O mundo ficou horrorizado quando o grupo terrorista nigeriano Boko
Haram sequestrou 276 adolescentes que estudavam em uma escola cristã na
cidade de Chibok. Isso foi em 2014, mas recentemente foi divulgado um
vídeo mostrando que todas estão islamizadas e a maioria se tornou escrava sexual. Nas imagens, algumas aparecem com filhos pequenos no colo. O assunto voltou a ser pauta da imprensa.
De
fato, o empobrecido norte da África recebe menos atenção da mídia que
os conflitos no Oriente Médio, mas o Boko Haran hoje é a face mais
mortal do Estado Islâmico, a quem jurou lealdade. O
novo líder dos extremistas nigerianos, Abu Masab el Barnaw foi apontado
pelo EI e ao assumir, avisou que a prioridade deles é “matar todos cristãos e queimar todas as igrejas“.
O Wall Street Journal (WSJ)
publicou uma extensa matéria-denúncia, dando conta que os jihadistas
sequestraram mais de 10.000 meninos nos últimos três anos na Nigéria e
no Camarões. Seguindo o modelo do EI, as crianças são forçadas a se
converter ao Islã e recebem treinamento militar. Muitos são órfãos de
pais e mães cristãos mortos nos ataques do Boko Haran às aldeias do
interior.
O relatório investigativo dá conta que esse novo
exército é formado por meninos com idade entre 7 e 17. Existem campos de
treinamento para essas crianças-soldados. Os instrutores também são
dessa faixa etária. Segundo o WSJ, “O que está acontecendo no nordeste
da Nigéria é parte de um inquietante endurecimento do jihadismo
infantil. Todos eles estão sendo doutrinados para aceitar o
fundamentalismo violento e participar de combates contra adultos. Há
entre eles futuros homens-bomba e espiões”. Muitos são espancados quando
desobedecem e alguns morreram de fome ou sede para servir de exemplo
aos outros.
O jornal vai além, lembrando que as facções da Al
Qaeda no Iêmen, Somália e Mali também estão usando crianças como
soldados. Até agora a ONU não tomou nenhum tipo de atitude em relação a
isso.
Meninos-bomba com 6 anos de idade
O WSJ entrevistou
16 jovens nigerianos que escaparam das mãos do Boko Haram. O que eles
descrevem é um cenário de horror, pois em alguns casos, os meninos são
enviados para a batalha sem armas e sob o efeito de drogas. Eles
funcionam como escudos-humanos.
A parte mais terrível do
testemunho de quem viveu essa realidade é a descrição das execuções. “Os
soldados nos disseram ‘Está tudo bem se você matar, mesmo que sejam os
seus pais'”, narra Samiyu, uma dessas testemunhas vivas da barbárie. Ele
viu um jovem ser decapitado por outro no primeiro dia de seu cativeiro.
O tempo todo os meninos ouvem que precisam obedecer as ordens de acabar
com os infiéis “para chegarem ao céu”.
Fatima, 20, uma das poucas
meninas que vivem nesses acampamentos, explica que em cada um vivem
cerca de mil pessoas. Alguns poucos adultos supervisionam tudo com mão
de ferro. “Você pode ver crianças de 12 anos falando sobre queimar
aldeias”, disse ala ao WSJ.
Há relatórios de ações do exército
nigeriano, que prendeu 34 terroristas-mirins, com idades variando de 9 a
15. Muitos deles receberam algum dinheiro e um galão de gasolina. Sua
tarefa era incendiar suas escolas, o que condiz com o nome do grupo. Na
língua local, Boko Haram significa: Educação não islâmica é pecado.
Felicité
Tchibindat, que dirige a operação da Unicef em Camarões, disse crianças
a partir dos seis anos foram treinadas para carregar bombas em mercados
e mesquitas. Segundo explica, eles não chamam atenção e por isso
conseguem praticar atentados terroristas com mais facilidade.
Já
Mausi Segun, pesquisador da ONG Human Rights Watch acredita que “dessa
geração inteira de meninos desaparecidos, a grande maioria vai morrer no
conflito”.
Fonte: gospelprime
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