
Na primeira vez que a palavra igreja
é mencionada no Novo Testamento, ela vem dos lábios de Jesus. Para um
grupinho de apóstolos, ele declarou: “eu edificarei a minha Igreja, e as
portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mateus 16.18). Com
essas palavras, Jesus definiu um rumo para mudar o mundo. O erudito do
século 20 Alfred North Whitehead uma vez sugeriu que o desenvolvimento
do pensamento ocidental é uma série de notas de rodapé em Platão.
Enquanto a proeminência do famoso filósofo grego é inegável, a asserção
de Jesus chega ainda mais longe. Toda a história do mundo é um
desenvolvimento da afirmação de Jesus sobre construir a igreja dele em
território hostil.
Algumas observações sobre os comentários de Jesus são dignas de serem consideradas. Em primeiro lugar, Jesus prometeu edificar a sua igreja. Em seu nível mais básico, a igreja representa uma reunião de pecadores comprados por sangue, os quais pertencem a Jesus.
Algumas observações sobre os comentários de Jesus são dignas de serem consideradas. Em primeiro lugar, Jesus prometeu edificar a sua igreja. Em seu nível mais básico, a igreja representa uma reunião de pecadores comprados por sangue, os quais pertencem a Jesus.
Em segundo lugar, a edificação da igreja
é plano de Deus, cristalizado na Grande Comissão, para a salvação do
povo dele através da história e ao redor do mundo. Em terceiro lugar, a
igreja existirá em meio a uma impiedade inimaginável, tanto dentro
quanto fora de suas fronteiras. Mesmo assim, nenhum poder das trevas –
heresia ou pessoas endiabradas, morte ou divisão, pecado ou Satanás –
será capaz de atingi-la. A vitória final já foi assegurada para a igreja
de Cristo na morte e ressurreição de Jesus.
Dado que Jesus é o dono, edificador e
defensor da igreja, os seguidores de Cristo são deixados com uma
pergunta fundamental: o que deve ser a marca distintiva dos cristãos
quando eles se reúnem para adorar ao Deus triúno, levar o trabalho das
atividades ministeriais cotidianas e se engajar nas dificuldades da
apologética e evangelismo? Elaborado de forma sucinta: como, então, nós
devemos viver como a igreja de Cristo?
Uma resposta pode ser encontrada no
Discurso da Sala Superior, no evangelho de João. Logo depois da saída de
Judas para trai-lo, Jesus oferece uma exortação de despedida aos
discípulos exauridos dele, a fim de prepará-los para a sua crucificação:
“Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu
vos amei, que também vos ameis uns aos outros. Nisto conhecerão todos
que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros” (João
13.34-35). Para vencer um mundo vandalizado pela traição e pela morte,
Jesus direciona os seguidores dele a amar uns aos outros. À primeira
vista, o chamado de Jesus para amar pode soar oco. Em nossos dias, o
amor é influente, mas impotente. Tristemente, muitos pensam no amor em
termos de gratificação de si mesmo ao invés de sacrifício de si mesmo.
Para eles, o amor é apenas um sentimento que deve ser protegido e
acomodado. Como um resultado disso, amor em nossa cultura é uma
comodidade para ser usada, não um compromisso para ser cultivado. Para
Cristo, entretanto, amor é mais do que palpitações caprichosas.
Num sentido, não há nada novo sobre o
mandamento de Jesus. Antes, em Levítico 19.18, o povo de Deus foi
instruído a amar os seus próximos. O que é novo não é princípio, mas o
paradigma. Nós iremos nos amar um aos outros, Jesus disse, “assim como eu vos amei”.
O amor sacrificial de Jesus, mostrado na cruz, é o padrão pelo qual nós
iremos nos amar uns aos outros. Isso não significa que nós devemos
literalmente ser crucificados para amar nossos irmãos e irmãs em Cristo.
Mas isso significa que nós devemos considerar os interesses deles acima
dos nossos próprios (Filipenses 2.3-8). Na medida em que o amor
centrado em Cristo definir nossas igrejas, o mundo que nos assiste irá
medir a credibilidade de nosso testemunho. Não obstante isso, Jesus
afirma mais à frente que o mundo irá julgar a veracidade do evangelho
baseado em nosso amor uns pelos outros (João 17.20-23). Se o novo
mandamento de Jesus resume suas ordens, então o oposto das palavras dele
é verdade também. Nossa falha em amar terá um impacto direto em nossas
congregações. Se nós não mostrarmos uns aos outros o amor de Cristo, o
mundo não irá saber que nós somos discípulos dele; e, ainda mais
sobriamente, eles não conhecerão o amor de Deus no evangelho. Como o
falecido Francis Schaeffer corretamente afirmou: se visível, o amor como
o de Cristo é a apologética final. Se falarmos nas línguas dos homens e
apologistas, mas não tivermos amor, nossas igrejas vão soar como gongos
barulhentos e címbalos que retinem (1Coríntios 13.1). Sem o amor de
Cristo, por que o mundo ouviria o testemunho da igreja?
O amor é a grande marca da igreja. Nosso
amor uns pelos outros demonstra que nós somos discípulos de Cristo e
mostra ao mundo o amor de Deus em Cristo. Enquanto a fé cristã é
objetivamente verdadeira, independentemente de quão bem sigamos o
mandamento de Cristo, devemos lembrar que o mundo frequentemente mede as
afirmações de verdade do cristianismo pelas vidas dos cristãos
professos. Quando falhamos em amar (e iremos), nós devemos também
lembrar que Cristo não edifica a igreja dele por nossa causa, mas apesar
de nós e também através de nós. O grande testemunho da igreja é que
“Deus prova o seu amor para conosco, pelo fato de ter Cristo morrido por
nós, sendo nós ainda pecadores” (Romanos 5:8). Se isso é verdade (e é),
talvez uma pergunta melhor para fazermos é: “como, então, nós devemos
amar?”.
Fonte: Voltemos ao Evangelho
Fonte: Voltemos ao Evangelho
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