Até 2008, o conjunto de seis blocos da Rua Santa Clara 431, em
Copacabana, era conhecido como Condomínio do Medo. Os edifícios ficavam na linha
de tiro nos confrontos entre traficantes da Ladeira dos Tabajaras e a polícia.
Em 2009, com o início da pacificação das favelas da região, o quadro mudou.
Hoje, moradores se referem ao condomínio pelo nome verdadeiro: Mirante de
Copacabana, bairro onde a Polícia Militar não disparou sequer um tiro em 2012.
Para especialistas, este é um dos reflexos da implantação das Unidades de
Polícia Pacificadora (UPPs), iniciada em 2008. Desde então, os batalhões da PM
responsáveis pelo policiamento em Copacabana e nas regiões de Botafogo, Olaria e
Grande Tijuca reduziram vertiginosamente o uso de munição por suas tropas:
100.430 balas deixaram de ser disparadas, de acordo com levantamento feito pela
corporação a pedido da Secretaria de Segurança. Desse total, 74.782 são de
fuzil. O Complexo do Alemão, que já foi considerado uma das mais violentas
regiões da cidade, também se beneficiou desses bons ventos. Em 2010, antes da
ocupação do Alemão, foram registrados 23.335 disparos feitos por armas da PM. No
ano seguinte, já se percebia o resultado do processo de retomada do território
pelo Estado: a PM gastou 4.244 balas. Em 2012, a queda continuou: 2.395 tiros
foram disparados. Em dois anos, levando-se em conta o número de disparos feitos
no ano anterior à pacificação do Alemão, os policiais militares do batalhão de
Olaria deixaram de fazer 40.031 tiros. Os números envolvendo balas perdidas
também refletem a redução de disparos nas ruas. Em 2008, 181 pessoas foram
atingidas na capital, e no ano passado, 35. Ou seja: 81% a menos, de acordo com
dados do Instituto de Segurança Pública (ISP).
Nenhum comentário:
Postar um comentário
COMENTÁRIOS