvor, mesmo sem
nada aparentemente de especial, voltei renovado para casa, com outra
perspectiva, com uma alegria que não sentia há dias. É algo difícil de
explicar humanamente, com palavras simples, mas é o mover do Espírito
Santo.
Fora que não podemos esquecer que o Cristianismo é, por
excelência, uma fé relacional. E essa fé vem pelo ouvir das palavras, do
contato com os irmãos, que trazem testemunhos e que nos abençoam, ainda
que quando falo de relacional isso não se circunscreve à igreja, até
porque tem gente que é um dentro da igreja e fora é outro totalmente
irreconhecível para os demais irmãos de fé.
É claro que nas
igrejas sempre haverá picuinhas, desavenças, inveja, mas, muitas vezes o
que vai ser determinante ali para nós é a forma como vemos as coisas, a
começar se estamos ali mais para pertencer a um grupo social, para nos
sentirmos integrados, ou, se, de fato, estamos ali para adorar a Deus.
Se a igreja virou apenas um consolo, uma válvula de escape, para aplacar
a nossa solidão, há algo errado aí e que precisar ser refletido no
nosso interior.
Por outro lado, se nos negamos a ir a uma igreja, a
nossa tendência natural é da nossa fé ir se apequenando, esfriando ao
longo do tempo, ainda que não admitamos isso. E penso assim porque esse
mundo ele é pautado no materialismo, no apego à tríade “dinheiro, sexo e
poder”. Em um ambiente assim, é complicado a pessoa conseguir se manter
espiritualmente forte e com o foco em Jesus.
Concluo, esta
pequena reflexão no sentido de que Deus possa estar renovando o nosso
amor pela sua noiva, mas, ao mesmo tempo, dando-nos a consciência de que
até mesmo a igreja pode virar uma espécie de “ídolo” se o nosso
Cristianismo se resumir as quatro paredes ali, e não se externar em uma
fé que traga alento e uma palavra de esperança para esse mundo em que
estamos vivendo.
Por Leandro Bueno
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