Em um país onde só 8% da
população declaram não seguir uma religião, os templos dos mais variados cultos
registraram uma arrecadação bilionária nos últimos anos. Apenas em 2011,
arrecadaram R$ 20,6 bilhões, valor superior ao orçamento de 15 dos 24
ministérios da Esplanada -ou 90% do disponível neste ano para o Bolsa Família. A
soma (que inclui igrejas católicas, evangélicas e demais) foi obtida pela
Folha junto à Receita Federal por meio da Lei de Acesso à Informação. Ela
equivale a metade do Orçamento da cidade de São Paulo e fica próxima da receita
líquida de uma empresa como a TIM. A maior parte da arrecadação tem como origem
a fé dos brasileiros: R$ 39,1 milhões foram entregues diariamente às igrejas,
totalizando R$ 14,2 bilhões no ano. Além do dinheiro recebido diretamente dos
fiéis (dos quais R$ 3,47 bilhões por dízimo e R$ 10,8 bilhões por doações
aleatórias), também estão entre as fontes de receita, por exemplo, a venda de
bens e serviços (R$ 3 bilhões) e os rendimentos com ações e aplicações (R$ 460
milhões). "A igreja não é uma empresa, que vende produtos para adquirir
recursos. Vive sobretudo da doação espontânea, que decorre da consciência de
cristão", diz dom Raymundo Damasceno, presidente da CNBB (Conferência Nacional
dos Bispos do Brasil). Entre 2006 e 2011 (último dado disponível), a arrecadação
anual dos templos apresentou um crescimento real de 11,9%, segundo informações
declaradas à Receita e corrigidas pela inflação. A tendência de alta foi
interrompida apenas em 2009, quando, na esteira da crise financeira
internacional, a economia brasileira encolheu 0,3% e a entrega de doações pesou
no bolso dos fiéis. Mas, desde então, a trajetória de crescimento foi retomada.
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