Presidentes e representantes das igrejas evangélicas históricas
divulgaram no último dia 23 um pronunciamento se posicionando contra a
Proposta de Emenda à Constituição 287/2016, conhecida como a PEC da
Reforma Previdenciária. O documento foi assinado por várias entidades,
como a Aliança Evangélica Brasileira, Convenção Batista Brasileira
(CBB), Convenção Batista Nacional (CBN), Igreja Evangélica Luterana do
Brasil (IELB), Rede Evangélica Nacional de Ação Social (Renas), entre
outras.
Além de argumentar que a Reforma não condiz com a
realidade do país, pois não leva em conta a economia informal (falta de
registro em carteira), do subemprego e do desemprego, vivida por muitos
brasileiros, o documento finaliza conclamando os membros de suas igrejas
“a orar pelo bem de nossa nação e que Deus nos permita construir um
país em que justiça social e cuidado com os mais necessitados sejam
pauta permanente de nossas políticas públicas”.
Leia a seguir o pronunciamento na íntegra ou baixe aqui.
Pronunciamento
dos Presidentes e Representantes das Igrejas Evangélicas Históricas do
Brasil sobre a Reforma Previdenciária – PEC 287/2016
“O rei justo sustém a terra, mas o amigo de impostos a transtorna” Provérbios 29:4
Os
Presidentes e representantes das Igrejas evangélicas históricas do
Brasil, em virtude das propostas de mudanças no regime previdenciário
brasileiro contidas na Proposta de Emenda à Constituição – PEC 287/2016,
no cumprimento de seu dever profético e no exercício da fé cristã,
fazem o seguinte PRONUNCIAMENTO:
1 – O atual sistema
previdenciário brasileiro cumpre fundamental papel redistributivo e
realocativo de renda, sendo instrumento eficaz de combate à desigualdade
social e de segurança alimentar a uma parcela significativa de
brasileiros;
2 – Não obstante sua importância no combate às
desigualdades sociais, o atual sistema previdenciário apresenta
assimetrias e inequidades entre diversas categorias laborais, o que
requer revisão e ajustes para seu aperfeiçoamento;
3 – A
exigência de idade mínima de 65 anos para aposentadoria tanto de homens
quanto de mulheres e de um tempo mínimo de contribuição de 25 anos que,
na prática, requer 49 anos para aposentar-se com 100% dos proventos, é
injusta e não condiz com a realidade brasileira, porque:
3.1. As
mulheres, sabidamente, em nossa sociedade, exercem dupla jornada
laboral, trabalham cerca de 7,5 horas a mais que os homens, de acordo
com levantamento do IPEA, e não se podem ignorar as diferenças de
gênero;
3.2. Os trabalhadores mais pobres e sem qualificação, em
vista da economia informal (falta de registro em carteira), do
subemprego e do desemprego, jamais alcançarão 49 anos de contribuição
para fazer jus aos proventos de aposentadoria integrais;
3.3. Não
leva em consideração nossos graves desequilíbrios regionais e as
diferenças de expectativa de vida entre as populações das regiões mais
pobres em contraponto com as mais ricas.
4 – É injusta a
sistemática proposta de cálculos dos proventos e dos cálculos de pensão,
havendo a possibilidade de esses valores serem inferiores ao salário
mínimo;
5 – A elevação de idade para 70 anos para o Benefício de
Prestação Continuada afetará as camadas mais pobres da sociedade,
impedindo que os que mais precisam tenham acesso ao benefício;
6 –
É preciso que haja uma investigação profunda da aplicação dos recursos
arrecadados para sustentar a previdência e a seguridade social, que os
números reais da previdência sejam tornados públicos e que o Governo
construa mecanismos eficazes de cobrança dos altos valores devidos à
Previdência Social e reduza as desonerações fiscais concedidas aos
segmentos privados, em detrimento da saúde financeira do Estado.
Conclamamos
os membros que se reúnem em nossas Igrejas a orar pelo bem de nossa
nação e que Deus nos permita construir um país em que justiça social e
cuidado com os mais necessitados sejam pauta permanente de nossas
políticas públicas.
Rio de Janeiro, 23 de março de 2017.
Aliança Evangélica Brasileira.
CBB – Convenção Batista Brasileira.
CBN - Convenção Batista Nacional.
IECLB – Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil.
IELB – Igreja Evangélica Luterana do Brasil.
IPI – Igreja Presbiteriana Independente do Brasil.
IPU – Igreja Presbiteriana Unida.
RENAS – Rede Evangélica Nacional de Ação Social.
IMB – Igreja Metodista no Brasil.
IML – Igreja Metodista Livre no Brasil.
UIECB - União das Igrejas Congregacionais do Brasil.
Foto: Camila Domingues/ Palácio Piratini [Fotos Públicas]
Nenhum comentário:
Postar um comentário
COMENTÁRIOS