Nos dias atuais, assistimos a uma onda de rejeição por parte de muitos
evangélicos quanto à vida congregacional: é o fenômeno dos
"desigrejados". Eles dizem seguir o Evangelho, porém sem frequentar uma
denominação. Talvez sejam apenas uma versão evangélica do bom e velho
"católico não praticante"; talvez isto seja só uma desculpa para não
irem mais à "igreja"; talvez seja um monte de gente que resolveu chutar o
balde e viver como bem entender, mas talvez haja pessoas sinceras no
meio disso tudo, que realmente se cansaram dos, sei lá, 10% de Evangelho
diluídos em 90% de regras de homens. Todo caso, é bom notarmos que
problemas pessoais e falhas inerentes às instituições não são
justificativas para o "desigrejamento".
Eu particularmente me
considero um "desapegado" institucional. Não vou aos cultos por força de
um cargo nem vejo os dirigentes como meus "superiores" (no sentido
hierárquico do termo). Congrego ali mas não "sou" dali, o meu vínculo
não é com a denominação: eu trabalho em prol do Reino dos Céus,
inclusive lá dentro, mas não espero reconhecimento humano. Deste modo,
não abro mão da minha liberdade cristã, pois quem me julga é a Palavra
de Deus (Bíblia), mas também não deixo de me reunir em comunhão com
outros irmãos para louvar e adorar a Deus. Este é o posicionamento mais
maduro ao qual eu já cheguei acerca do delicado equilíbrio entre vida
espiritual e vida religiosa.
Creio que todos os que procuram
servir a Deus com sinceridade deveriam ser desapegados neste sentido, e
que esta é uma postura bem mais acertada do que simplesmente
"desigrejar". É preciso sim desapegar daquela visão corporativa de
igreja, com prédios todos parecidos, hierarquias, funções meramente
burocráticas, bajulações, etc., mas não é necessário "jogar o bebê fora
junto com a água suja". Se compreendemos que a Igreja são as pessoas, e
não os templos, então também devemos reconhecer que as pessoas são
imperfeitas e que, portanto, nenhuma "igreja" será perfeita, pois todas
elas são reuniões de pessoas, gente tão sujeita a erros quanto eu e
você. Deste modo, creio que argumentos como "falta de amor dos irmãos" e
"erros doutrinários" (a não ser heresias) não são válidos para alguém
deixar de congregar.
Não nos esqueçamos ainda de que a salvação
é individual: convém a cada um seguir a Cristo sem olhar para os lados.
Todavia, o culto a Deus é coletivo. Não fosse assim, Jesus não teria
enunciado em Mateus 18:20 um princípio de reunião: "onde se reunirem
dois ou três em meu nome, ali eu estou no meio deles". Isto posto, eu
gostaria de finalizar deixando algo para os nossos queridos amigos
"desigrejados" refletirem: Jesus escolheu apenas 12 homens para serem
seus apóstolos, sendo que dentre eles um o traiu, outro o negou três
vezes e o outro duvidou da Sua ressurreição. E, mesmo assim, Jesus não
desistiu da Igreja...
Isaías Medeiros
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